sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Medo I - Capítulos 14 ao 20


CAPÍTULO 14

- Onde elas estão, ein??? – ele quase ataca Amanda.

- Que é isso, meu filho?? – Nieve e Melanie tentavam salvar a amiga da fúria daquele rapaz.

- Justin... – Josh acalmou o amigo.

- Que foi, meu rapaz!? – Amanda, se livrando das mãos de Justin, perguntou.

Ele, sem paciência, foi colocando o assunto, irritando as garotas.

- Onde elas estão??? Onde está a Luanna???

- E eu lá sei!!!

- Onde??? A Britney... onde ela está!????

- Não sabemos... gente!!! – Nieve reclamava.

- Esperem... – Amanda falou, calando a todos.

- O que foi!? O que é, Amanda?? – Melanie ficava nervosa ao ver a amiga branca, começar a ter uma visão.

Aqueles dois rapazes estavam sem paciência. Josh segurava Justin decidido a esperar pelo que Amanda tinha pra dizer, seja lá o que ela estivesse vendo. Mas notou que era algo diferente que ela sentia, até as amigas sentiram isso. Algo que ligava Amanda àquele grupo de amigos notáveis do colégio onde estudavam.

- Simples... – Justin tentava justificar a sua raiva naquelas garotas diferentes.

- Justin... ela está bem!! Ela está bem! – Amanda dizia.

- Josh! – Justin pedia para o amigo soltá-lo, apontando com a cabeça para os braços.

Obedecendo, Josh observava as outras duas garotas de preto, aflitas. Claro que elas não diriam o porquê.

- Ela... – Amanda continuava.

- O que, Amanda!? O quê??? – Justin já queria saber do resto.

Todos ali foram assustados pelo celular de Josh, tocando a marcha fúnebre. Brincadeira de mal gosto de Chris naquela hora. Ele atendeu. Era Christina.

- Josh... a Luanna me ligou agora!!! Ela está bem! E a Britney também!

***

Os dois amigos dirigiam como loucos para chegar à delegacia. Lá dentro estava uma tensão só. Nick estava nervoso e aflito. Jessica tentava conforta-lo, mas ele estava uma pilha, talvez sentindo a responsabilidade de ser o mais velho da turma.

Reclamavam da demora do delegado para vê-los, com medo do perigo que corriam. Jully e Christina sentavam próximas a porta onde Nick e Jessica estavam escorados. Joey acalentava as duas enquanto esperavam Luanna e Britney aparecerem. A porta dava acesso à sala do delegado. Chris e Diego pediam café na cantina próximo de onde os amigos estavam.

Justin e Josh chegaram apressados, preocupados com as duas “sumidas” da turma. Chris e Diego encontraram com eles na porta.

- E então?? – Josh perguntou a Diego.

- Ainda não viram a gente!! Parece... – Diego falou, ironicamente. – Parece que estão fazendo pouco do que dissemos!!!

- E as meninas??? – Justin foi logo perguntando, querendo saber se Luanna já tinha chegado com Britney.

- Nada ainda!! Estão demorando muito pra chegar aqui!! – Chris respondeu.

Os quatro foram para próximo dos outros. O delegado enfim abriu a porta, chamando-os.

- Bom, agora vou poder vê-los!!! – ele apontou para eles.

- Ah... até quem fim!!! – Nick quase reclama com ele.

- Mas... não vai entrar todo mundo na minha sala não!! – ele barrou Christina e Diego.

- Tá... – Nick voltou, apontando para os amigos. – Diego, fica aqui com as meninas e Chris. Eu vou entrar com o Josh, o Justin e o Joey!

- Tudo bem... – Jessica beijou-o nos lábios, docemente.

- Tudo bem com você?? – Joey perguntou a Christina, percebendo sua carinha de desconcertada.

- Tudo bem... – Christina repousou a cabeça na mão de Joey, que acariciava lentamente sua face.

- Então vamos!! – Joey já estava gostando daquele carinho.

- Espera!! Vou ficar aqui esperando Britney e Luanna! – Justin decidiu-se.

- Tudo bem! Vamos! – Joey ainda olhava para Christina quando o delegado fechou a sala. Sentiu aquele calor surtindo efeito dentro dele.

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CAPÍTULO 15

O delegado continuava com a face risonha ao ouvir o que Nick dissera.

- O senhor entendeu o que eu disse???

- Claro que sim, meu jovem!? Só que...

- Mas eu não entendo é por que você está com esse sorriso tão bonito na cara, enquanto nós estamos aqui, amedrontados! – Josh reclamou.

- Você viu o estado daquelas garotas, delegado??? – Joey ainda lembrava-se do rostinho de Christina.

- Mas... é o que vocês não entenderam ainda, meus jovens!! – o delegado parou aqueles jovens, senão não falaria nunca.

- Mas...

- Meu jovem... – ele parou, ainda calmo, a mão de Nick na mesa. – Deixe-me explicar uma coisa!! Sabem que dia é hoje?? – ele perguntou, apoiando-se no braço da cadeira, encostado na grande mesa que suportava toda a papelada que ele amontoava.

- Ah... – Nick quase riu ao perceber o dia que estavam. Era o dia que “ele” disse que seria o fim.

- Estamos no domingo de Halloween... – ele suspirou, como se o feriado fosse um “mau presságio” de alguma coisa.

Os outros jovens apenas olhavam para ele, curiosos para saber o que queria dizer aquele homem tão ocupado.

- Sabem o que é que jovens como vocês... – ele mediu as palavras antes de falar daquela juventude transviada. – Sabem o que jovens baderneiros gostam de fazer diante de um feriado como esses??? – ele continuou, com palavras melhores.

- Tudo bem... – Josh suspirou um pouco irritado. – Sabemos que há festas proibidas, drogas. Mas o que tem a ver com o fato de estarmos sendo ameaçados por alguém. Alguém que não mede esforços para trucidar animais e nos assustar dessa maneira!??? – ele tentava ser o máximo educado possível.

- Meus jovens... – o delegado colocou na frente deles o bilhete malcheiroso que Nick trouxera da casa de Diego. – Vocês têm idéia de quantos desses nós recebemos nesses feriados??

Aquilo quase fez Joey e Josh rir.

- Mas o... – Nick falou, sendo interrompido por ele.

- Nesses feriados... a diversão desses garotos é nos mandar isso... ou mandar pras outras pessoas, assustando todo mundo!!!

- Mas o nosso caso é diferente, delegado! No... – Josh foi interrompido por ele.

- Mas ainda não acreditam em mim? – o delegado parou aqueles jovens atordoados.

Ele abriu uma pequena gaveta atrás da grande mesa, numa espécie de estante de metal, onde tinha alguns arquivos que pareciam importante. De lá tirou alguns papelotes, colocando em cima da mesa, próximo ao bilhete nas mãos de Joey.

Os jovens se assustaram. O delegado tirou de dentro do papelote centenas de bilhetes parecidos com o que eles trouxeram. Alguns, inclusive, cheiravam como sangue.

***

Os garotos saíram dali tão logo quanto Justin caminhava para bater na porta. Os outros acompanharam os amigos. Nick se despedia, apertando a mão do delegado. As meninas quiseram saber o que tinha acontecido. Todos estavam misturados à tensão e mal estar daquela delegacia.

Foi na hora em que Luanna apareceu na portaria da delegacia. Procurava os amigos, preocupada. Alguns policiais olharam, querendo perguntar o que queria uma garota tão linda como aquela numa delegacia. Um deles se aproximou, com cara de interessado.

- Pois não, moça? – ele se direcionou para ela.

- Por favor, onde... – Luanna ia começar a perguntar quando viu Justin no fim daquele corredor longo, na porta da sala do delegado. Ele também a viu, e já vinha na direção dela.

- Luanna... – ele a abraçou, preocupado.

- Justin... – ela se deliciou com o abraço vigoroso do amigo.

- Onde... – Justin percebeu a cara de decepção dos policiais. – Onde está a Britney?? – ele a levou para longe daqueles gaviões.

- Está lá fora, estacionando o carro!! O que houve!? A gente veio o mais rápido que pôde, mas o trânsito estava infernal!!!

- Vem... vamos todos pra casa do Josh! – Nick saía, liberando a delegacia daqueles jovens transviados.

***

Na casa de Josh, todos estavam esperando uma explicação de Nick. Josh estava encostado à porta do quarto, próximo a cadeira onde Chris estava sentado. Joey abraçava Christina, preocupado com o comportamento da amiga. Diego e Jully estavam próximos a Christina e Joey, na cama de Josh. Jessica estava sentada no chão, agarrada a perna de Nick, sentado na cama. Justin se dividia de Luanna por causa do abraço assustado de Britney. Ela amedrontou-se quando alguém a adiantou o assunto do bilhete.

- Bom, gente... o fato, para quem não soube ainda, é que o “nosso amigo”... – Nick deu uma pausa, deixando a última frase mexer com todo mundo. – Bem... ele nos mandou outro bilhete!!

Britney se recuou nos braços de Justin, e ele ficou preocupado com o que Luanna pensaria. Chris aproveitou-se para sentar próximo a Luanna, abraçando-a. Nick continuou, matando a curiosidade de todos.

- E o delegado o esclareceu pra gente!!! – ele lançou um olhar meio risonho para todos daquele quarto. Josh suspirou aliviado, acalmando os que ainda não sabiam da história.

- E o que ficou resolvido?? – Diego perguntou.

- Bom... o fato é que... de certo é brincadeira! Mas não significa que é um assassino perigoso assim como Willa Ford falou em todas as suas aulas!!!!

- É mesmo... Willa Ford foi quem assustou todo mundo dando aquelas aulas sem Química! – Chris disse, ainda curioso.

- Assustou os idiotas, isso sim!!! – Joey brincou com Chris, enquanto acarinhava o cabelo loiro de Christina.

- Bom, o delegado mostrou uma centena de bilhetes... inclusive alguns com cheiro podre de sangue... mensagens vermelhas... umas são tão óbvias que são bobagens que até o delegado a deixou separada das outras.

- Então... era tudo brincadeira!??? – Luanna deleitou-se no abraço carinhoso de Chris.

- É, Luanna!!! – Josh sorriu. – Alguém brincou com a gente!!!

- As Black Girls!!! – Jully e Jessica pensaram igual!

- Não… Jason Brown!!! – Joey continuou.

- O fato é que… – Nick continuou, atrapalhando especulações. – Vamos bancar os detetives nesse Halloween e pegar esse “inimigo”! – ele animou a todos.

- Hey... é o Jason! – Joey continuava.

- E o delegado... – Josh continuou a falar. – Ele ficou com o bilhete, pra investigar o sangue... de todo jeito! – Josh falou.

- E os peixinhos? E o cachorro? – Luanna ainda indagava. Pelo visto ela era a única que ainda sentia a sensação ruim.

- Os peixinhos podem ter sido sim a arte negra das Black Girls. Aquelas meninas morrem para assustar vocês. – Josh concluíam o caso.

- E o cachorro pode ter sido como o veterinário mesmo disse, envenenamento por acidente. Fora apenas coincidência de ser durante esses trotes. – Nick terminou.

As meninas sorriam, aliviadas, e felizes por tudo ter saído bem! A felicidade delas era tamanha que não dava pra os meninos perceberem, mas elas sorriam entre si, por estarem cercadas de amigos tão legais que eram capaz de diverti-las pro resto de suas vidas. Britney sentou junto a Christina e Jully, pra cochicharem.

Justin aproveitou para roubar Luanna dos braços de Chris. A amizade deles tinha tomado outro rumo por causa dos acontecimentos, e ele estava gostando. Aproximou-se dela, e perguntou:

- E aí? Falou com seu pai e sua mãe!? – sussurrou no ouvido dela.

- Ah... sim! – ela sorriu. Fazia tempo que Luanna não sorria assim. – Eles me ouviram... e eu os ouvi!!! E tudo se resolveu naturalmente!!!

- Hum... – ele sorriu, fazendo-a se derreter. – E foi assim?? Fácil!?? – riu de novo.

- Como assim... “fácil”!?? – ela imitou a voz dele.

- Eles não impuseram nada!?? – Justin admirava os olhos brilhantes dela.

- Ah sim... – ela sorriu, olhando pro chão. – Disseram que eu não podia namorar você! – fez cara de tristeza.

Justin levantou as sobrancelhas finas e assanhadas, num susto. Afastou a cabeça dela, para olha-la de frente.

- Mesmo??? – ele ficou surpreso. – Ele disse isso... assim??? Como?? – perguntou, nervoso.

- Ah... – ela disse: “Tudo bem, filha... contudo você não deve se envolver com o Justin, pra compensar os comentários!” – Luanna tentou não rir, observando o rosto do amigo.

- Ele disse assim?? – Justin sorriu, triste.

- Estou brincando, Justin... – Luanna riu. – Posso beijar você... se eu quiser! – ela falou, tentando não olhar pra ele.

Todos falavam ao mesmo tempo, em grupos separados. Nick tentava reunir os fatos com Josh, Joey e Diego. Jessica conversava com Britney, Chris e Jully, comentando sobre os suspeitos sem graça que eles tinham. E ninguém ali notava o rostinho de Christina, separada de todos, triste.

- O que foi, Christie? – Joey aproximou-se dela e falou, baixinho. – É por causa do Max!?

- Ah, Joe... É que faz falta! Para todos ficou resolvido! Mas pra mim falta uma coisa muito importante!

- Não ficou tudo bem pra gente!!! – ele reclamou. – Vamos achar esse cara... e vamos dar uma lição nele!! – Joey demonstrava como iria pegar o “cara”, dando socos no ar, fazendo Christina rir.

- Pôxa, Joey!!! Brigada mesmo pela força que você tá me dando!!! Você é muito fofo!!!

- Ah... – Joey sorriu, bonito.

Christina descansou seu rostinho no ombro quente de Joey.

- Christie... a quanto tempo nos conhecemos!? – ele tentava lembrar.

- Ih... a muito tempo, Joe! – ela sorriu. – Por quê?

- Como nunca tinha me ligado em você? – Joey foi direto. Christina ficou tímida.

- Ah... – ela olhou pra baixo, tirando a cabeça do ombro de Joey. – Não sei... – ela sorriu.

Joey olhou pra ela. Christina era muito mais bonita que todas as namoradas que ele teve. E sempre esteve ali ao lado dele. Sempre era carinhosa e solitária. Era garota sensível, e risonha. E como ele nunca a percebera?

Josh atrapalhou os pensamentos deles, gritando:

- Ei, espera aí!!! – ele se levantou, indo em direção a janela.

- Que foi, Josh? – Jessica perguntou, levantando-se com ele.

- Eu vi alguma coisa se mexendo aqui!! – ele observou o exterior da casa dele.

Josh observava as pessoas andarem lá fora, organizando suas festas familiares. As casas escuras já davam o clima enquanto anoitecia. O sol apenas esfriava o clima de terror, começando a se esconder no seu leito de sono. Josh, atento, observava as pessoas, encostado em seus colegas. Foi quando ele viu o bilhete no chão.

- Ali!!! – ele apontou pro no jardim de sua casa.

Os outros olharam pro chão. Alguns viram, enquanto os outros se amontoavam para enxergar. Josh pulou a janela, não muito longe do chão.

O pegou, observando. Não parecia escrito à sangue. Então abriu.

“Não querem fazer uma visitinha ao colégio???”

Todos se olharam, incrédulos.

- Então é outra brincadeirinha do nosso “inimigo”! – Nick sorriu, maliciando a vingança.

Todos riram, despreocupados. Josh comentou:

- Não acredito!! As brincadeiras continuam!!!

- Essas Black Girls continuam as mesmas!!! – Britney reclamou.

- Ah... agora acredita que foram elas!!! – Luanna olhou pra amiga.

- Não... é que pra Britney é qualquer coisa é melhor que o Jason!!! – Joey reclamou.

- Peraí, Joey! – Josh parou o amigo.

- Peraí... nem sabemos quem é... apesar de todas as desconfianças!!! – Justin acalmou os ânimos dos afoitos.

- Justin tem razão! – Nick começava.

- É... sabem o que temos a fazer!!! – Jessica defendeu o namorado.

- O quê??? Atrás do Jason??? – Britney estava disposta a defender a paixão.

- Ou das Black Girls!?? – Jully continuava citando os suspeitos.

- Se quisermos achar o culpado... temos que ir ao colégio! – Justin falou.

- Eu acho que ele está certo!! Vamos todos juntos!!! – Nick disse, pegando na mão de Jessica.

Josh foi dentro de casa, buscou algumas lanternas do combinado de acampar. Estava escurecendo. Os outros se olharam. Não foi difícil convencer ninguém. Todos queriam pegar quem quer que estivesse fazendo aquilo.

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CAPÍTULO 16

Eles seguiram, a pé, para que ninguém visse os carros parados na porta do colégio. Josh fechou o portão de sua casa vagarosamente, disfarçando qualquer sorriso ameaçador que denunciasse a alegria que sentia em pegar aquele que passou o trote neles. Não desconfiava de ninguém em particular, Jason ou as Black Girls, mas se extasiava em descobrir.

Justin e Luanna deram-se as mãos, um pouco aflitos. Justin via um brilho sem luz nos olhos de Luanna, como se ela não quisesse ir lá saber o que era. Diego, ao ver o casal de amigos, cutucou Jully, apontando os dois de mãos dadas, rindo por dentro e notando que os dois faziam um belo casal. Jully sorriu, pensando a mesma coisa. Agarrou na mão de Diego também, satisfeita. Procurava as outras. Britney e Christina iam mais à frente, abraçadas por Chris e Joey, respectivamente. Seguiram caminho, atravessaram a rua de Josh e pegaram a principal. O colégio não era muito longe de lá.

Andavam normais pelas ruas. Tudo estava estranhamente normal num dia como aquele. As pessoas em suas casas monstruosas para as festas daquela noite, enfeitadas com teias de aranhas e morcegos de plástico. O sol ia se pondo devagarzinho. As crianças saíam fantasiadas de casa para pedir doces, juntos com seus irmãos mais velhos. Alguns vampirinhos deram voltas ao redor da Jessica, sorrindo. Mas ninguém ali tinha clima pra sorrir. Embora estivessem mais tranquilos, o nervosismo e a ansiedade os fazia perder o senso de humor.

Andaram até chegar próximo ao portão do colégio. Eles observaram se ninguém estava à vista. Entraram no colégio fechado pulando o grande metal que cercava o campo de futebol. Nick pulou na frente, atravessou o campo de futebol onde treinava, sendo seguido por todos. Jessica correu pra ir próximo a ele. Britney e Christina andaram juntas, Chris e Joey vinham atrás delas. Jully e Diego, seguidos por Josh, vinham atrás. E mais ao fundo vinha Justin e Luanna. Andavam assustados pelo campo de futebol enorme. Um silêncio aterrador amedrontava as garotas. Justin olhava ao redor, para ver se alguém os observava.

Estava anoitecendo, dava ainda pra ver as crianças fantasiadas batendo nas portas das casas e dizendo: “Gostosuras ou travessuras?”. Não deu pra Justin perceber, mas Amanda observava junto com as outras garotas, curiosas para saber o que eles queriam dentro do colégio fechado, num dia de Halloween.

Chegaram à porta da frente do colégio de dois andares. Era dupla, e alta, e estava fechada. Nick puxou uma delas apenas para constatar que não abriria facilmente. Jessica apenas olhava pra ele.

- Ótimo! Como iríamos abrir isso aqui se fôssemos acampar nesse colégio!?? – ele olhou os outros.

Chris e Josh procuraram algo que ajudasse a abrir a porta. Diego chamou a atenção deles para um ferro próximo ao portão da frente do colégio, talvez com ele conseguissem quebrar a maçaneta. Tentaram, mas a porta era grossa e firme, assim como a maçaneta e o trinco, não abria.

- Não sabia que era tão ruim assim pra arrombar uma casa!!! – Nick disse, limpando a testa. Christina, que estava observando aquilo de longe, falou:

- Ei, gente... venham aqui... Acho que... aquela porta lá atrás... está aberta!

- Qual??? – Josh foi olhar. – Ah, é a porta dos funcionários. Bem Williams pode estar por aqui! – e todos seguiram Josh.

- Ai, meu Deus! Será que foi ele??? – Jully falou.

- Ele é bem esquisito mesmo! E sempre fica olhando pra gente! – Josh lembrou-se.

Eles entraram vagarosamente, sem saber que estavam sendo seguidos o tempo todo por Amanda, Melanie e Nieve.

- Apenas não entendi como a porta estava aberta! Mas quando encontrarmos nosso cara malvado eu pergunto isso a ele! – Justin falou, sentindo o arrepio no braço de Luanna ao entrar no colégio.

Atravessaram o corredor dos armários, silenciosos. Tudo estava muito escuro, não dava pra ver absolutamente nada. Apenas sombras dos armários onde os estudantes guardavam suas coisas. Luanna sentia falta dos alunos correndo, observando-as passar pelo corredor. Britney largou de Chris, indo para próximo de Luanna, com Justin.

- Lu, o que diabos viemos fazer aqui!??? Está tudo escuro... – ela falou, no ouvido da amiga, mas em bom som para todos ouvirem.

Josh lembrou-se das lanternas. Eram cinco lanterninhas que conseguira com o pai numa loja de ferramentas para camping, na cidade. Lembrou-se de quando as encheu de pilhas, e testou, uma por uma. Colocou a mão no bolso, em busca delas.

- Pessoal!! – ele falou, parando todo mundo. – Tenho a luz, gata! – ele brincou com Britney, acendendo uma lanterna rente a face dela.

- Ótimo, Josh! – Nick comandou a situação. – Uma pro Joey e a Christina. Uma pro Justin, Luanna e Brit. Uma pro Diego e Jul... – Nick calou-se.

Ouviram um estrondo. Um barulho seco, abafado, agoniado. Josh levantou sua luz, procurando o barulho. Todos observavam os arredores, com as lanternas ligadas. Josh observou a porta da frente do colégio. A grande porta que era difícil de abrir e até quebrar.

Nick e Jessica sentiram algo se movendo na frente deles. O escuro denunciava apenas sombras negras, e eles já não sabiam diferenciar a realidade da imaginação. Iluminava com a pequena luz da lanterna, mas nada se via a frente além dos grandes corredores largos do Oxford High School. O casal virou-se rapidamente. Jessica, temendo algo, tentou correr, sendo segura por Nick. Todos observavam o lugar de onde saía o barulho. Justin pressionou a mão suada de Luanna. “Que trote!” – Britney pensava. Nick já estava cansado. Ele e Josh levantaram os passos. Jessica agarrou-se com Christina, amedrontada. Justin ia junto de Nick e Josh, mas Luanna puxou-o para próximo dela.

Outro barulho seco foi ouvido, e os jovens de Oxford puderam ouvir e distinguir claramente um sussurro abafado, de um homem.

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CAPÍTULO 17

Justin olhou pra trás. Britney e Luanna olharam pra ele, amedrontadas. Naquela hora já estavam todos assustados. Um silêncio aterrador tomava conta do local, só deixando um espaço apertado para os pensamentos duvidosos dos jovens. Jully virou-se pra trás, acompanhando os pensamentos dos três mais jovens daquela turma.

- O que é que tá acontecendo aqui??? – Diego disse, quieto, puxando Jully, olhando para trás.

- Cadê o Chris? – Christina chorava, nervosa. Sua voz cortava. – Onde está o Chris? Ele estava bem aqui, e agora...

Um barulho naquela hora os fez calar-se. Os corações foram aos pulos, assombrados com qualquer idéia que brotavam nas suas mentes. E brotavam aos montes. Naquele meio de estudantes, os menos tensos conseguiam pensar. E observaram de onde vinha o barulho incômodo, abafado. Vinha de um dos armários, no fim do longo corredor do Oxford High School.

Justin suspirava, preocupado com Chris. Nick e Josh procuravam na frente, iluminando pequenas áreas com a lanterna. Jessica, Joey e Christina tentavam abrir a porta por onde eles entraram. Eles não perceberam Melanie e Nieve espremidas entre os armários, tentando ao menos esconder-se. Nem a porta grande, e nem aquela por onde entraram, queria abrir. Jully desesperou-se com Diego. Luanna puxava Justin para trás, amedrontada. Britney e ela tentavam abrir a porta da frente, sem sucesso.

Josh e Nick começaram a gritar pelo amigo:

- Escuta aqui... seu palhaço idiota!!! Já conseguiu assustar as meninas!!! Agora aparece pra gente quebrar a tua cara!

- Eu só quero sair daqui!!! – Britney disse.

Nick foi até Jessica e Christina, puxando-as pelas mãos. Joey abraçou Christina, chorosa. Jully agarrou com força a camisa de Diego, dizendo baixinho: “Eu mato aquele estúpido... eu mato!”. Jessica e Nick foram à frente, guiando a turma.

- Nick... se foi esse imbecil que mandou os bilhetes... prometo quebrar as duas pernas dele! E ele nunca mais joga futebol novamente! – Josh falou, trincando os dentes.

- Faço isso com você!!!

- Eu não acredito que foi o Chris! Mas eu também quero matá-lo! – Britney tremia do outro lado de Justin.

Diego e Jully seguiam atrás, e Joey consolava Christina, também ameaçando agarrar e azucrinar Chris. Os jovens de Oxford pararam de caminhar à medida que ouviram outro barulho abafado. Outra vez identificaram a voz de um homem, abafada de alguma forma. Vinha do fim do corredor. Do mesmo armário de outrora.

Nick caminhou rapidamente até os armários da frente. A turma correu também, não por ansiedade, mas por medo de ficarem pra trás. Josh iluminou os armários do lado esquerdo do fim do corredor. Todos estavam enfileirados, normais. Nenhum amasso ou quaisquer manchas que indicassem que fora aberto, denunciando o lugar do barulho, da voz. Diego iluminou o lado direito. Foi quando todos observaram destacadamente manchas de sangue no chão.

- O que porra é isso??? – Joey exclamou. – Isso é sangue??

- Parece...

- Não sentem esse cheiro horrível!??? – Christina reclamou, abraçada a Joey.

- Parece que vem dos armários... – Jessica deduziu.

- O que tem aí dentro!?? – Jully perguntou a Diego, como se ele soubesse a resposta e matasse toda a charada.

Luanna era a mais distante de todos eles. Parecia que ela sentia que era algo muito ruim, e não uma simples brincadeira de Chris para deixá-los com medo naquele feriado. Tentava achar alguma pista, algum significado, enquanto os outros discutiam o que era aquilo tudo. Foi quando ela percebeu um pedaço de tecido. Um tecido azul, de algodão, com marca de corte, sujo de sangue. Ela já tinha visto aquilo.

Justin observou Luanna se abaixar até o pedaço de tecido. Todos se calaram. A jovem loira líder de torcida do Oxford High School levantou o pedaço de pano, do tamanho da palma de sua mão. Todos observaram. Suas mãos tremiam.

- Britney... reconhece!? – ela mostrou, com uma face um tanto preocupada.

- Ah, não! – ela lamentou. – Jason... – Britney falou, fazendo todos dali, especialmente Joey, lançarem um sorriso sarcástico.

- Tinha que ser... – Joey largou Christina.

Luanna derrubou o pedaço de tecido. Nick olhou pra ela. Levantou o rosto dela e perguntou:

- O que é, Luanna???

- Nós... não devíamos estar aqui!! Sinto algo ruim... – ela falou. Todos ficaram preocupados.

- O que é!?

- Jason... a última vez que vi ele com isso foi na frente da casa da Christina! E ele não apareceu desde então!!!

Todos foram calados por um baque forte. O armário sujo se mexera, agonizante. Agora escutaram uma voz angustiada. Parecida com a de Chris.

Britney falou:

- Vamo sair por outro lugar gente!!! Essas portas estão trancadas, inclusive a que entramos, e esse colégio é muito grande, tem outra saídas!

Todos ficaram quietos. Nem ao menos mexeram as pernas para correr, como Britney pedira. Justin soltou Luanna. Ela foi à direção do armário barulhento. Josh apressou o passo atrás dela.

- Espere aí, Luanna! – ele acompanhou-a. – Aonde vai com tanta pressa!? – Josh falava para a jovem.

Luanna encostou-se ao armário que tinha saído o ruído abafado. Todos apontavam suas lanternas para a cheerleader do Oxford High School. Ela olhou pra Nick.

- Estamos grandinhos para ficarmos nos “achos”! – ela falou pra Nick. – Se o barulho saiu daqui, temos que verificar aqui! Tem sangue por todo esse armário!!!

Nem bem Luanna terminou de falar e outro barulho abafado saíra do armário. Os jovens se mexeram, impelidos a correr. Josh abraçou Luanna por trás, para protegê-la do que quer que saísse se lá. Os dois forçaram a porta do armário de ferro, com força. O cadeado parecia arrombado, mas a porta estava forçadamente trancada.

O repúdio encheu-se nos olhos de Luanna quando abriram uma fresta de ar. Um cheiro forte e nauseabundo de sangue cru subiu através do ar, afetando as narinas e os pensamentos daqueles jovens. Luanna e Josh se afastaram da porta entreaberta. Justin puxou Britney para próximo dele, amedrontado. Diego abraçou Jully com força; Christina e Joey juntaram os rostos frios, num abraço de medo, e seus lábios tocaram um no outro, embora todos só pensassem no medo que estavam sentindo. Nick colocou Jessica atrás dele, indo em direção a Josh.

- Por favor, gente... vamo embora! – Britney chorava, abraçada a Justin.

Josh puxou o resto do armário. O susto passou no rosto de todos. Os olhos brilharam de terror, ao ver a pior das cenas que eles imaginariam ver algum dia na vida. O corpo de Jason estava totalmente espremido dentro do armário de colégio. Mole. Morto. Como foi colocado lá eles não queriam nem saber. As garotas cobriram os olhos com as mãos, soltando um gritinho fino, assustado, e os rapazes enchiam-se de repúdio, cobrindo as amigas de algo tão grotesco. Britney soluçou, apavorada.

- Meu Deus... - Nick lacrimejou de nojo e agonia.

- Nick... - Josh olhou pra ele. Parecia impossível de se pensar naquela hora. – Ele está morto, cara. A garganta dele tem um corte enorme na frente.

Ele apenas fechou a porta difícil, empenada. Nick pegou-lhe no ombro.

- Vamos achar o Chris e sair daqui!!!

Nick começou a caminhar no escuro, agarrado a Jessica, impondo sua força para que a namorada não caísse no chão aos prantos, assustada. Christina seguiu com Joey, Jully e Diego. E Britney, Justin, Luanna e Josh vinham atrás, apressando pra não ficarem muito longe dos amigos.

- Chris!!! – Luanna começou a gritar pelo amigo.

Josh olhou pra ela, tentando pensar em por que Chris teria sumido naquela altura do campeonato. Jason morto não estava numa das brincadeiras malucas que ele costumava fazer. As meninas estavam assustadas e os meninos exaustos de tanta pressão. A visão de Jason dentro daquele armário. Não! Não era real! Na mente dele, aquilo só acontecia nos filmes. Aquilo era só um boneco que Chris colocara para assustar as garotas. Naquela hora, ele só queria que Chris aparecesse, rindo, tirando onda. Assustava menos pensar que ele estava zoando, do que perdido, sem notícias.

Eles cruzavam o primeiro raio de armários, daquele imenso corredor de entrada do Oxford High School. Ninguém mais falava a não ser Luanna, que gritava por Chris. As lanternas apontavam para frente, iluminando o caminho a ser percorrido. Os jovens respiravam alto, denunciando o medo, tensão e ansiedade sobre o que vinha a frente. E parece que eles não podiam pensar em nada.

Um barulho os paralisou novamente. Todos pararam, no início do segundo raio de armários. O barulho era abafado de novo. Luanna tentava saber o que seria. Pareciam pés arrastados. O escuro frio de dentro do colégio os fazia pensar em tudo. O barulho parou. Eles continuaram a andar, sem perder tempo, tentando achar Chris, e outra saída que não àquela trancada.

Christina chorava inconsolada. Joey a apoiava com os braços, tentando confortá-la. Justin sentia o perfume de Britney, desejando que fosse Luanna aquela que estava com a cabeça descansada no ombro dele. Diego limpava as lágrimas de Jully. De fato as meninas estavam assustadas. Se tudo era brincadeira de Chris, ou se Jason estava mesmo daquele jeito, eles não tinham certeza. Apenas o cheiro horrível de morte e o medo fazia-os ficar amedrontados com qualquer possibilidade naquele Halloween.

O segundo raio de armários terminava, e os adolescentes continuavam o caminho ao terceiro, e assim, chegar ao fim do grande corredor. Nick tentava lembra-se do colégio iluminado, mas as pequenas sombras amarelas deixadas pelas lanternas dificultavam a situação. Josh e Luanna foram à frente, próximo ao único casal da turma, tentando lembrar onde ficavam os armários deles. Um grito fino, assustado, parou aqueles jovens cansados. Justin reconheceu imediatamente a voz.

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CAPÍTULO 18

- Chris!!! - o jovem berrou.

Nick soltou-se de Jessica e imediatamente todos perceberam que Chris gritara. Começaram a correr de volta ao início do primeiro corredor. Foi de lá que ouviram o grito do amigo. Nick realizava na sua mente se Chris estivesse mesmo precisando de ajuda. Josh correu atrás de Nick, e rapidamente chegaram a grossa e inquebrável porta de entrada. Um rastro de sangue fez Luanna apontar a lanterna de Josh pro chão. O cheiro assustou ainda mais a mente daqueles garotos.

Luanna viu pontas de dedos mexerem, no chão. Eram os pés de Chris.

- Chris!!! - a jovem derrubou a lanterna, e ninguém viu em que ela se agarrava.

Justin levantou a lanterna dele, falando o nome da amiga para ela responder. Os jovens só ouviam o choro de Luanna. Um gemido mais forte foi ouvido, e Justin apontou a lanterna pro chão. Lá estava Luanna, olhando pra ele, com a face suja de sangue. Nick clareou o resto, e todos viram Chris caído no chão, sua camisa xadrez ensanguentada, seus dedos apertavam com dificuldade a mão de Luanna, sujando-a ainda mais de vermelho vivo. Nick abraçou Jessica, amedrontado. Josh se abaixou, enquanto todos clareavam o lugar. Chris estava olhando pra cima, e falava pouco.

- Cara!!! - Josh exclamou. - Isso... é alguma brincadeira!?? - lacrimejou.

- Não... - Chris falou, vagarosamente. – Não vi... não vi...

- Shiiii - Luanna o fazia calar.

Christina se desesperou, sendo acuada por Joey. Jully e Diego tentavam abrir a porta pela qual entraram. Ela continuava trancada.

- Eu... vou morrer... - Chris suspirava.

- Chris...

- Me... esfaquearam... - ele tentava tirar a camisa xadrez, para que todos vissem o corte. Luanna segurou sua mão.

Josh tinha que ver. Tinha que ter certeza que o amigo não zombava deles. Abriu devagar a camisa xadrez de Chris, e ele e Luanna viram o corte no estômago, que tomava até o outro lado, profundo, horrível. Lágrimas caíram dos olhos de Josh, e foi que todos perceberam que era grave. Luanna chorou baixo. Chris olhou pra ela. Seus olhos brilharam.

- Não... fiquem... aqui...

- Chris... - Josh segurou na outra mão do amigo.

- Saiam... ele vai matar vocês...

Nick abraçou Jessica e ambos choraram. Chris olhou todos, e os olhos de repente ficaram sem vida. Luanna caiu com o rosto em cima dele. Josh a levantou, abraçando-a. Jully abraçou Christina. E todos choraram naquele corredor, com angústia e dúvidas.

Foi quando ouviram os passos pesados. Botas grandes do tipo exército caminhavam pra aparecer no final do terceiro corredor. Luanna foi levantada por Josh, e todos olharam atentamente para o terceiro corredor. As lanternas iluminavam aquela parte, e eles imaginavam esse “ele” a qual Chris se referira. Alguém tinha matado não apenas Jason, mas também Chris. E estava caminhando pra eles. Eles tremiam.

Nick andou em direção ao fim do primeiro corredor, fazendo todos gritar.

- Aonde vai... Você é louco!??? - Jessica acompanhou-o, puxando-o.

- Olhe onde estamos!!! - ele retrucou. - Se ficarmos aí, estaremos encurralados!!!

Todos se levantaram e andaram com ele até o fim do primeiro corredor. Nick parou, e todos fizeram o mesmo. Ele queria ver quem era. Ter certeza de que ele ficaria por lá enquanto os outros corriam. Todos respiravam fortes, as sobrancelhas dobradas atiçadas definiam a ansiedade e preocupação com o que viria. Todos queriam ver. Todos permaneceram parados.

Os passos aumentavam o volume, denunciando que estava próximo do corredor. Os adolescentes ansiosos puderam ouvir que quem quer que viesse ali rira. E estava rindo ainda. Uma risada modificada. Algum tipo de decodificador que só viram em programas policiais, que as testemunhas usavam para não serem reconhecidas. Então, sem que eles esperassem, a coisa apareceu no corredor. As lanternas focavam um ser humano, vestido num capuz preto longo, e botas de exército, com o rosto todo coberto. A coisa ainda ria. Foi quando o brilho de metal da faca cegou os jovens. Christina choramingou de medo, suspirando: “Oh, meu Deus!” - ela falou, em meio a gaguejos. Quando a coisa iniciou sua caminhada rumo em direção aos jovens, todos correram, dobrando para a direita do primeiro corredor, pro lado das quadras de natação do grande colégio de Oxford.

Nick liderava, segurando na mão de Jessica, lacrimejando sem entender por que estavam naquela situação. Joey empurrava Christina com o ombro forte, senão a amiga ficaria caída no chão, aos prantos. Diego e Jully ajudavam Britney e Justin, arrasados por Chris. Luanna e Josh vinham atrás de todos. Luanna virava a cabeça várias vezes, verificando se “ele” viria atrás deles. Ela estava tonta, cheirando a sangue.

Nick abriu a porta com força; a quadra estava triste, vazia, sem ninguém, nenhum adolescente berrando, fazendo discursos, brincadeiras, zombando dos amigos, jogando bola, treinando para os jogos estaduais. Ao invés disso, tinha jovens assustados, sujos de sangue e suor, fugindo de algo que eles não sabiam explicar o que era nem o que estava fazendo com eles. E tinha dois outros mortos.

Eles cruzaram a grande quadra de basquete. O ginásio era enorme, coberto de bolas e objetos que os estudantes que treinavam no domingo deixaram lá. Não tinham idéia se o encapuzado tinha os seguido. Estavam cansados e suados. Fazia um calor constante dentro do colégio fechado. Ainda tinham que enfrentar a longa escuridão iluminada apenas pelas lanternas pequenas de acampamento. Eles chegaram à parede do fundo do colégio, onde ficava de frente a porta de entrada. Justin sentou Britney no chão, e os outros fizeram o mesmo, mas observando a porta grande, com as luzes da lanterna iluminando mal. Nick deu a ideia.

- Se não podemos vê-lo, ele também não nos verá se apagarmos as luzes...

As meninas detestaram, mas ninguém era louco o bastante de falar algo por causa do silêncio. Dava pra escutar o pingo da torneira da pia da cozinha. Jessica sentou-se no chão agarrada a Nick. Joey sentou primeiro para acolher uma Christina chorona e fraca em seus braços. Justin olhou pra Luanna. Ela estava suja e malcheirosa a sangue, e mesmo assim ele não esqueceu o brilho e a beleza da jovem astuta olhando pra ele. Josh aquietou Britney, próximo aonde Diego e Jully haviam sentado, chorando. Justin chegou próximo a Luanna, sentou-se ao lado dela, beijando-lhe a testa. Todos estavam em silêncio. No mesmo instante, todas as lanternas foram apagadas. Luanna sentiu o braço quente de Justin enlaçá-la protetoramente. Deitou-se em seu ombro, e chorou a morte de Chris baixinho.

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CAPÍTULO 19

Não demorou muito para passos de botas surgirem. Jessica bateu no braço de Nick, que fazia de tudo para acalmá-la. Christina soluçou assustada, na manga de Joey. Os passos das botas de cano preto aumentavam, e logo todos escutaram a grossa porta ranger denunciando que alguém entrara na sala.

Ninguém deu um pio. Escutaram os passos aproximarem-se. Luanna hesitou em mexer, mas Justin segurou-a. Ninguém ousou mexer um passo mais. As botas continuavam desfilando na quadra, fazendo o seu barulho. E ninguém escutou mais nada. Parecia que “ele” tinha parado ali, na quadra, bem próximo onde eles estavam. De repente, uma voz, alheia à daqueles jovens, berrou:

- Agora!!! - disse a voz, um pouco chorosa, temerosa, mas com força o suficiente para ordenar uma ação.

Foi o tempo de os jovens escutarem as botas correrem de um lado para outro, em seguida um suspiro forte e depois um choro abafado. As meninas, desesperadas, suspiravam de pavor, sem saber o que acontecia. Tensão tomou conta dos rapazes, para segurá-las enquanto pensavam o que estava acontecendo.

Nesse momento, todas as luzes se acenderam. O colégio estava às claras. O susto dos jovens foi tremendo. Todos olhavam de um lado para o outro, sem saber o que aconteceu, quem tinha acendido as luzes. A voz era conhecida deles, e eles pensavam nisso quando Britney notou o cabelo de Jessica.

- Jess... tem... algo... no seu cabelo!! - ela tremeu.

Jessica passou a mão, perguntando o que era. Parou, em choque, quando percebeu que era sangue.

- Ni... - ela choramingava. Pedia uma resposta do namorado calado.

- Pelo amor de Deus... - Christina agarrou Joey, chorando baixo, suspirando como criança.

Josh segurou Jessica, impedindo-a de ver a cena horrível que seu namorado estava. Ela caiu no choro. Luanna e Justin se encheram de nojo ao ver o pescoço de Nick cortado, jorrando sangue, deslizando como água corrente na sua roupa de jogador de futebol. Jessica chorou, segurando Josh com força. Ele também perdeu as forças e chorou no ombro dela, sem entender nada.

- Por-r... q-quê??? - Jessica suspirava. - O q-que...

- Chiii... não fala nada... Não... fala! - Josh soluçava. - A gente... precisa sair daqui... - ele recobrava as forças; agora tinha que tirá-los dali. - E chamaremos a polícia! - ele abraçava-a.

- Estou com ódio, Josh! Um ódio tremendo... Doendo no peito!! Dói, dói muito!!! - Jessica choramingava nos braços dele.

- Gente... - Diego chamava a atenção de todos. - Quem... quem gritou... e acendeu a luz!???! - ele lembrou algo que ninguém lembrava.

- A... a voz... - Jully buscava na memória aquela voz que ela tinha a impressão de já ter escutado.

- Parecia familiar...

- Sim... era, Joey! Era a... a Amanda!!! - Jully lembrou-se. Eles mexeram-se, para sair da sala.

- Não... não vamos deixar ele... - Jessica mal conseguia falar.

- Se forem aquelas garotas... eu... eu... não sei o que eu farei!!! - Luanna trincou os dentes, odiosa, gaguejando palavras revoltadas.

Josh correu na frente, enquanto Britney apoiava Jessica, abraçando e chorando junto com ela. Tremia de medo, tinha o coração aos pulos em cada barulho que faziam. Diego e Jully caminhavam na retaguarda. Diego tinha a cabeça doída de tanto tremor e tensão daquela noite pavorosa na vida deles. O que parecia brincadeira ganhava corpo e voz. Uma voz horrenda, que com certeza era de alguém que eles conheciam, pelo devido cuidado com um modificador eletrônico. E naquela hora, os pensamentos revoltosos estavam voltados para as Black Girls. E o medo aumentava, pois eles lembraram que ninguém ali sabia como lutar contra magia negra.

***

Tudo estava quieto. A escola agora estava clara, e eles tinham menos medo, pois tinham como enfrentar a coisa ao menos a olhando direito. Josh demorou em convencer Jessica a subir as escadas para o andar de cima. Naquela hora parecia o melhor caminho a ser tomado, mas ela recusava-se a deixar o corpo de Nick ‘ao Deus dará’. Britney segurou-a pelo braço para ajudá-la a subir as escadas, mas para ela cada degrau era uma montanha enorme, e o peso e a dor de perder o namorado crescia o ódio de matar as Black Girls a qualquer custo.

Ninguém falava nada, apenas subiam as escadas para o segundo andar. As largas escadas que muitas vezes desceram alegres e sorridentes das salas daquele andar. Josh usava a lanterna como arma de defesa, preparando-a para bater com força caso fossem surpreendidos. As salas do andar de cima estavam ordenadas da mesma maneira que ficavam no fim de semana. Os corredores de cima, mais curtos que os do andar de baixo, eram o que preenchiam os lados das salas, junto com murais de avisos e cartaz de festas e eventos esportivos. Aquele cartaz grande foi o que chamou a atenção de Joey quando cruzaram por ele. Em letras vermelhas, numa forma grotesca de comparar com sangue, a frase assustadora, pendurada no que parecia ser uma forca, que dizia: “Aventure-se nesse Halloween! Mas não se esqueça de sua segurança!”. Joey prestou bastante atenção ao carrasco. Ele estava desenhado em preto, por trás da forca. Mas estava vestido igual ao inexplicável fenômeno que agora os perseguia.

Joey parou, e chamou a atenção de todos para o carrasco:

- É a coisa!!! - Joey falou, tentando ser o mais específico e quieto possível.

- É!... - Christina também percebeu, na hora.

- O quê? - Diego observou a foto.

- Só pode mesmo ser alguém daqui da escola! - Jully falava.

- As Black Girls estão por trás disso! Tenho certeza! - Jessica trincava a fala, nervosa.

- Fica cada vez mais difícil pensar em tudo de uma vez! - Luanna falou, baixinho, para Justin. - Minha cabeça vai explodir, e eu nem mesmo sei por que isso está acontecendo!!! - ela continuou.

- Chii... nada vai te acontecer, Lu! - ele abraçou-lhe.

- Eu estou um pouco cansada, mas mesmo assim tenho medo de ficar num lugar só!

- Eu disse que seria má idéia subir... elas podem estar aqui! - Jessica enraiveceu-se.

E foi quando escutaram ruídos de vidros quebrados do lado de baixo. Todos fizeram silêncio por um bom tempo, sem que ninguém arriscasse ao menos opinar sobre o barulho. Parecia que guerreavam lá em baixo. Josh imaginou que aquilo era próximo aos bebedouros no pátio interno, próximo às quadras. Todos calaram os pensamentos quando escutaram um grito abafado. Um grito de quem estava apanhando, com dor em algum lugar. Um grito modificado por uma máquina. Josh interrompeu apressadamente, dizendo:

- Está lá em baixo! Vamos achar um lugar para sairmos daqui!

Eles correram. Sem saber para onde ia, somente correram. Estavam com sede e famintos. E a exaustão assentava naqueles meninos que só fizeram correr de algo que não sabiam o que era.

Josh encostou-se ao bebedor, e assim, tomou água gelada. Jessica o fez em seguida, e todos imitaram. Britney tentava abrir uma janela com Jully e Christina, mas estava impossível. A janela tinha grandes barras, e o vidro faria muito barulho se o quebrassem. E a última coisa que elas queriam era atrair aquilo até lá.

***

Tentando forçar uma janela com o maior cuidado, Josh e Diego apoiavam as mãos umas nas outras para abafar o som. As garotas começaram a pensar que talvez Jessica tivesse razão, e ali estavam encurralados. Justin acolhia Jessica junto a Luanna, que olhava para os lados, tentando pensar em algo. Britney, Christina e Jully ajudavam os meninos com a janela, enquanto Joey montava guarda, olhando pelos dois lados se a coisa apareceria.

- Droga! - Josh dizia, fazendo força nas mãos. Aquela altura já tinha vários cortes e a palma ardia de inchaço.

- Temos que sair daqui! - Diego aumentava a ansiedade.

- Como, Diego!? - Britney reclamou da inquietude do amigo. – Estamos perdidos... encurralados!

- Cale a boca, Britney! A última coisa que precisamos aqui é de alguém pessimista e sem esperança, e isso você não é!! - Jully irritou-se.

Joey calou a todos. Um barulho vinha da escadaria por onde subiram, não muito longe dali. Todos observaram atentos. Justin levantou-se, enquanto Luanna tentava levantar Jessica do chão. Não teria como evitar, estavam encurralados mesmo.

Eles se afastavam contra o outro lado de corredores. A escola tinha forma retangular, mas ali no primeiro andar, qualquer lado saia direto com as escadas para descer ou para subir para o teto, onde só tinha coisas de manutenção, e o grande pátio de cima, proibido para os alunos, mas que muitas vezes era usado para fumar ou beber.

Luanna puxava Jessica, que se recusava a sair do chão. Justin foi ajudá-la, vendo que até Joey, que estava o mais longe deles, já os havia ultrapassado, voltando-se de costas para junto dos outros.

- Vamos... saiam daí! - Josh segurava os braços de Britney, amedrontada.

Luanna e Justin faziam de tudo para apoiar a amiga nos braços, que os deixava mais lentos. Christina tentava chamá-la, mas nada adiantava. Joey piscou os olhos quando viu o encapuzado diante deles, caminhando agora lentamente na direção de Justin, Luanna e Jessica.

- Está indo pra vocês!!! - Josh falou.

- Awaaaaaa - Christina gritou apavorada.

- Jessica, pelo amor de Deus! Se levanta, sua estúpida! Não seja tola! Levanta!!! - Luanna exaltava a voz.

- Jessy! Vamos...

- Por favor... vão embora! Eu não quero mais ir com vocês! - Jessica soltou.

- Jessica, não me faça empurrá-la e chutá-la! Precisa de um soco para acordar, é?? - Luanna falava, grossa.

- Luanna... - Justin olhava para o encapuzado. As botas faziam barulho, mas ele caminhava calmamente. E Luanna não entendia por que os outros não tinham corrido ainda.

- Por favor, gente... - Britney chorava.

A coisa aproximou-se, mais ainda. Luanna gritou.

- Vão... corram!!! A gente vem logo atrás... vou precisar esmurrar essa tola! - ela enraiveceu-se.

- Não, Luanna... vamos todos juntos!

- Josh... eu garanto a você que estaremos logo atrás! Mas por favor, acha a saída! Não perca tempo! Podemos vencer... isso!

- Mesmo, Luanna?? - a coisa falou.

Luanna e Justin olharam para ‘ele’, bastante irritados com o fato de que a coisa diziam seus nomes com ironia. Josh chamou-os mais uma vez, adiantando Joey na frente com as meninas para acharem um lugar seguro para esconder-se, e saírem dali o mais rápido possível. Diego e ele ficaram esperando Justin, Luanna e Jessica. Britney se recusara a ir com Jully e Christina, então ficara com os outros dois, observando atentamente as amigas muito próximas daquele homem.

Luanna derramou uma lágrima, observando aquela coisa mover-se para ela. E começou a caminhar na direção dela. Perguntou:

- Pode dizer o que está acontecendo?? - ela trincava os dentes.

Justin, naquela hora, desesperou-se. Jessica continuava sentada no chão, mole como uma boneca, e Luanna andava para a faca afiada que ‘ele’ tinha nas mãos. Sem pensar duas vezes, largou Jessica no chão, e saltou por trás de Luanna, agarrando-a.

Não dava pra ver, mas eles sentiram que a coisa rira. Observando Jessica ao chão, Josh correu para apará-la, e foi pego de surpresa pela faca brilhante que ‘ele’ escondia na outra mão. A coisa arremessou-a, fazendo o jovem assustar-se. Nunca tivera tanta sorte na vida, mas a faca bateu do lado oposto ao da lâmina, na sua mão, fazendo um barulho horrível, e em seguida caindo no chão. Diego e Britney correram até ele, enquanto Justin puxava Luanna de lá, aproximando-se de Jessica.

Josh chorou de dor, sua mão ficava roxa e doía-lhe como nunca sentira igual. Um inchaço surgia, rápido como a faca batera na mão nele. A coisa riu. Britney teve dificuldades de puxar Josh, e, com Diego, correu atrás de Joey, Jully e Christina, que já iam do outro lado dos corredores, descendo as escadas por onde subiram. Josh ia pendurado no ombro deles, chorando como fazia quando era garotinho. E eles ficaram na esperança de que Justin, Luanna e Jessica estivessem atrás deles.

Os três estavam abaixados, sem olhar para os lados. Apenas a faca que batera na mão de Josh estava no chão. Jessica olhou sua frente. A coisa parece que correra atrás dos amigos. Justin não teve tempo nem de respirar aliviado, preocupado com os amigos lá em baixo. Luanna levantou Jessica, quase empurrando-a novamente ao chão. Jessica sentira a rispidez de Luanna, e lágrimas brotaram de seus olhos.

- Desculpe... não tive cabeça pra nada!!! - ela olhou pra Luanna.

- Jessy!!! - Luanna abraçou-a, piedosa.

Justin lacrimejou ao ver aquela cena. As duas amigas abraçavam-se como se estivessem se despedindo. Jessica olhou pra ela novamente, e seus olhos escuros e tristes diziam adeus a Luanna.

- Me desculpa... mas eu não...

Ela se afastava de Luanna, passando por Justin. Eles olhavam pra ela, temendo algo ruim. Luanna apenas sussurrava o nome da amiga, nervosa. Jessica se afastava mais e mais, até a faca no chão. Apanhou-a, e, olhando pra Luanna, atravessou os dois amigos de novo, voltando para o mesmo lugar que estava antes.

- Não dá pra ficar assim... não vivo sem o Nick! Ele ou ela vai ter que pagar!!!

Não deu tempo nem de Justin e Luanna se aproximarem da amiga. A coisa se esgueirou pela parede e enfiou a faca nas costas de Jessica. O grito de Luanna espalhou o terror que aqueles jovens estavam sentindo. E naquele momento, os casais que namoravam na vizinhança, sem prestar atenção no colégio claro com aspecto de que estava aberto, olharam as luzes e imaginaram quem dera aquele grito assustador.

Justin derramava lágrimas sem fazer barulho sequer. Luanna olhava e via os olhos de Jessica deixarem de brilhar. A amiga estava morta. Justin puxou-a pela mão, e ambos correram sem rumo, pelo andar de cima.

***

Josh entrava por último naquele pequeno quadrículo que Joey achara. Era a parte interna da cozinha, onde faziam a comida que era servida no intervalo. As luzes ainda estavam acesas, e por sorte ou o destino mesmo eles estavam trancados através de uma porta de aço, que só tinha um círculo de vidro que servia como janela. Christina escorara numa pequena mesa de cortar frios, e Jully abraçava Diego chorando. Britney segurou a mão machucada de Josh enquanto Joey forçava a porta com uma mesa grande que ficava no centro. Britney abriu o congelador, observando se tinha alguma comida ou água.

- Lanche... - ela dizia, quando suspirando. Seus olhos ardiam e sua face queimava de dor. Entregou a cada um pequenos pacotinhos de lanche-surpresa que comiam no intervalo. Bolinhos de chocolate os deixaram menos amedrontados.

Ninguém ousava dizer uma palavra. Joey conferia mais uma vez a porta, enquanto Christina e Jully serviam Diego e ele. Britney arrumou gelo para a mão de Josh, que estava inchada como um tomate. Uma escoriação enorme aparecia, fazendo-o chorar baixinho. Ninguém falava, mas todos pensavam em Jessica, Luanna e Justin do lado de fora. Ali eles pareciam seguros. Mas quanto seguros?? Até quando ficariam ali!? O medo fazia barulho na mente deles. Medo das luzes se apagarem novamente. Das brincadeiras começarem outra vez. E não tinham idéia de quem seria.

Joey quebrou o silêncio:

- Não estamos sozinhos! - ele disse, baixinho.

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CAPÍTULO 20

Já era tarde. Justin olhou o relógio digital dez vezes para cair na real. Eram onze e quarenta da noite. Estavam no banheiro masculino, próximo a área dos chuveiros. E Justin se lembrou dos treinos, quando vinha com Chris, Nick, Joey, Diego e Josh, conversando sobre as garotas. Nunca deixara transpassar a paixão que sentia por Luanna, mas quando os amigos falavam dela, ele enchia-se de ciúme e reclamava, sempre dizendo “somos só amigos”. E era nos chuveiros que se escondiam do treinador bravo. Aquele banheiro tinha compartimentos, que dividiam os chuveiros para uso privado e individual. E o treinador nunca os via enquanto escondiam-se, rindo dele.

Mas agora o silêncio e medo deixava aquele vazio pior do que estava. E ele observava Luanna lavar o rosto. As lágrimas dela ainda desciam, mas ela parecia calma, molhando as mãos e trazendo-as aos olhos. Justin chegou próximo a ela, e acariciou-a nos cabelos.

- ‘Ele’ disse meu nome... - ela falou.

- Calma... - ele abraçou-lhe.

- Justin... - ela foi interrompida por um barulho. Botas caminhavam naquela direção.

Justin imediatamente teve a idéia. Correu puxando Luanna para um dos compartimentos dos chuveiros. Ela tremia de medo. Seu corpo parecia mole e cansado. Justin segurou-a e ficou abaixado do jeito que fazia pra não ser pego pelo treinador bravo e pagar com vinte flexões. Luanna tremia, e parecia que desmaiar. Ele segurou forte ela em seus braços. Temeu que ela falasse alguma coisa. Fizeram um mínimo de barulho.

A porta rangera, denunciando que alguém entrava. Não foi preciso pensar muito quem era, pois escutaram as botas fazerem o barulho chato. ‘Ele’ entrou e caminhou para a pia. A cor escura da cerâmica o despistava do sangue que escoara pelas mãos de Luanna, pois ali ela lavara as mãos. Justin olhou pela fresta da porta do compartimento. Aquele que matara seus amigos lavava a faca afiada, limpando o sangue de Jessica, Nick e Chris, e ainda o de Jason, pois ele agora acreditava que não era boneco, e sim o próprio Jason que fora espremido dentro do armário.

Luanna chorava, dando leves soluços. Justin segurava os lábios dela com as mãos. ‘Ele’ olhou para os lados. Justin olhou nos olhos dele, sentiu algo familiar. Luanna mexera as pernas, encolhidas. Aquela posição a machucava. Mas tinha que continuar assim, senão entregaria aquele esconderijo. Justin olhou-a, pedindo silêncio em pensamento. Ela lacrimejava nas mãos dele. Justin não sabia o que fazer. Ela caía em seus braços, estavam com as respirações coladas. O nariz de Luanna estava gelado. E ela tremia. Ele se viu sem alternativas. Tirou as mãos que seguravam os lábios dela, e a surpreendeu com um beijo.

Estavam apenas de lábios encostados, e olhavam um para o outro. Logo ele via a face de Luanna rosada, corada. Sangue alimentava seu corpo fraco. Luanna, devagar, mexeu os lábios, e, logo aquele beijo de garotinhos brincando na infância se tornou um beijo carinhoso e cheio de amor.

Logo, nem perceberam a faca brilhante sair do banheiro masculino, resmungando. O que parou aqueles dois de beijarem-se foi a última frase que ‘ele’ disse:

- Não sei por que ela acendeu a luz!

Eles se assustaram, e pararam o beijo. Luanna olhou pra Justin, quieto. Não arriscava falar, mas sabia que ‘ele’ já saíra do banheiro. Luanna foi quem deduziu:

- Só pode ser as Black Girls!

***

Joey espiava para ver quem era. Britney logo reconhecera. Eram duas das Black Girls. Pareciam que elas procuravam alguém. Ou Amanda. Ou eles. Joey perturbou-se. Josh tentava levantar-se, agora a mão doía menos. Christina e Jully tentavam limpar-se de sangue das roupas e mãos. Diego falou baixinho:

- O que vamos fazer?? - ele exclamou.

Embora aquele som que fizeram fosse apenas um sussurro, Nieve e Melanie olharam praquele lado. E viram as cabeças de Joey, Britney e Diego olhá-las, aterrorizados. Britney foi de encontro a Jully e Christina, e Joey segurou a porta com Diego. Melanie bateu com força, e Nieve gritava, enquanto batia:

- Por favor... Deixe-nos entrar!!! - ela chorava.

Joey ficou confuso. As Black Girls eram ou não assassinas???

- Cara... não!!! - Josh falava.

Britney, Jully e Christina abraçaram-se. As três viram a cara de Nieve e Melanie, desesperadas.

- Por favor... – Nieve falava baixinho, fazendo os jovens lerem seus lábios para entenderem.

Joey gritou. ‘Ele’ entrara na cozinha. Nieve e Melanie apenas olharam, aterrorizadas. Diego e Joey forçaram mais a porta. E as garotas observavam a coisa aproximar-se das duas do lado de fora.

- Eu... não entendo!! - Joey resmungava, chorando.

Christina olhou pra ele, chorando. Ele observava que as meninas também estavam confusas. E tinham medo. A coisa encostou-se à porta. Nieve e Melanie estavam imóveis, diante dela. Era alto e forte. Olhou para as duas, e deteve sua atenção a uma só quando Melanie exclamou, em alto e bom som:

- Você!!!!?????!

E o grito de Nieve assustou os jovens. O encapuzado esfaqueou Melanie na garganta. Nieve chorou, encostada na porta, ainda pedindo para os meninos abrirem. Christina olhou-a nos olhos. Jully e Britney abraçaram-se. Christina sussurrou:

- Joey... por favor... - ele olhou pra ela. Josh chorou.

Melanie caiu. O encapuzado se voltou para Nieve. Acariciou-a na face, enquanto ela chorava. E começou a puxar Melanie pelas pernas, deixando Nieve para trás. Foi a hora em que Joey abriu a porta, e ela entrou dentro da sala abafada. Assim que fecharam a porta, ela desmaiou.
 
 
 

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