CAPÍTULO 14
-
Onde elas estão, ein??? – ele quase ataca Amanda.
-
Que é isso, meu filho?? – Nieve e Melanie tentavam salvar a amiga da fúria
daquele rapaz.
-
Justin... – Josh acalmou o amigo.
-
Que foi, meu rapaz!? – Amanda, se livrando das mãos de Justin, perguntou.
Ele,
sem paciência, foi colocando o assunto, irritando as garotas.
-
Onde elas estão??? Onde está a Luanna???
-
E eu lá sei!!!
-
Onde??? A Britney... onde ela está!????
-
Não sabemos... gente!!! – Nieve reclamava.
-
Esperem... – Amanda falou, calando a todos.
-
O que foi!? O que é, Amanda?? – Melanie ficava nervosa ao ver a amiga branca,
começar a ter uma visão.
Aqueles
dois rapazes estavam sem paciência. Josh segurava Justin decidido a esperar
pelo que Amanda tinha pra dizer, seja lá o que ela estivesse vendo. Mas notou
que era algo diferente que ela sentia, até as amigas sentiram isso. Algo que
ligava Amanda àquele grupo de amigos notáveis do colégio onde estudavam.
-
Simples... – Justin tentava justificar a sua raiva naquelas garotas diferentes.
-
Justin... ela está bem!! Ela está bem! – Amanda dizia.
-
Josh! – Justin pedia para o amigo soltá-lo, apontando com a cabeça para os
braços.
Obedecendo,
Josh observava as outras duas garotas de preto, aflitas. Claro que elas não
diriam o porquê.
-
Ela... – Amanda continuava.
-
O que, Amanda!? O quê??? – Justin já queria saber do resto.
Todos
ali foram assustados pelo celular de Josh, tocando a marcha fúnebre.
Brincadeira de mal gosto de Chris naquela hora. Ele atendeu. Era Christina.
-
Josh... a Luanna me ligou agora!!! Ela está bem! E a Britney também!
***
Os
dois amigos dirigiam como loucos para chegar à delegacia. Lá dentro estava uma
tensão só. Nick estava nervoso e aflito. Jessica tentava conforta-lo, mas ele
estava uma pilha, talvez sentindo a responsabilidade de ser o mais velho da
turma.
Reclamavam
da demora do delegado para vê-los, com medo do perigo que corriam. Jully e
Christina sentavam próximas a porta onde Nick e Jessica estavam escorados. Joey
acalentava as duas enquanto esperavam Luanna e Britney aparecerem. A porta dava
acesso à sala do delegado. Chris e Diego pediam café na cantina próximo de onde
os amigos estavam.
Justin
e Josh chegaram apressados, preocupados com as duas “sumidas” da turma. Chris e
Diego encontraram com eles na porta.
-
E então?? – Josh perguntou a Diego.
-
Ainda não viram a gente!! Parece... – Diego falou, ironicamente. – Parece que
estão fazendo pouco do que dissemos!!!
-
E as meninas??? – Justin foi logo perguntando, querendo saber se Luanna já
tinha chegado com Britney.
-
Nada ainda!! Estão demorando muito pra chegar aqui!! – Chris respondeu.
Os
quatro foram para próximo dos outros. O delegado enfim abriu a porta,
chamando-os.
-
Bom, agora vou poder vê-los!!! – ele apontou para eles.
-
Ah... até quem fim!!! – Nick quase reclama com ele.
-
Mas... não vai entrar todo mundo na minha sala não!! – ele barrou Christina e
Diego.
-
Tá... – Nick voltou, apontando para os amigos. – Diego, fica aqui com as
meninas e Chris. Eu vou entrar com o Josh, o Justin e o Joey!
-
Tudo bem... – Jessica beijou-o nos lábios, docemente.
-
Tudo bem com você?? – Joey perguntou a Christina, percebendo sua carinha de
desconcertada.
-
Tudo bem... – Christina repousou a cabeça na mão de Joey, que acariciava
lentamente sua face.
-
Então vamos!! – Joey já estava gostando daquele carinho.
-
Espera!! Vou ficar aqui esperando Britney e Luanna! – Justin decidiu-se.
-
Tudo bem! Vamos! – Joey ainda olhava para Christina quando o delegado fechou a
sala. Sentiu aquele calor surtindo efeito dentro dele.
________________________________________
CAPÍTULO 15
O
delegado continuava com a face risonha ao ouvir o que Nick dissera.
-
O senhor entendeu o que eu disse???
-
Claro que sim, meu jovem!? Só que...
-
Mas eu não entendo é por que você está com esse sorriso tão bonito na cara,
enquanto nós estamos aqui, amedrontados! – Josh reclamou.
-
Você viu o estado daquelas garotas, delegado??? – Joey ainda lembrava-se do
rostinho de Christina.
-
Mas... é o que vocês não entenderam ainda, meus jovens!! – o delegado parou
aqueles jovens, senão não falaria nunca.
-
Mas...
-
Meu jovem... – ele parou, ainda calmo, a mão de Nick na mesa. – Deixe-me
explicar uma coisa!! Sabem que dia é hoje?? – ele perguntou, apoiando-se no
braço da cadeira, encostado na grande mesa que suportava toda a papelada que
ele amontoava.
-
Ah... – Nick quase riu ao perceber o dia que estavam. Era o dia que “ele” disse
que seria o fim.
-
Estamos no domingo de Halloween... – ele suspirou, como se o feriado fosse um “mau
presságio” de alguma coisa.
Os
outros jovens apenas olhavam para ele, curiosos para saber o que queria dizer
aquele homem tão ocupado.
-
Sabem o que é que jovens como vocês... – ele mediu as palavras antes de falar
daquela juventude transviada. – Sabem o que jovens baderneiros gostam de fazer
diante de um feriado como esses??? – ele continuou, com palavras melhores.
-
Tudo bem... – Josh suspirou um pouco irritado. – Sabemos que há festas
proibidas, drogas. Mas o que tem a ver com o fato de estarmos sendo ameaçados
por alguém. Alguém que não mede esforços para trucidar animais e nos assustar dessa
maneira!??? – ele tentava ser o máximo educado possível.
-
Meus jovens... – o delegado colocou na frente deles o bilhete malcheiroso que
Nick trouxera da casa de Diego. – Vocês têm idéia de quantos desses nós
recebemos nesses feriados??
Aquilo
quase fez Joey e Josh rir.
-
Mas o... – Nick falou, sendo interrompido por ele.
-
Nesses feriados... a diversão desses garotos é nos mandar isso... ou mandar
pras outras pessoas, assustando todo mundo!!!
-
Mas o nosso caso é diferente, delegado! No... – Josh foi interrompido por ele.
-
Mas ainda não acreditam em mim? – o delegado parou aqueles jovens atordoados.
Ele
abriu uma pequena gaveta atrás da grande mesa, numa espécie de estante de
metal, onde tinha alguns arquivos que pareciam importante. De lá tirou alguns
papelotes, colocando em cima da mesa, próximo ao bilhete nas mãos de Joey.
Os
jovens se assustaram. O delegado tirou de dentro do papelote centenas de
bilhetes parecidos com o que eles trouxeram. Alguns, inclusive, cheiravam como
sangue.
***
Os
garotos saíram dali tão logo quanto Justin caminhava para bater na porta. Os
outros acompanharam os amigos. Nick se despedia, apertando a mão do delegado.
As meninas quiseram saber o que tinha acontecido. Todos estavam misturados à
tensão e mal estar daquela delegacia.
Foi
na hora em que Luanna apareceu na portaria da delegacia. Procurava os amigos,
preocupada. Alguns policiais olharam, querendo perguntar o que queria uma
garota tão linda como aquela numa delegacia. Um deles se aproximou, com cara de
interessado.
-
Pois não, moça? – ele se direcionou para ela.
-
Por favor, onde... – Luanna ia começar a perguntar quando viu Justin no fim
daquele corredor longo, na porta da sala do delegado. Ele também a viu, e já
vinha na direção dela.
-
Luanna... – ele a abraçou, preocupado.
-
Justin... – ela se deliciou com o abraço vigoroso do amigo.
-
Onde... – Justin percebeu a cara de decepção dos policiais. – Onde está a
Britney?? – ele a levou para longe daqueles gaviões.
-
Está lá fora, estacionando o carro!! O que houve!? A gente veio o mais rápido
que pôde, mas o trânsito estava infernal!!!
-
Vem... vamos todos pra casa do Josh! – Nick saía, liberando a delegacia
daqueles jovens transviados.
***
Na
casa de Josh, todos estavam esperando uma explicação de Nick. Josh estava
encostado à porta do quarto, próximo a cadeira onde Chris estava sentado. Joey
abraçava Christina, preocupado com o comportamento da amiga. Diego e Jully
estavam próximos a Christina e Joey, na cama de Josh. Jessica estava sentada no
chão, agarrada a perna de Nick, sentado na cama. Justin se dividia de Luanna
por causa do abraço assustado de Britney. Ela amedrontou-se quando alguém a
adiantou o assunto do bilhete.
-
Bom, gente... o fato, para quem não soube ainda, é que o “nosso amigo”... –
Nick deu uma pausa, deixando a última frase mexer com todo mundo. – Bem... ele
nos mandou outro bilhete!!
Britney
se recuou nos braços de Justin, e ele ficou preocupado com o que Luanna
pensaria. Chris aproveitou-se para sentar próximo a Luanna, abraçando-a. Nick
continuou, matando a curiosidade de todos.
-
E o delegado o esclareceu pra gente!!! – ele lançou um olhar meio risonho para
todos daquele quarto. Josh suspirou aliviado, acalmando os que ainda não sabiam
da história.
-
E o que ficou resolvido?? – Diego perguntou.
-
Bom... o fato é que... de certo é brincadeira! Mas não significa que é um
assassino perigoso assim como Willa Ford falou em todas as suas aulas!!!!
-
É mesmo... Willa Ford foi quem assustou todo mundo dando aquelas aulas sem
Química! – Chris disse, ainda curioso.
-
Assustou os idiotas, isso sim!!! – Joey brincou com Chris, enquanto acarinhava
o cabelo loiro de Christina.
-
Bom, o delegado mostrou uma centena de bilhetes... inclusive alguns com cheiro
podre de sangue... mensagens vermelhas... umas são tão óbvias que são bobagens
que até o delegado a deixou separada das outras.
-
Então... era tudo brincadeira!??? – Luanna deleitou-se no abraço carinhoso de
Chris.
-
É, Luanna!!! – Josh sorriu. – Alguém brincou com a gente!!!
-
As Black Girls!!! – Jully e Jessica pensaram igual!
-
Não… Jason Brown!!! – Joey continuou.
-
O fato é que… – Nick continuou, atrapalhando especulações. – Vamos bancar os
detetives nesse Halloween e pegar esse “inimigo”! – ele animou a todos.
-
Hey... é o Jason! – Joey continuava.
-
E o delegado... – Josh continuou a falar. – Ele ficou com o bilhete, pra
investigar o sangue... de todo jeito! – Josh falou.
-
E os peixinhos? E o cachorro? – Luanna ainda indagava. Pelo visto ela era a
única que ainda sentia a sensação ruim.
-
Os peixinhos podem ter sido sim a arte negra das Black Girls. Aquelas meninas
morrem para assustar vocês. – Josh concluíam o caso.
-
E o cachorro pode ter sido como o veterinário mesmo disse, envenenamento por
acidente. Fora apenas coincidência de ser durante esses trotes. – Nick
terminou.
As
meninas sorriam, aliviadas, e felizes por tudo ter saído bem! A felicidade
delas era tamanha que não dava pra os meninos perceberem, mas elas sorriam
entre si, por estarem cercadas de amigos tão legais que eram capaz de
diverti-las pro resto de suas vidas. Britney sentou junto a Christina e Jully,
pra cochicharem.
Justin
aproveitou para roubar Luanna dos braços de Chris. A amizade deles tinha tomado
outro rumo por causa dos acontecimentos, e ele estava gostando. Aproximou-se
dela, e perguntou:
-
E aí? Falou com seu pai e sua mãe!? – sussurrou no ouvido dela.
-
Ah... sim! – ela sorriu. Fazia tempo que Luanna não sorria assim. – Eles me
ouviram... e eu os ouvi!!! E tudo se resolveu naturalmente!!!
-
Hum... – ele sorriu, fazendo-a se derreter. – E foi assim?? Fácil!?? – riu de
novo.
-
Como assim... “fácil”!?? – ela imitou a voz dele.
-
Eles não impuseram nada!?? – Justin admirava os olhos brilhantes dela.
-
Ah sim... – ela sorriu, olhando pro chão. – Disseram que eu não podia namorar
você! – fez cara de tristeza.
Justin
levantou as sobrancelhas finas e assanhadas, num susto. Afastou a cabeça dela,
para olha-la de frente.
-
Mesmo??? – ele ficou surpreso. – Ele disse isso... assim??? Como?? – perguntou,
nervoso.
-
Ah... – ela disse: “Tudo bem, filha... contudo você não deve se envolver com o
Justin, pra compensar os comentários!” – Luanna tentou não rir, observando o
rosto do amigo.
-
Ele disse assim?? – Justin sorriu, triste.
-
Estou brincando, Justin... – Luanna riu. – Posso beijar você... se eu quiser! –
ela falou, tentando não olhar pra ele.
Todos
falavam ao mesmo tempo, em grupos separados. Nick tentava reunir os fatos com
Josh, Joey e Diego. Jessica conversava com Britney, Chris e Jully, comentando
sobre os suspeitos sem graça que eles tinham. E ninguém ali notava o rostinho
de Christina, separada de todos, triste.
-
O que foi, Christie? – Joey aproximou-se dela e falou, baixinho. – É por causa
do Max!?
-
Ah, Joe... É que faz falta! Para todos ficou resolvido! Mas pra mim falta uma
coisa muito importante!
-
Não ficou tudo bem pra gente!!! – ele reclamou. – Vamos achar esse cara... e
vamos dar uma lição nele!! – Joey demonstrava como iria pegar o “cara”, dando
socos no ar, fazendo Christina rir.
-
Pôxa, Joey!!! Brigada mesmo pela força que você tá me dando!!! Você é muito
fofo!!!
-
Ah... – Joey sorriu, bonito.
Christina
descansou seu rostinho no ombro quente de Joey.
-
Christie... a quanto tempo nos conhecemos!? – ele tentava lembrar.
-
Ih... a muito tempo, Joe! – ela sorriu. – Por quê?
-
Como nunca tinha me ligado em você? – Joey foi direto. Christina ficou tímida.
-
Ah... – ela olhou pra baixo, tirando a cabeça do ombro de Joey. – Não sei... –
ela sorriu.
Joey
olhou pra ela. Christina era muito mais bonita que todas as namoradas que ele
teve. E sempre esteve ali ao lado dele. Sempre era carinhosa e solitária. Era
garota sensível, e risonha. E como ele nunca a percebera?
Josh
atrapalhou os pensamentos deles, gritando:
-
Ei, espera aí!!! – ele se levantou, indo em direção a janela.
-
Que foi, Josh? – Jessica perguntou, levantando-se com ele.
-
Eu vi alguma coisa se mexendo aqui!! – ele observou o exterior da casa dele.
Josh
observava as pessoas andarem lá fora, organizando suas festas familiares. As
casas escuras já davam o clima enquanto anoitecia. O sol apenas esfriava o
clima de terror, começando a se esconder no seu leito de sono. Josh, atento, observava
as pessoas, encostado em seus colegas. Foi quando ele viu o bilhete no chão.
-
Ali!!! – ele apontou pro no jardim de sua casa.
Os
outros olharam pro chão. Alguns viram, enquanto os outros se amontoavam para
enxergar. Josh pulou a janela, não muito longe do chão.
O
pegou, observando. Não parecia escrito à sangue. Então abriu.
“Não querem fazer
uma visitinha ao colégio???”
Todos
se olharam, incrédulos.
-
Então é outra brincadeirinha do nosso “inimigo”! – Nick sorriu, maliciando a
vingança.
Todos
riram, despreocupados. Josh comentou:
-
Não acredito!! As brincadeiras continuam!!!
-
Essas Black Girls continuam as mesmas!!! – Britney reclamou.
-
Ah... agora acredita que foram elas!!! – Luanna olhou pra amiga.
-
Não... é que pra Britney é qualquer coisa é melhor que o Jason!!! – Joey
reclamou.
-
Peraí, Joey! – Josh parou o amigo.
-
Peraí... nem sabemos quem é... apesar de todas as desconfianças!!! – Justin
acalmou os ânimos dos afoitos.
-
Justin tem razão! – Nick começava.
-
É... sabem o que temos a fazer!!! – Jessica defendeu o namorado.
-
O quê??? Atrás do Jason??? – Britney estava disposta a defender a paixão.
-
Ou das Black Girls!?? – Jully continuava citando os suspeitos.
-
Se quisermos achar o culpado... temos que ir ao colégio! – Justin falou.
-
Eu acho que ele está certo!! Vamos todos juntos!!! – Nick disse, pegando na mão
de Jessica.
Josh
foi dentro de casa, buscou algumas lanternas do combinado de acampar. Estava
escurecendo. Os outros se olharam. Não foi difícil convencer ninguém. Todos
queriam pegar quem quer que estivesse fazendo aquilo.
________________________________________
CAPÍTULO 16
Eles
seguiram, a pé, para que ninguém visse os carros parados na porta do colégio.
Josh fechou o portão de sua casa vagarosamente, disfarçando qualquer sorriso
ameaçador que denunciasse a alegria que sentia em pegar aquele que passou o
trote neles. Não desconfiava de ninguém em particular, Jason ou as Black Girls,
mas se extasiava em descobrir.
Justin
e Luanna deram-se as mãos, um pouco aflitos. Justin via um brilho sem luz nos
olhos de Luanna, como se ela não quisesse ir lá saber o que era. Diego, ao ver
o casal de amigos, cutucou Jully, apontando os dois de mãos dadas, rindo por
dentro e notando que os dois faziam um belo casal. Jully sorriu, pensando a
mesma coisa. Agarrou na mão de Diego também, satisfeita. Procurava as outras.
Britney e Christina iam mais à frente, abraçadas por Chris e Joey,
respectivamente. Seguiram caminho, atravessaram a rua de Josh e pegaram a
principal. O colégio não era muito longe de lá.
Andavam
normais pelas ruas. Tudo estava estranhamente normal num dia como aquele. As
pessoas em suas casas monstruosas para as festas daquela noite, enfeitadas com
teias de aranhas e morcegos de plástico. O sol ia se pondo devagarzinho. As
crianças saíam fantasiadas de casa para pedir doces, juntos com seus irmãos
mais velhos. Alguns vampirinhos deram voltas ao redor da Jessica, sorrindo. Mas
ninguém ali tinha clima pra sorrir. Embora estivessem mais tranquilos, o
nervosismo e a ansiedade os fazia perder o senso de humor.
Andaram
até chegar próximo ao portão do colégio. Eles observaram se ninguém estava à
vista. Entraram no colégio fechado pulando o grande metal que cercava o campo
de futebol. Nick pulou na frente, atravessou o campo de futebol onde treinava,
sendo seguido por todos. Jessica correu pra ir próximo a ele. Britney e
Christina andaram juntas, Chris e Joey vinham atrás delas. Jully e Diego,
seguidos por Josh, vinham atrás. E mais ao fundo vinha Justin e Luanna. Andavam
assustados pelo campo de futebol enorme. Um silêncio aterrador amedrontava as
garotas. Justin olhava ao redor, para ver se alguém os observava.
Estava
anoitecendo, dava ainda pra ver as crianças fantasiadas batendo nas portas das
casas e dizendo: “Gostosuras ou travessuras?”. Não deu pra Justin perceber, mas
Amanda observava junto com as outras garotas, curiosas para saber o que eles
queriam dentro do colégio fechado, num dia de Halloween.
Chegaram
à porta da frente do colégio de dois andares. Era dupla, e alta, e estava
fechada. Nick puxou uma delas apenas para constatar que não abriria facilmente.
Jessica apenas olhava pra ele.
-
Ótimo! Como iríamos abrir isso aqui se fôssemos acampar nesse colégio!?? – ele
olhou os outros.
Chris
e Josh procuraram algo que ajudasse a abrir a porta. Diego chamou a atenção
deles para um ferro próximo ao portão da frente do colégio, talvez com ele
conseguissem quebrar a maçaneta. Tentaram, mas a porta era grossa e firme,
assim como a maçaneta e o trinco, não abria.
-
Não sabia que era tão ruim assim pra arrombar uma casa!!! – Nick disse,
limpando a testa. Christina, que estava observando aquilo de longe, falou:
-
Ei, gente... venham aqui... Acho que... aquela porta lá atrás... está aberta!
-
Qual??? – Josh foi olhar. – Ah, é a porta dos funcionários. Bem Williams pode
estar por aqui! – e todos seguiram Josh.
-
Ai, meu Deus! Será que foi ele??? – Jully falou.
-
Ele é bem esquisito mesmo! E sempre fica olhando pra gente! – Josh lembrou-se.
Eles
entraram vagarosamente, sem saber que estavam sendo seguidos o tempo todo por
Amanda, Melanie e Nieve.
-
Apenas não entendi como a porta estava aberta! Mas quando encontrarmos nosso
cara malvado eu pergunto isso a ele! – Justin falou, sentindo o arrepio no
braço de Luanna ao entrar no colégio.
Atravessaram
o corredor dos armários, silenciosos. Tudo estava muito escuro, não dava pra
ver absolutamente nada. Apenas sombras dos armários onde os estudantes
guardavam suas coisas. Luanna sentia falta dos alunos correndo, observando-as
passar pelo corredor. Britney largou de Chris, indo para próximo de Luanna, com
Justin.
-
Lu, o que diabos viemos fazer aqui!??? Está tudo escuro... – ela falou, no
ouvido da amiga, mas em bom som para todos ouvirem.
Josh
lembrou-se das lanternas. Eram cinco lanterninhas que conseguira com o pai numa
loja de ferramentas para camping, na cidade. Lembrou-se de quando as encheu de
pilhas, e testou, uma por uma. Colocou a mão no bolso, em busca delas.
-
Pessoal!! – ele falou, parando todo mundo. – Tenho a luz, gata! – ele brincou
com Britney, acendendo uma lanterna rente a face dela.
-
Ótimo, Josh! – Nick comandou a situação. – Uma pro Joey e a Christina. Uma pro
Justin, Luanna e Brit. Uma pro Diego e Jul... – Nick calou-se.
Ouviram
um estrondo. Um barulho seco, abafado, agoniado. Josh levantou sua luz,
procurando o barulho. Todos observavam os arredores, com as lanternas ligadas.
Josh observou a porta da frente do colégio. A grande porta que era difícil de
abrir e até quebrar.
Nick
e Jessica sentiram algo se movendo na frente deles. O escuro denunciava apenas
sombras negras, e eles já não sabiam diferenciar a realidade da imaginação.
Iluminava com a pequena luz da lanterna, mas nada se via a frente além dos
grandes corredores largos do Oxford High School. O casal virou-se rapidamente.
Jessica, temendo algo, tentou correr, sendo segura por Nick. Todos observavam o
lugar de onde saía o barulho. Justin pressionou a mão suada de Luanna. “Que
trote!” – Britney pensava. Nick já estava cansado. Ele e Josh levantaram os
passos. Jessica agarrou-se com Christina, amedrontada. Justin ia junto de Nick
e Josh, mas Luanna puxou-o para próximo dela.
Outro
barulho seco foi ouvido, e os jovens de Oxford puderam ouvir e distinguir claramente
um sussurro abafado, de um homem.
________________________________________
CAPÍTULO 17
Justin
olhou pra trás. Britney e Luanna olharam pra ele, amedrontadas. Naquela hora já
estavam todos assustados. Um silêncio aterrador tomava conta do local, só
deixando um espaço apertado para os pensamentos duvidosos dos jovens. Jully
virou-se pra trás, acompanhando os pensamentos dos três mais jovens daquela
turma.
-
O que é que tá acontecendo aqui??? – Diego disse, quieto, puxando Jully,
olhando para trás.
-
Cadê o Chris? – Christina chorava, nervosa. Sua voz cortava. – Onde está o
Chris? Ele estava bem aqui, e agora...
Um
barulho naquela hora os fez calar-se. Os corações foram aos pulos, assombrados
com qualquer idéia que brotavam nas suas mentes. E brotavam aos montes. Naquele
meio de estudantes, os menos tensos conseguiam pensar. E observaram de onde
vinha o barulho incômodo, abafado. Vinha de um dos armários, no fim do longo
corredor do Oxford High School.
Justin
suspirava, preocupado com Chris. Nick e Josh procuravam na frente, iluminando
pequenas áreas com a lanterna. Jessica, Joey e Christina tentavam abrir a porta
por onde eles entraram. Eles não perceberam Melanie e Nieve espremidas entre os
armários, tentando ao menos esconder-se. Nem a porta grande, e nem aquela por
onde entraram, queria abrir. Jully desesperou-se com Diego. Luanna puxava
Justin para trás, amedrontada. Britney e ela tentavam abrir a porta da frente,
sem sucesso.
Josh
e Nick começaram a gritar pelo amigo:
-
Escuta aqui... seu palhaço idiota!!! Já conseguiu assustar as meninas!!! Agora
aparece pra gente quebrar a tua cara!
-
Eu só quero sair daqui!!! – Britney disse.
Nick
foi até Jessica e Christina, puxando-as pelas mãos. Joey abraçou Christina,
chorosa. Jully agarrou com força a camisa de Diego, dizendo baixinho: “Eu mato
aquele estúpido... eu mato!”. Jessica e Nick foram à frente, guiando a turma.
-
Nick... se foi esse imbecil que mandou os bilhetes... prometo quebrar as duas
pernas dele! E ele nunca mais joga futebol novamente! – Josh falou, trincando
os dentes.
-
Faço isso com você!!!
-
Eu não acredito que foi o Chris! Mas eu também quero matá-lo! – Britney tremia
do outro lado de Justin.
Diego
e Jully seguiam atrás, e Joey consolava Christina, também ameaçando agarrar e azucrinar
Chris. Os jovens de Oxford pararam de caminhar à medida que ouviram outro
barulho abafado. Outra vez identificaram a voz de um homem, abafada de alguma
forma. Vinha do fim do corredor. Do mesmo armário de outrora.
Nick
caminhou rapidamente até os armários da frente. A turma correu também, não por
ansiedade, mas por medo de ficarem pra trás. Josh iluminou os armários do lado
esquerdo do fim do corredor. Todos estavam enfileirados, normais. Nenhum amasso
ou quaisquer manchas que indicassem que fora aberto, denunciando o lugar do
barulho, da voz. Diego iluminou o lado direito. Foi quando todos observaram
destacadamente manchas de sangue no chão.
-
O que porra é isso??? – Joey exclamou. – Isso é sangue??
-
Parece...
-
Não sentem esse cheiro horrível!??? – Christina reclamou, abraçada a Joey.
-
Parece que vem dos armários... – Jessica deduziu.
-
O que tem aí dentro!?? – Jully perguntou a Diego, como se ele soubesse a
resposta e matasse toda a charada.
Luanna
era a mais distante de todos eles. Parecia que ela sentia que era algo muito
ruim, e não uma simples brincadeira de Chris para deixá-los com medo naquele
feriado. Tentava achar alguma pista, algum significado, enquanto os outros
discutiam o que era aquilo tudo. Foi quando ela percebeu um pedaço de tecido.
Um tecido azul, de algodão, com marca de corte, sujo de sangue. Ela já tinha
visto aquilo.
Justin
observou Luanna se abaixar até o pedaço de tecido. Todos se calaram. A jovem
loira líder de torcida do Oxford High School levantou o pedaço de pano, do tamanho
da palma de sua mão. Todos observaram. Suas mãos tremiam.
-
Britney... reconhece!? – ela mostrou, com uma face um tanto preocupada.
-
Ah, não! – ela lamentou. – Jason... – Britney falou, fazendo todos dali,
especialmente Joey, lançarem um sorriso sarcástico.
-
Tinha que ser... – Joey largou Christina.
Luanna
derrubou o pedaço de tecido. Nick olhou pra ela. Levantou o rosto dela e
perguntou:
-
O que é, Luanna???
-
Nós... não devíamos estar aqui!! Sinto algo ruim... – ela falou. Todos ficaram
preocupados.
-
O que é!?
-
Jason... a última vez que vi ele com isso foi na frente da casa da Christina! E
ele não apareceu desde então!!!
Todos
foram calados por um baque forte. O armário sujo se mexera, agonizante. Agora
escutaram uma voz angustiada. Parecida com a de Chris.
Britney
falou:
-
Vamo sair por outro lugar gente!!! Essas portas estão trancadas, inclusive a
que entramos, e esse colégio é muito grande, tem outra saídas!
Todos
ficaram quietos. Nem ao menos mexeram as pernas para correr, como Britney pedira.
Justin soltou Luanna. Ela foi à direção do armário barulhento. Josh apressou o
passo atrás dela.
-
Espere aí, Luanna! – ele acompanhou-a. – Aonde vai com tanta pressa!? – Josh
falava para a jovem.
Luanna
encostou-se ao armário que tinha saído o ruído abafado. Todos apontavam suas
lanternas para a cheerleader do
Oxford High School. Ela olhou pra Nick.
-
Estamos grandinhos para ficarmos nos “achos”!
– ela falou pra Nick. – Se o barulho saiu daqui, temos que verificar aqui! Tem
sangue por todo esse armário!!!
Nem
bem Luanna terminou de falar e outro barulho abafado saíra do armário. Os
jovens se mexeram, impelidos a correr. Josh abraçou Luanna por trás, para
protegê-la do que quer que saísse se lá. Os dois forçaram a porta do armário de
ferro, com força. O cadeado parecia arrombado, mas a porta estava forçadamente
trancada.
O
repúdio encheu-se nos olhos de Luanna quando abriram uma fresta de ar. Um
cheiro forte e nauseabundo de sangue cru subiu através do ar, afetando as
narinas e os pensamentos daqueles jovens. Luanna e Josh se afastaram da porta
entreaberta. Justin puxou Britney para próximo dele, amedrontado. Diego abraçou
Jully com força; Christina e Joey juntaram os rostos frios, num abraço de medo,
e seus lábios tocaram um no outro, embora todos só pensassem no medo que
estavam sentindo. Nick colocou Jessica atrás dele, indo em direção a Josh.
-
Por favor, gente... vamo embora! – Britney chorava, abraçada a Justin.
Josh
puxou o resto do armário. O susto passou no rosto de todos. Os olhos brilharam
de terror, ao ver a pior das cenas que eles imaginariam ver algum dia na vida.
O corpo de Jason estava totalmente espremido dentro do armário de colégio. Mole.
Morto. Como foi colocado lá eles não queriam nem saber. As garotas cobriram os
olhos com as mãos, soltando um gritinho fino, assustado, e os rapazes
enchiam-se de repúdio, cobrindo as amigas de algo tão grotesco. Britney
soluçou, apavorada.
-
Meu Deus... - Nick lacrimejou de nojo e agonia.
-
Nick... - Josh olhou pra ele. Parecia impossível de se pensar naquela hora. –
Ele está morto, cara. A garganta dele tem um corte enorme na frente.
Ele
apenas fechou a porta difícil, empenada. Nick pegou-lhe no ombro.
-
Vamos achar o Chris e sair daqui!!!
Nick
começou a caminhar no escuro, agarrado a Jessica, impondo sua força para que a
namorada não caísse no chão aos prantos, assustada. Christina seguiu com Joey,
Jully e Diego. E Britney, Justin, Luanna e Josh vinham atrás, apressando pra
não ficarem muito longe dos amigos.
-
Chris!!! – Luanna começou a gritar pelo amigo.
Josh
olhou pra ela, tentando pensar em por que Chris teria sumido naquela altura do
campeonato. Jason morto não estava numa das brincadeiras malucas que ele
costumava fazer. As meninas estavam assustadas e os meninos exaustos de tanta
pressão. A visão de Jason dentro daquele armário. Não! Não era real! Na mente
dele, aquilo só acontecia nos filmes. Aquilo era só um boneco que Chris
colocara para assustar as garotas. Naquela hora, ele só queria que Chris
aparecesse, rindo, tirando onda. Assustava menos pensar que ele estava zoando,
do que perdido, sem notícias.
Eles
cruzavam o primeiro raio de armários, daquele imenso corredor de entrada do
Oxford High School. Ninguém mais falava a não ser Luanna, que gritava por
Chris. As lanternas apontavam para frente, iluminando o caminho a ser
percorrido. Os jovens respiravam alto, denunciando o medo, tensão e ansiedade
sobre o que vinha a frente. E parece que eles não podiam pensar em nada.
Um
barulho os paralisou novamente. Todos pararam, no início do segundo raio de
armários. O barulho era abafado de novo. Luanna tentava saber o que seria.
Pareciam pés arrastados. O escuro frio de dentro do colégio os fazia pensar em
tudo. O barulho parou. Eles continuaram a andar, sem perder tempo, tentando
achar Chris, e outra saída que não àquela trancada.
Christina
chorava inconsolada. Joey a apoiava com os braços, tentando confortá-la. Justin
sentia o perfume de Britney, desejando que fosse Luanna aquela que estava com a
cabeça descansada no ombro dele. Diego limpava as lágrimas de Jully. De fato as
meninas estavam assustadas. Se tudo era brincadeira de Chris, ou se Jason
estava mesmo daquele jeito, eles não tinham certeza. Apenas o cheiro horrível
de morte e o medo fazia-os ficar amedrontados com qualquer possibilidade naquele
Halloween.
O
segundo raio de armários terminava, e os adolescentes continuavam o caminho ao
terceiro, e assim, chegar ao fim do grande corredor. Nick tentava lembra-se do
colégio iluminado, mas as pequenas sombras amarelas deixadas pelas lanternas
dificultavam a situação. Josh e Luanna foram à frente, próximo ao único casal
da turma, tentando lembrar onde ficavam os armários deles. Um grito fino,
assustado, parou aqueles jovens cansados. Justin reconheceu imediatamente a
voz.
________________________________________
CAPÍTULO 18
-
Chris!!! - o jovem berrou.
Nick
soltou-se de Jessica e imediatamente todos perceberam que Chris gritara.
Começaram a correr de volta ao início do primeiro corredor. Foi de lá que
ouviram o grito do amigo. Nick realizava na sua mente se Chris estivesse mesmo
precisando de ajuda. Josh correu atrás de Nick, e rapidamente chegaram a grossa
e inquebrável porta de entrada. Um rastro de sangue fez Luanna apontar a
lanterna de Josh pro chão. O cheiro assustou ainda mais a mente daqueles garotos.
Luanna
viu pontas de dedos mexerem, no chão. Eram os pés de Chris.
-
Chris!!! - a jovem derrubou a lanterna, e ninguém viu em que ela se agarrava.
Justin
levantou a lanterna dele, falando o nome da amiga para ela responder. Os jovens
só ouviam o choro de Luanna. Um gemido mais forte foi ouvido, e Justin apontou
a lanterna pro chão. Lá estava Luanna, olhando pra ele, com a face suja de
sangue. Nick clareou o resto, e todos viram Chris caído no chão, sua camisa
xadrez ensanguentada, seus dedos apertavam com dificuldade a mão de Luanna,
sujando-a ainda mais de vermelho vivo. Nick abraçou Jessica, amedrontado. Josh
se abaixou, enquanto todos clareavam o lugar. Chris estava olhando pra cima, e
falava pouco.
-
Cara!!! - Josh exclamou. - Isso... é alguma brincadeira!?? - lacrimejou.
-
Não... - Chris falou, vagarosamente. – Não vi... não vi...
-
Shiiii - Luanna o fazia calar.
Christina
se desesperou, sendo acuada por Joey. Jully e Diego tentavam abrir a porta pela
qual entraram. Ela continuava trancada.
-
Eu... vou morrer... - Chris suspirava.
-
Chris...
-
Me... esfaquearam... - ele tentava tirar a camisa xadrez, para que todos vissem
o corte. Luanna segurou sua mão.
Josh
tinha que ver. Tinha que ter certeza que o amigo não zombava deles. Abriu
devagar a camisa xadrez de Chris, e ele e Luanna viram o corte no estômago, que
tomava até o outro lado, profundo, horrível. Lágrimas caíram dos olhos de Josh,
e foi que todos perceberam que era grave. Luanna chorou baixo. Chris olhou pra
ela. Seus olhos brilharam.
-
Não... fiquem... aqui...
-
Chris... - Josh segurou na outra mão do amigo.
-
Saiam... ele vai matar vocês...
Nick
abraçou Jessica e ambos choraram. Chris olhou todos, e os olhos de repente
ficaram sem vida. Luanna caiu com o rosto em cima dele. Josh a levantou,
abraçando-a. Jully abraçou Christina. E todos choraram naquele corredor, com
angústia e dúvidas.
Foi
quando ouviram os passos pesados. Botas grandes do tipo exército caminhavam pra
aparecer no final do terceiro corredor. Luanna foi levantada por Josh, e todos
olharam atentamente para o terceiro corredor. As lanternas iluminavam aquela
parte, e eles imaginavam esse “ele” a
qual Chris se referira. Alguém tinha matado não apenas Jason, mas também Chris.
E estava caminhando pra eles. Eles tremiam.
Nick
andou em direção ao fim do primeiro corredor, fazendo todos gritar.
-
Aonde vai... Você é louco!??? - Jessica acompanhou-o, puxando-o.
-
Olhe onde estamos!!! - ele retrucou. - Se ficarmos aí, estaremos
encurralados!!!
Todos
se levantaram e andaram com ele até o fim do primeiro corredor. Nick parou, e
todos fizeram o mesmo. Ele queria ver quem era. Ter certeza de que ele ficaria
por lá enquanto os outros corriam. Todos respiravam fortes, as sobrancelhas
dobradas atiçadas definiam a ansiedade e preocupação com o que viria. Todos
queriam ver. Todos permaneceram parados.
Os
passos aumentavam o volume, denunciando que estava próximo do corredor. Os
adolescentes ansiosos puderam ouvir que quem quer que viesse ali rira. E estava
rindo ainda. Uma risada modificada. Algum tipo de decodificador que só viram em
programas policiais, que as testemunhas usavam para não serem reconhecidas.
Então, sem que eles esperassem, a coisa apareceu no corredor. As lanternas
focavam um ser humano, vestido num capuz preto longo, e botas de exército, com
o rosto todo coberto. A coisa ainda ria. Foi quando o brilho de metal da faca
cegou os jovens. Christina choramingou de medo, suspirando: “Oh, meu Deus!” - ela falou, em meio a
gaguejos. Quando a coisa iniciou sua caminhada rumo em direção aos jovens,
todos correram, dobrando para a direita do primeiro corredor, pro lado das
quadras de natação do grande colégio de Oxford.
Nick
liderava, segurando na mão de Jessica, lacrimejando sem entender por que
estavam naquela situação. Joey empurrava Christina com o ombro forte, senão a
amiga ficaria caída no chão, aos prantos. Diego e Jully ajudavam Britney e
Justin, arrasados por Chris. Luanna e Josh vinham atrás de todos. Luanna virava
a cabeça várias vezes, verificando se
“ele” viria atrás deles. Ela estava tonta, cheirando a sangue.
Nick
abriu a porta com força; a quadra estava triste, vazia, sem ninguém, nenhum
adolescente berrando, fazendo discursos, brincadeiras, zombando dos amigos,
jogando bola, treinando para os jogos estaduais. Ao invés disso, tinha jovens
assustados, sujos de sangue e suor, fugindo de algo que eles não sabiam
explicar o que era nem o que estava fazendo com eles. E tinha dois outros
mortos.
Eles
cruzaram a grande quadra de basquete. O ginásio era enorme, coberto de bolas e
objetos que os estudantes que treinavam no domingo deixaram lá. Não tinham
idéia se o encapuzado tinha os seguido. Estavam cansados e suados. Fazia um
calor constante dentro do colégio fechado. Ainda tinham que enfrentar a longa
escuridão iluminada apenas pelas lanternas pequenas de acampamento. Eles
chegaram à parede do fundo do colégio, onde ficava de frente a porta de
entrada. Justin sentou Britney no chão, e os outros fizeram o mesmo, mas
observando a porta grande, com as luzes da lanterna iluminando mal. Nick deu a
ideia.
-
Se não podemos vê-lo, ele também não nos verá se apagarmos as luzes...
As
meninas detestaram, mas ninguém era louco o bastante de falar algo por causa do
silêncio. Dava pra escutar o pingo da torneira da pia da cozinha. Jessica
sentou-se no chão agarrada a Nick. Joey sentou primeiro para acolher uma
Christina chorona e fraca em seus braços. Justin olhou pra Luanna. Ela estava
suja e malcheirosa a sangue, e mesmo assim ele não esqueceu o brilho e a beleza
da jovem astuta olhando pra ele. Josh aquietou Britney, próximo aonde Diego e
Jully haviam sentado, chorando. Justin chegou próximo a Luanna, sentou-se ao
lado dela, beijando-lhe a testa. Todos estavam em silêncio. No mesmo instante,
todas as lanternas foram apagadas. Luanna sentiu o braço quente de Justin
enlaçá-la protetoramente. Deitou-se em seu ombro, e chorou a morte de Chris
baixinho.
________________________________________
CAPÍTULO 19
Não
demorou muito para passos de botas surgirem. Jessica bateu no braço de Nick,
que fazia de tudo para acalmá-la. Christina soluçou assustada, na manga de
Joey. Os passos das botas de cano preto aumentavam, e logo todos escutaram a
grossa porta ranger denunciando que alguém entrara na sala.
Ninguém
deu um pio. Escutaram os passos aproximarem-se. Luanna hesitou em mexer, mas
Justin segurou-a. Ninguém ousou mexer um passo mais. As botas continuavam
desfilando na quadra, fazendo o seu barulho. E ninguém escutou mais nada.
Parecia que “ele” tinha parado ali, na quadra, bem próximo onde eles estavam.
De repente, uma voz, alheia à daqueles jovens, berrou:
-
Agora!!! - disse a voz, um pouco chorosa, temerosa, mas com força o suficiente
para ordenar uma ação.
Foi
o tempo de os jovens escutarem as botas correrem de um lado para outro, em seguida
um suspiro forte e depois um choro abafado. As meninas, desesperadas,
suspiravam de pavor, sem saber o que acontecia. Tensão tomou conta dos rapazes,
para segurá-las enquanto pensavam o que estava acontecendo.
Nesse
momento, todas as luzes se acenderam. O colégio estava às claras. O susto dos
jovens foi tremendo. Todos olhavam de um lado para o outro, sem saber o que
aconteceu, quem tinha acendido as luzes. A voz era conhecida deles, e eles
pensavam nisso quando Britney notou o cabelo de Jessica.
-
Jess... tem... algo... no seu cabelo!! - ela tremeu.
Jessica
passou a mão, perguntando o que era. Parou, em choque, quando percebeu que era
sangue.
-
Ni... - ela choramingava. Pedia uma resposta do namorado calado.
-
Pelo amor de Deus... - Christina agarrou Joey, chorando baixo, suspirando como
criança.
Josh
segurou Jessica, impedindo-a de ver a cena horrível que seu namorado estava.
Ela caiu no choro. Luanna e Justin se encheram de nojo ao ver o pescoço de Nick
cortado, jorrando sangue, deslizando como água corrente na sua roupa de jogador
de futebol. Jessica chorou, segurando Josh com força. Ele também perdeu as
forças e chorou no ombro dela, sem entender nada.
-
Por-r... q-quê??? - Jessica suspirava. - O q-que...
-
Chiii... não fala nada... Não... fala! - Josh soluçava. - A gente... precisa
sair daqui... - ele recobrava as forças; agora tinha que tirá-los dali. - E
chamaremos a polícia! - ele abraçava-a.
-
Estou com ódio, Josh! Um ódio tremendo... Doendo no peito!! Dói, dói muito!!! -
Jessica choramingava nos braços dele.
-
Gente... - Diego chamava a atenção de todos. - Quem... quem gritou... e acendeu
a luz!???! - ele lembrou algo que ninguém lembrava.
-
A... a voz... - Jully buscava na memória aquela voz que ela tinha a impressão
de já ter escutado.
-
Parecia familiar...
-
Sim... era, Joey! Era a... a Amanda!!! - Jully lembrou-se. Eles mexeram-se,
para sair da sala.
-
Não... não vamos deixar ele... - Jessica mal conseguia falar.
-
Se forem aquelas garotas... eu... eu... não sei o que eu farei!!! - Luanna
trincou os dentes, odiosa, gaguejando palavras revoltadas.
Josh
correu na frente, enquanto Britney apoiava Jessica, abraçando e chorando junto
com ela. Tremia de medo, tinha o coração aos pulos em cada barulho que faziam.
Diego e Jully caminhavam na retaguarda. Diego tinha a cabeça doída de tanto
tremor e tensão daquela noite pavorosa na vida deles. O que parecia brincadeira
ganhava corpo e voz. Uma voz horrenda, que com certeza era de alguém que eles
conheciam, pelo devido cuidado com um modificador eletrônico. E naquela hora,
os pensamentos revoltosos estavam voltados para as Black Girls. E o medo
aumentava, pois eles lembraram que ninguém ali sabia como lutar contra magia
negra.
***
Tudo
estava quieto. A escola agora estava clara, e eles tinham menos medo, pois
tinham como enfrentar a coisa ao menos a olhando direito. Josh demorou em
convencer Jessica a subir as escadas para o andar de cima. Naquela hora parecia
o melhor caminho a ser tomado, mas ela recusava-se a deixar o corpo de Nick ‘ao
Deus dará’. Britney segurou-a pelo braço para ajudá-la a subir as escadas, mas
para ela cada degrau era uma montanha enorme, e o peso e a dor de perder o
namorado crescia o ódio de matar as Black Girls a qualquer custo.
Ninguém
falava nada, apenas subiam as escadas para o segundo andar. As largas escadas
que muitas vezes desceram alegres e sorridentes das salas daquele andar. Josh
usava a lanterna como arma de defesa, preparando-a para bater com força caso
fossem surpreendidos. As salas do andar de cima estavam ordenadas da mesma
maneira que ficavam no fim de semana. Os corredores de cima, mais curtos que os
do andar de baixo, eram o que preenchiam os lados das salas, junto com murais
de avisos e cartaz de festas e eventos esportivos. Aquele cartaz grande foi o
que chamou a atenção de Joey quando cruzaram por ele. Em letras vermelhas, numa
forma grotesca de comparar com sangue, a frase assustadora, pendurada no que
parecia ser uma forca, que dizia: “Aventure-se nesse Halloween! Mas não se
esqueça de sua segurança!”. Joey prestou bastante atenção ao carrasco. Ele
estava desenhado em preto, por trás da forca. Mas estava vestido igual ao
inexplicável fenômeno que agora os perseguia.
Joey
parou, e chamou a atenção de todos para o carrasco:
-
É a coisa!!! - Joey falou, tentando ser o mais específico e quieto possível.
-
É!... - Christina também percebeu, na hora.
-
O quê? - Diego observou a foto.
-
Só pode mesmo ser alguém daqui da escola! - Jully falava.
-
As Black Girls estão por trás disso! Tenho certeza! - Jessica trincava a fala,
nervosa.
-
Fica cada vez mais difícil pensar em tudo de uma vez! - Luanna falou, baixinho,
para Justin. - Minha cabeça vai explodir, e eu nem mesmo sei por que isso está
acontecendo!!! - ela continuou.
-
Chii... nada vai te acontecer, Lu! - ele abraçou-lhe.
-
Eu estou um pouco cansada, mas mesmo assim tenho medo de ficar num lugar só!
-
Eu disse que seria má idéia subir... elas podem estar aqui! - Jessica
enraiveceu-se.
E
foi quando escutaram ruídos de vidros quebrados do lado de baixo. Todos fizeram
silêncio por um bom tempo, sem que ninguém arriscasse ao menos opinar sobre o
barulho. Parecia que guerreavam lá em baixo. Josh imaginou que aquilo era
próximo aos bebedouros no pátio interno, próximo às quadras. Todos calaram os
pensamentos quando escutaram um grito abafado. Um grito de quem estava
apanhando, com dor em algum lugar. Um grito modificado por uma máquina. Josh
interrompeu apressadamente, dizendo:
-
Está lá em baixo! Vamos achar um lugar para sairmos daqui!
Eles
correram. Sem saber para onde ia, somente correram. Estavam com sede e
famintos. E a exaustão assentava naqueles meninos que só fizeram correr de algo
que não sabiam o que era.
Josh
encostou-se ao bebedor, e assim, tomou água gelada. Jessica o fez em seguida, e
todos imitaram. Britney tentava abrir uma janela com Jully e Christina, mas
estava impossível. A janela tinha grandes barras, e o vidro faria muito barulho
se o quebrassem. E a última coisa que elas queriam era atrair aquilo até lá.
***
Tentando
forçar uma janela com o maior cuidado, Josh e Diego apoiavam as mãos umas nas
outras para abafar o som. As garotas começaram a pensar que talvez Jessica tivesse
razão, e ali estavam encurralados. Justin acolhia Jessica junto a Luanna, que
olhava para os lados, tentando pensar em algo. Britney, Christina e Jully
ajudavam os meninos com a janela, enquanto Joey montava guarda, olhando pelos
dois lados se a coisa apareceria.
-
Droga! - Josh dizia, fazendo força nas mãos. Aquela altura já tinha vários
cortes e a palma ardia de inchaço.
-
Temos que sair daqui! - Diego aumentava a ansiedade.
-
Como, Diego!? - Britney reclamou da inquietude do amigo. – Estamos perdidos...
encurralados!
-
Cale a boca, Britney! A última coisa que precisamos aqui é de alguém pessimista
e sem esperança, e isso você não é!! - Jully irritou-se.
Joey
calou a todos. Um barulho vinha da escadaria por onde subiram, não muito longe
dali. Todos observaram atentos. Justin levantou-se, enquanto Luanna tentava
levantar Jessica do chão. Não teria como evitar, estavam encurralados mesmo.
Eles
se afastavam contra o outro lado de corredores. A escola tinha forma
retangular, mas ali no primeiro andar, qualquer lado saia direto com as escadas
para descer ou para subir para o teto, onde só tinha coisas de manutenção, e o
grande pátio de cima, proibido para os alunos, mas que muitas vezes era usado
para fumar ou beber.
Luanna
puxava Jessica, que se recusava a sair do chão. Justin foi ajudá-la, vendo que
até Joey, que estava o mais longe deles, já os havia ultrapassado, voltando-se
de costas para junto dos outros.
-
Vamos... saiam daí! - Josh segurava os braços de Britney, amedrontada.
Luanna
e Justin faziam de tudo para apoiar a amiga nos braços, que os deixava mais
lentos. Christina tentava chamá-la, mas nada adiantava. Joey piscou os olhos
quando viu o encapuzado diante deles, caminhando agora lentamente na direção de
Justin, Luanna e Jessica.
-
Está indo pra vocês!!! - Josh falou.
-
Awaaaaaa - Christina gritou apavorada.
-
Jessica, pelo amor de Deus! Se levanta, sua estúpida! Não seja tola! Levanta!!!
- Luanna exaltava a voz.
-
Jessy! Vamos...
-
Por favor... vão embora! Eu não quero mais ir com vocês! - Jessica soltou.
-
Jessica, não me faça empurrá-la e chutá-la! Precisa de um soco para acordar,
é?? - Luanna falava, grossa.
-
Luanna... - Justin olhava para o encapuzado. As botas faziam barulho, mas ele
caminhava calmamente. E Luanna não entendia por que os outros não tinham
corrido ainda.
-
Por favor, gente... - Britney chorava.
A
coisa aproximou-se, mais ainda. Luanna gritou.
-
Vão... corram!!! A gente vem logo atrás... vou precisar esmurrar essa tola! -
ela enraiveceu-se.
-
Não, Luanna... vamos todos juntos!
-
Josh... eu garanto a você que estaremos logo atrás! Mas por favor, acha a
saída! Não perca tempo! Podemos vencer... isso!
-
Mesmo, Luanna??
- a coisa falou.
Luanna
e Justin olharam para ‘ele’, bastante
irritados com o fato de que a coisa diziam seus nomes com ironia. Josh
chamou-os mais uma vez, adiantando Joey na frente com as meninas para acharem
um lugar seguro para esconder-se, e saírem dali o mais rápido possível. Diego e
ele ficaram esperando Justin, Luanna e Jessica. Britney se recusara a ir com
Jully e Christina, então ficara com os outros dois, observando atentamente as
amigas muito próximas daquele homem.
Luanna
derramou uma lágrima, observando aquela coisa mover-se para ela. E começou a
caminhar na direção dela. Perguntou:
-
Pode dizer o que está acontecendo?? - ela trincava os dentes.
Justin,
naquela hora, desesperou-se. Jessica continuava sentada no chão, mole como uma
boneca, e Luanna andava para a faca afiada que ‘ele’ tinha nas mãos. Sem pensar duas vezes, largou Jessica no
chão, e saltou por trás de Luanna, agarrando-a.
Não
dava pra ver, mas eles sentiram que a coisa rira. Observando Jessica ao chão,
Josh correu para apará-la, e foi pego de surpresa pela faca brilhante que ‘ele’ escondia na outra mão. A coisa
arremessou-a, fazendo o jovem assustar-se. Nunca tivera tanta sorte na vida,
mas a faca bateu do lado oposto ao da lâmina, na sua mão, fazendo um barulho
horrível, e em seguida caindo no chão. Diego e Britney correram até ele,
enquanto Justin puxava Luanna de lá, aproximando-se de Jessica.
Josh
chorou de dor, sua mão ficava roxa e doía-lhe como nunca sentira igual. Um
inchaço surgia, rápido como a faca batera na mão nele. A coisa riu. Britney teve
dificuldades de puxar Josh, e, com Diego, correu atrás de Joey, Jully e
Christina, que já iam do outro lado dos corredores, descendo as escadas por
onde subiram. Josh ia pendurado no ombro deles, chorando como fazia quando era
garotinho. E eles ficaram na esperança de que Justin, Luanna e Jessica
estivessem atrás deles.
Os
três estavam abaixados, sem olhar para os lados. Apenas a faca que batera na
mão de Josh estava no chão. Jessica olhou sua frente. A coisa parece que
correra atrás dos amigos. Justin não teve tempo nem de respirar aliviado,
preocupado com os amigos lá em baixo. Luanna levantou Jessica, quase
empurrando-a novamente ao chão. Jessica sentira a rispidez de Luanna, e
lágrimas brotaram de seus olhos.
-
Desculpe... não tive cabeça pra nada!!! - ela olhou pra Luanna.
-
Jessy!!! - Luanna abraçou-a, piedosa.
Justin
lacrimejou ao ver aquela cena. As duas amigas abraçavam-se como se estivessem
se despedindo. Jessica olhou pra ela novamente, e seus olhos escuros e tristes
diziam adeus a Luanna.
-
Me desculpa... mas eu não...
Ela
se afastava de Luanna, passando por Justin. Eles olhavam pra ela, temendo algo
ruim. Luanna apenas sussurrava o nome da amiga, nervosa. Jessica se afastava
mais e mais, até a faca no chão. Apanhou-a, e, olhando pra Luanna, atravessou
os dois amigos de novo, voltando para o mesmo lugar que estava antes.
-
Não dá pra ficar assim... não vivo sem o Nick! Ele ou ela vai ter que pagar!!!
Não
deu tempo nem de Justin e Luanna se aproximarem da amiga. A coisa se esgueirou
pela parede e enfiou a faca nas costas de Jessica. O grito de Luanna espalhou o
terror que aqueles jovens estavam sentindo. E naquele momento, os casais que
namoravam na vizinhança, sem prestar atenção no colégio claro com aspecto de
que estava aberto, olharam as luzes e imaginaram quem dera aquele grito
assustador.
Justin
derramava lágrimas sem fazer barulho sequer. Luanna olhava e via os olhos de
Jessica deixarem de brilhar. A amiga estava morta. Justin puxou-a pela mão, e
ambos correram sem rumo, pelo andar de cima.
***
Josh
entrava por último naquele pequeno quadrículo que Joey achara. Era a parte
interna da cozinha, onde faziam a comida que era servida no intervalo. As luzes
ainda estavam acesas, e por sorte ou o destino mesmo eles estavam trancados
através de uma porta de aço, que só tinha um círculo de vidro que servia como
janela. Christina escorara numa pequena mesa de cortar frios, e Jully abraçava
Diego chorando. Britney segurou a mão machucada de Josh enquanto Joey forçava a
porta com uma mesa grande que ficava no centro. Britney abriu o congelador,
observando se tinha alguma comida ou água.
-
Lanche... - ela dizia, quando suspirando. Seus olhos ardiam e sua face queimava
de dor. Entregou a cada um pequenos pacotinhos de lanche-surpresa que comiam no
intervalo. Bolinhos de chocolate os deixaram menos amedrontados.
Ninguém
ousava dizer uma palavra. Joey conferia mais uma vez a porta, enquanto
Christina e Jully serviam Diego e ele. Britney arrumou gelo para a mão de Josh,
que estava inchada como um tomate. Uma escoriação enorme aparecia, fazendo-o
chorar baixinho. Ninguém falava, mas todos pensavam em Jessica, Luanna e Justin
do lado de fora. Ali eles pareciam seguros. Mas quanto seguros?? Até quando
ficariam ali!? O medo fazia barulho na mente deles. Medo das luzes se apagarem
novamente. Das brincadeiras começarem outra vez. E não tinham idéia de quem
seria.
Joey
quebrou o silêncio:
-
Não estamos sozinhos! - ele disse, baixinho.
________________________________________
CAPÍTULO 20
Já
era tarde. Justin olhou o relógio digital dez vezes para cair na real. Eram
onze e quarenta da noite. Estavam no banheiro masculino, próximo a área dos
chuveiros. E Justin se lembrou dos treinos, quando vinha com Chris, Nick, Joey,
Diego e Josh, conversando sobre as garotas. Nunca deixara transpassar a paixão
que sentia por Luanna, mas quando os amigos falavam dela, ele enchia-se de
ciúme e reclamava, sempre dizendo “somos
só amigos”. E era nos chuveiros que se escondiam do treinador bravo. Aquele
banheiro tinha compartimentos, que dividiam os chuveiros para uso privado e
individual. E o treinador nunca os via enquanto escondiam-se, rindo dele.
Mas
agora o silêncio e medo deixava aquele vazio pior do que estava. E ele
observava Luanna lavar o rosto. As lágrimas dela ainda desciam, mas ela parecia
calma, molhando as mãos e trazendo-as aos olhos. Justin chegou próximo a ela, e
acariciou-a nos cabelos.
-
‘Ele’ disse meu nome... - ela falou.
-
Calma... - ele abraçou-lhe.
-
Justin... - ela foi interrompida por um barulho. Botas caminhavam naquela
direção.
Justin
imediatamente teve a idéia. Correu puxando Luanna para um dos compartimentos
dos chuveiros. Ela tremia de medo. Seu corpo parecia mole e cansado. Justin
segurou-a e ficou abaixado do jeito que fazia pra não ser pego pelo treinador
bravo e pagar com vinte flexões. Luanna tremia, e parecia que desmaiar. Ele
segurou forte ela em seus braços. Temeu que ela falasse alguma coisa. Fizeram
um mínimo de barulho.
A
porta rangera, denunciando que alguém entrava. Não foi preciso pensar muito
quem era, pois escutaram as botas fazerem o barulho chato. ‘Ele’ entrou e caminhou para a pia. A cor escura da cerâmica o
despistava do sangue que escoara pelas mãos de Luanna, pois ali ela lavara as
mãos. Justin olhou pela fresta da porta do compartimento. Aquele que matara
seus amigos lavava a faca afiada, limpando o sangue de Jessica, Nick e Chris, e
ainda o de Jason, pois ele agora acreditava que não era boneco, e sim o próprio
Jason que fora espremido dentro do armário.
Luanna
chorava, dando leves soluços. Justin segurava os lábios dela com as mãos. ‘Ele’
olhou para os lados. Justin olhou nos olhos dele, sentiu algo familiar. Luanna
mexera as pernas, encolhidas. Aquela posição a machucava. Mas tinha que
continuar assim, senão entregaria aquele esconderijo. Justin olhou-a, pedindo
silêncio em pensamento. Ela lacrimejava nas mãos dele. Justin não sabia o que
fazer. Ela caía em seus braços, estavam com as respirações coladas. O nariz de
Luanna estava gelado. E ela tremia. Ele se viu sem alternativas. Tirou as mãos que
seguravam os lábios dela, e a surpreendeu com um beijo.
Estavam
apenas de lábios encostados, e olhavam um para o outro. Logo ele via a face de
Luanna rosada, corada. Sangue alimentava seu corpo fraco. Luanna, devagar,
mexeu os lábios, e, logo aquele beijo de garotinhos brincando na infância se
tornou um beijo carinhoso e cheio de amor.
Logo,
nem perceberam a faca brilhante sair do banheiro masculino, resmungando. O que
parou aqueles dois de beijarem-se foi a última frase que ‘ele’ disse:
-
Não sei por que
ela acendeu a luz!
Eles
se assustaram, e pararam o beijo. Luanna olhou pra Justin, quieto. Não
arriscava falar, mas sabia que ‘ele’
já saíra do banheiro. Luanna foi quem deduziu:
-
Só pode ser as Black Girls!
***
Joey
espiava para ver quem era. Britney logo reconhecera. Eram duas das Black Girls.
Pareciam que elas procuravam alguém. Ou Amanda. Ou eles. Joey perturbou-se.
Josh tentava levantar-se, agora a mão doía menos. Christina e Jully tentavam
limpar-se de sangue das roupas e mãos. Diego falou baixinho:
-
O que vamos fazer?? - ele exclamou.
Embora
aquele som que fizeram fosse apenas um sussurro, Nieve e Melanie olharam
praquele lado. E viram as cabeças de Joey, Britney e Diego olhá-las,
aterrorizados. Britney foi de encontro a Jully e Christina, e Joey segurou a
porta com Diego. Melanie bateu com força, e Nieve gritava, enquanto batia:
-
Por favor... Deixe-nos entrar!!! - ela chorava.
Joey
ficou confuso. As Black Girls eram ou não assassinas???
-
Cara... não!!! - Josh falava.
Britney,
Jully e Christina abraçaram-se. As três viram a cara de Nieve e Melanie,
desesperadas.
-
Por favor... – Nieve falava baixinho, fazendo os jovens lerem seus lábios para
entenderem.
Joey
gritou. ‘Ele’ entrara na cozinha. Nieve
e Melanie apenas olharam, aterrorizadas. Diego e Joey forçaram mais a porta. E
as garotas observavam a coisa aproximar-se das duas do lado de fora.
-
Eu... não entendo!! - Joey resmungava, chorando.
Christina
olhou pra ele, chorando. Ele observava que as meninas também estavam confusas.
E tinham medo. A coisa encostou-se à porta. Nieve e Melanie estavam imóveis,
diante dela. Era alto e forte. Olhou para as duas, e deteve sua atenção a uma
só quando Melanie exclamou, em alto e bom som:
-
Você!!!!?????!
E
o grito de Nieve assustou os jovens. O encapuzado esfaqueou Melanie na
garganta. Nieve chorou, encostada na porta, ainda pedindo para os meninos
abrirem. Christina olhou-a nos olhos. Jully e Britney abraçaram-se. Christina
sussurrou:
-
Joey... por favor... - ele olhou pra ela. Josh chorou.
Melanie
caiu. O encapuzado se voltou para Nieve. Acariciou-a na face, enquanto ela
chorava. E começou a puxar Melanie pelas pernas, deixando Nieve para trás. Foi
a hora em que Joey abriu a porta, e ela entrou dentro da sala abafada. Assim
que fecharam a porta, ela desmaiou.
Ir para os Capítulos 21 ao 26 (final)
Nenhum comentário:
Postar um comentário