CAPÍTULO 21
Acordou
olhando o rosto de Joey, frio. Christina e Jully estavam afastadas; Britney e
Diego abraçavam-se. Josh olhava pra ela, e seus olhos tinham a pergunta que
todos queriam fazer:
-
O que está fazendo aqui!? - ele perguntou. Estava quieto, frio, e amedrontou Nieve.
-
E-eu... - ela gaguejou. - N-nós...
-
Então estão as três aqui!? - Joey perguntou.
-
Agora... - ela limpava a boca, suja de sangue. Uma escoriação denunciava que
ela fora esmurrada. - Somos... só duas! Mas... a Amanda... se perdeu! - Nieve
falou.
- Perdeu!? -
Britney chorou. - Sabe o que está acontecendo aqui?
-
N-não! Nós... seguimos vocês! Apenas... mas...
-
Quem está fazendo isso!?? - Josh perguntava. Nieve sentiu-se num interrogatório.
As lágrimas caíram.
-
Não sei... não sei...
Christina
chorou com ela. Acreditou nela. Jully apenas cochichou com Diego:
-
Melanie sabia... por isso ‘ele’... -
ela parou. Nieve olhava pra ela.
-
Olha... não sabemos... não sei o que é! - ela chorava. - Sei... que estamos em
perigo! Muito perigo!!! Sabia disso quando entrei aqui, mas deixei-me levar...
por elas... - Nieve chorou.
-
Então... não sabe onde Amanda está, nem o que está lá fora... matando... - Josh
pausou, cansado e irritado.
-
Não! Juro... eu não... - ela continuava.
Passos
leves foram escutados do lado de fora, e imediatamente Joey e Diego voltaram a
porta. Britney espiou pela vidraça grossa e logo berrou:
-
É a Luanna e o Justin... e a... - ela procurava a outra amiga com os olhos,
enquanto seu pensamento dizia: “Esteja
com eles... esteja com eles...”.
-
Abra!!! - Josh sorriu. Não tinha sorrido desde então. A esperança de estarem
todos bem surgiu no coração de cada um daqueles ali.
Nieve
olhou o chão. Sentiu um calafrio, e ficou com medo de dizer aqueles estudantes
com um tantinho de esperança. Apenas, ainda olhando pro chão, deixou escapar: “Ela está morta!”.
-
Quem... quem você está dizendo?!!? Não sabe de nada, não pode... - Britney
olhou pra ela.
-
Britney... - Josh segurou-a nos braços.
-
Ela está perdida... e vai aparecer... - Britney continuava.
-
O que quer que eu faça?!? Estou sentindo isso!! - Nieve revelou.
-
Está mentindo... não tem o direito de... - Christina começou.
Joey
abria a porta grossa. Justin e Luanna viram os amigos do lado de dentro. Luanna
olhou pra Nieve e partiu pra cima dela. As outras apenas olharam a aflição de
Luanna. Justin tentou segurá-la pela mão, mas ela estendeu-a e esbofeteou Nieve.
Britney abriu a boca. Não pensara nunca que Luanna fosse capaz disso, e imaginou
as razões. Talvez era porque Luanna sabia de algo. Ela abraçou a amiga, ainda
aflita, enquanto Nieve chorou olhando o chão.
-
O que foi?? O que sabe, Luanna!? - Britney perguntou, e em seguida chorou,
abraçada a ela.
***
Luanna
contava a história do banheiro (omitindo o fato do beijo) enquanto todos
escutavam, dentro daquele cubículo pequeno e abafado. Justin olhava a mão de
Josh atentamente, sem perder a visão de Nieve. Os dedos de Luanna ficavam
vermelhos no rosto da jovem. Ela nada dissera, apenas pensava em quem seria
aquele que matara Melanie, e os outros jovens dentro do colégio. Luanna
comentara que ‘ele’ era conhecido das
Black Girls, pois citara a turma naquela noite horrível que passavam dentro do
colégio. E ela apenas olhava pra Luanna.
Ninguém
perguntou por Jessica. Luanna e Justin não falaram, mas todos podiam adivinhar.
Se ela estivesse perdida, na certa Luanna daria esperança, mas nada dissera até
então. Não acreditaram no que Nieve afirmara. Britney lacrimejou ao ouvir a
história. Todos ali se amedrontaram. Iriam ter que passar a noite ali? Com
medo?
Foi
quando, em meio a acessos de tosses, Christina comentou:
-
Estou... sem ar!!
Joey
se deu conta.
-
Não podemos ficar aqui!!! Vamos ficar sem ar! O oxigênio não tá saindo...
-
Droga... - Josh falou.
-
Nieve... - Jully perguntou. - Sabe de mais alguma coisa que deva nos contar??
-
Não... eu não sei quem é!!! Juro!!!! - ela dizia, enquanto chorava.
Josh
levantou-se de repente. Conseguiu pensar em algo que nenhum pensara. Justin
ergueu os olhos, olhando pra ele. Ele sorriu de leve. E todos ficaram curiosos.
-
Temos uma esperança!!! - ele riu baixo, assim como falava também.
-
Qual!? - Diego se empolgou. Todos se animaram. A notícia era animadora mesmo.
-
Por que não pensei nisso...? - Josh continuava.
-
Onde?? - Christina fazia idéia de que era a saída.
-
O telhado!!! A parte de cima do colégio. O lugar proibido pra estudantes!!! -
ele falou.
-
Josh... lá deve estar fechado... se formos tentar abrir e ‘ele’... - Luanna falou, interrompendo a alegria dele.
-
Temos que tentar, Luanna!! O que sugere?? Que mandemos alguém para servir de
isca?! - Joey foi direto.
-
Não... se não podemos ficar aqui, temos que sair... mas como a Luanna disse, é
arriscado e... - Justin interrompeu.
-
Sempre defendendo a ‘amiga’... - Joey foi irônico.
-
Joey... vai devagar... - Jully defendeu.
-
Por que!? Ele está certo! Temos a chance de sair... não devemos colocar
barreiras... - Christina discutiu.
-
E se ‘ele’ estiver lá!?? - Diego
discordava de Christina.
-
Não percebem??? É a chance! - Josh continuava.
Todos
que estavam metidos naquela discussão calaram-se quando ouviram a voz horrível
da coisa no alto-falante. Aquele som ecoava por todo o colégio, inclusive no
cubículo, e era usado pelo diretor para comunicação com os estudantes.
-
Temos contas a
acertar, garotinhos! Há muito tempo espero por esse momento!!! -
ouviram a voz metálica soar.
Joey
abriu a porta, e imediatamente todos pensaram a mesma coisa.
-
Ele está na sala do diretor, que tem a porta mais longe da entrada do telhado!
- Josh falou, enquanto todos saíam, correndo como nunca.
***
Todos
chegaram lá em cima, no telhado do colégio, na esperança de haver alguém que os
visse do lado de fora. Joey gritava com Britney e Christina, por casais que
passava na rua. Não era tão baixo nem tão alto, mas a rua era longe, por isso
eles não escutavam direito de onde vinham aqueles gritos de socorro. Todos
estavam esperando, pensando no que aconteceria ali. Se os gritos não estavam
chamando a atenção daquele encapuzado horrível. Luanna não percebera ainda, mas
a imagem dele matando Jessica estava concentrada em algum lugar da cabeça dela.
Nieve
estava estranha. Nunca nem sequer sentara próximo daqueles rapazes e daquelas
garotas. Nem sequer sabia o que estava fazendo dentro do colégio. Ela teve medo
de conhecer mesmo, como Luanna dissera, o encapuzado. Mas... se ele conhecia as
Black Girls, por que matara Melanie? Ela não entendia.
Britney
enfureceu-se, partindo pra cima dela, notando que os gritos eram em vão.
-
O que ele quer de nós!? Responda!!! Você deve saber... ‘ele’ gostou de você! Melanie o conheceu!!! - Jully a segurava
enquanto Nieve balançava o rosto negativamente.
-
Não sei... - ela tremera. Ouviu os passos subindo as escadas.
-
Onde está Amanda!? - Jully ajudou no interrogatório, até Joey por os dedos nos
lábios dela, calando-a.
Sim.
Todos escutavam os passos subindo as escadas. A porta encostada dava apenas
para ouvir aqueles passos que permaneceriam nos pensamentos deles para sempre.
As botas que jamais usariam outra vez na vida! Ele estava chegando naquela parte de cima da escola, onde eles
estavam encurralados! Era o fim! Todos tremeram e esperaram a coisa aparecer na
porta.
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CAPÍTULO 22
Fazia
muito frio. O vento da meia noite em Oxford fazia todos tremerem naquele
colégio. O medo aumentava nos corações furiosos daqueles jovens. ‘Ele’ sabia onde estavam. E talvez
aquela fosse a última parte da história, pois ninguém poderia mais sair de lá. ‘Ele’ mataria todos, um por um. Assim que
colocou os pés com as botas naquele telhado, Christina gritou. Eles apenas
olhavam. A coisa saíra de vez, para o telhado dos estudantes. ‘Ele’ sempre sorria.
-
Quer nos dizer... quem é você? Por que... faz isso!?? – Luanna estava irritada.
Justin tinha medo de a amada pensar em enfrentar a fera, pois só vira tanto
ódio numa pessoa como via nela naquele momento uma vez. Os olhos de Jessica
perdendo a vida mostravam a ele que deveria segurar Luanna de todo jeito, para
não acabar como a amiga.
-
Luanna... – Britney parece que lia os pensamentos de Justin, mesmo nem tendo
visto a amiga morrer. Correu pro lado de Luanna e Justin. Josh segurou-a.
-
Tudo a seu tempo,
minha flor! - a coisa dissera, com a voz irritante. Justin
irritou-se, esperando a resposta ‘dele’.
-
Somos 9 estudantes que nunca fizemos mal a ninguém... e estamos em vantagem
sobre você! - Josh comentou, mesmo nem se aproximando ‘dele’.
-
Ahaha.
- a coisa apenas rira.
-
Essa coisa não precisa de motivo pra matar... - Jully falou.
-
Jully, não o irrite...! - Christina chorava.
-
Nunca... antes dele tocar no fio do cabelo dela, terá que passar por mim,
primeiro... e eu estarei esperando! - Diego esbravejou, com ódio.
-
Acho isso tudo
muito bonito!!! - ‘ele’
ria mais. - Claro
que vou dizer o que vim fazer aqui! Mas não penso em revelar minha identidade
agora... - e todos perceberam que ele olhara para Nieve. Joey
interrompeu.
-
Então conhece a gente... e as Black Girls... e não quer revelar agora?? - Joey
também comentou, na “conversa” com a
coisa.
-
Não... pois um de
vocês vai sobreviver... e não vou pra cadeia por causa disso!
-
Eu... - Nieve falara. - Eu sei quem você é! - ela revelou.
-
Nieve... - Luanna olhou-a.
-
Então... não vai contar... - a coisa riu, aproximando-se de Nieve.
Os
estudantes espalharam-se assustados, e tudo aquilo se transformara em tensão. Nieve
nem se movera. Ela sabia quem estava fazendo aquilo. Jully caíra no chão, com
um estrondo que aconteceu naquela hora. Nieve chorou. Amanda surgiu com um
estrondo enorme. Todos os casais da rua assustaram-se. Luanna espantou-se, pois
ela trazia consigo um cabo de vassoura quebrado. Usaria aquilo como arma, mas
para matar quem? Nieve sabia, mas nada dissera desde então. Christina caiu
junto de Jully, no chão, machucando as mãos ao serem jogadas no chão. Joey
aparou as duas nos braços, com a ajuda de Josh. Luanna e Britney
desequilibraram e caíram próximas a Nieve. Diego segurou Britney, enquanto
Justin segurava Luanna.
E
foi para Nieve que Luanna olhou. O encapuzado já estava perto demais da moça de
cabelos escuros antes de Amanda surgir, e por isso se jogou por cima dela. Ele
iria matá-la. Luanna, ainda caída, agarrou-se nas mãos de Nieve. Ela chorou, e
respondeu a ajuda de Luanna, enquanto ela a puxava para longe dele. Amanda nada
dissera ou fizera. Apenas correu na direção de Jully e Christina. Joey gritou
para ela ficar longe, mas ela estendeu a mão e as levantou.
-
Depressa... desçam e chamem a polícia!!! - ela falara.
Joey
levantou-se, assustado com Amanda. Josh entendera perfeitamente que não eram as
Black Girls culpadas de coisa alguma. Elas ajudavam naquele momento de tensão.
Justin
e Britney gritaram, acordando os outros para o que ocorria. O estava em cima de
Luanna e Nieve, tentando esfaqueá-las e sendo impedidos pelas duas, com socos e
pontapés. Britney levantou-se, na mesma hora em que todos correram na direção
do encapuzado, pensando em derrubar aquele monstro e encurralá-lo. A situação
de tensão transformara em confusão, pois todos caíram ao chão e se espancavam,
sem saber exatamente em quem batiam, ouvindo apenas espasmos e suspiros de dor.
A faca foi perdida de vista, a capa da coisa parecia colada nele, já que
tentaram arrancar, sem sucesso. E ninguém tinha ideia de onde a faca brilhante
prateada fora parar.
Foi
então que Amanda derrubou todos com outro estrondo. Os jovens, caídos novamente
ao chão, tontos e desequilibrados pelo barulho feito por Amanda, não enxergavam
mais nada. Carros de polícia pararam embaixo do colégio, com a parafernália
fazendo barulho, e todos os jovens da vizinhança correndo para ver do que se
tratava.
E
então todos se localizaram. Estavam todos próximos a porta do telhado, que dava
para a parte interna do colégio. Todos, exceto Britney. A coisa sorriu, e
perceberam que ele se agarrava a moça, com a faca brilhante em punho no pescoço
dela. Imóveis e completamente paralisados, ninguém ousou se mexer. “Ele” então falou:
-
Sempre foram bons
alunos. Nunca tiveram nenhum problema com nada! Nem com nenhum professor. Nunca
fizeram nada de errado... – a coisa dizia, e Britney chorava com a
faca afiada presa ao seu pescoço.
- Sempre
foram os melhores. O melhor jogador de futebol, a melhor dançarina de balé, o
melhor em xadrez, as melhores líderes de torcida... não estão cansados de serem
os melhores??? Pois eu estou!!! Nunca deram oportunidade pra outras pessoas...
-
Do que você está falando? – Amanda ironizava. Luanna, desesperada, esperava que
ela fizesse alguma coisa, mas ela parecia confusa. Como se conhecesse aquele
ser.
-
Não se meta
nisso!! - ‘ele’ dissera a
ela. - Não estou
falando com você, e sim com esses jovens! Não percebe que eles são os culpados
de toda sua infelicidade? Eu fiz muito para te deixar contente, Amanda, mas
você só queria ser como eles... normal, sem precisar de nada nem nenhuma mágica
para se afirmar. Apenas ser você... - ‘ele’ falou, e todos estranharam.
-
Mas... - Amanda lacrimejou.
Ela
ainda não sabia quem era, mas já tinha escutado aquilo em algum lugar. E o
pensamento de que aquela coisa estava matando em prol de sua felicidade a
deixou chocada demais para sequer juntas os pensamentos.
-
Ora, sempre estão
em primeiro lugar em tudo... Mas tem que ter um espaço pra você nesse
colégio... tem que haver espaço, minha filha... – ‘ele’ disse. Todos ficaram surpresos e
chocados.
-
Professor... Willa Ford???? – Jully gritou.
-
Pai??? – Amanda abriu a boca, surpresa. - V-você causou... isso... - ela mal
falava.
-
Filha...
– o professor olhava pra todos os lados. Tirou a capa. Revelou seu rosto velho
e cansado para os jovens. Naquele momento, todos estavam boquiabertos.
-
Pai, por que... – Amanda começou a chorar. – O senhor ficou louco??? Não
devia... eu não... – Amanda se descontrolou.
-
Minha filha... eu vi com que tristeza você chegou em casa, chorando porque não
tinha conseguido passar no teste, deitou-se na sua cama e só chorava, não comia
nem dormia... só pensava e falava: “Essas
duas...” , não queria vingança??? Eis aqui a nossa chance. – e o velho enfiou
a faca no pescoço de Britney, com os olhos frios e doentes.
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CAPÍTULO 23
Um
grito fora ouvido, acordando todos para a realidade. Quisera ser uma
brincadeira de um louco, mas era a pura verdade. Christina desmaiou, e Jully
fez o mesmo, acordando Joey e Diego, que choravam sem piscar os olhos. Josh e
Justin gritaram por socorro, berrando para a polícia ali embaixo subir o mais
rápido possível. Nieve, ao lado de Luanna, berrou para Amanda, que parecia
adormecida, em estado de choque. E a líder de torcida que dera o grito ao ver a
melhor amiga cair no chão sem vida caiu de joelhos no chão, sem forças para se
segurar. Mas a faca não estava mais em Britney.
Dava
para escutar o barulho da polícia derrubando a porta da escola, e Joey e Diego
arrastou as garotas desmaiadas para o mais próximo possível da porta.
Inconscientemente nenhum deles queria sair dali, e deixar aquele homem vivo
matar qualquer um dos amigos. Com extrema rapidez, o professor avançou em
direção a Luanna, com a face em punhos apontada para ela, porém fora
interrompido pelo corpo da filha, que se jogou na sua frente. Um novo grito
fora dado, dessa vez de Amanda. Até mesmo o professor se assustara.
A
jovem morena gótica fitou o pai pela última vez. Os seus olhos escuros estavam
perdendo o brilho, a vida. Ele olhou para ela, os olhos esbugalharam-se e uma
lágrima desceu rapidamente. Nieve gritou, Amanda caiu no chão. Luanna se
soltou, foi até onde Britney estava. Chorou. Britney estava imóvel, e sem o
sorriso que Luanna tanto amava.
Sr.
Willa Ford arrumou a filha no chão. Ela disse, olhando pra ele:
-
Que Deus tenha pena de você, pai...
-
Filha... eu...
-
Desculpem, gente! – ela fitou Josh pela última vez. E Amanda se foi.
-
Nããããoooooooo!!! - o grito do homem ecoou na rua inteira.
O
professor, cego, olhou para os jovens ali, fitando-o de volta, assustados. E
todos ali viram que ele estava descontrolado, a faca suja com sangue de Britney
e da filha na mão, escolhendo mais um deles. E então ele olhou para Luanna.
A
faca brilhava mais uma vez na direção dela, que chorava próximo ao corpo de Britney.
Josh e Diego gritaram para que ela fugisse. Não deu tempo de fazer nada. Assim
que ela virou o rosto, a faca afiada entrou no estômago de Justin, que se
jogara na frente dela no exato momento da faca ser enterrada em suas costas. O
grito de Luanna fora a última coisa antes da chegada dos policiais na parte de
cima do colégio. Justin caíra ali em cima dela, e ela ajeitou seu corpo para
que ficasse no seu colo. A menina olhou o professor pela última vez. Tinha ódio
nos olhos. Lágrimas derramaram dos olhos dela.
-
Vá... para o... inferno... – ela trincou os dentes.
A
polícia rapidamente tomou conta da situação, apontando todas as armas para o
homem que segurava uma faca. Os corpos no chão marcavam um cenário aterrador.
-
Se afaste dos jovens devagar! – o chefe de polícia falou para o professor.
Vendo
a parafernália de policiais e de corpos, e de sangue e lágrimas, o professor
não pensou em nada. Apenas pulou do telhado, gritando até o baque do encontro
do seu corpo com o chão, na frente do colégio. Todas os policiais que estavam na
entrada do colégio viram que ele caíra propositalmente por cima da faca, que
cerrou em seu coração, matando-o na hora.
***
Luanna
estava impaciente no hospital. De todos os jovens sobreviventes do colégio
naquela noite, ela fora a única que ainda não dera depoimento. Os outros
estavam no hospital, contando ao delegado das mortes naquela noite e de toda a
encrenca no telhado com Willa Ford. Mas Luanna nada falara. Não a deixaram
entrar no quarto onde Justin estava. Os pais dela chegaram junto com os pais
dele no Hospital de Oxford pra onde Justin fora encaminhado rapidamente.
Josh,
Christina, Joey, Jully e Diego chegaram perto dela assim que os policiais os
liberaram. Abraçaram Luanna e os pais dela, como também os de Justin. Nenhum
médico trazia notícias do estado dele, deixando-os numa angústia permanente.
Ninguém parecia acreditar que tudo aquilo havia acabado. E o mais difícil era
entender as razões de Willa Ford. Quem era ele realmente? Por que fizera
aquilo? Eles pensavam, sem esperanças de respostas rápidas. Na certa seria
especulação para a mídia, enlouquecida com o massacre no Oxford High School.
Logo chegou um médico.
-
São os pais de Justin Harless? – ele perguntou.
-
Sim... Somos... doutor!!! - Ginnie desesperou-se. Paul a tomou nos braços e
perguntou: - Ele está bem, doutor!?
-
Está em observação, o estado dele é estável. A faca perfurou fundo, houve
hemorragia, mas a contivemos com a cirurgia. Nesse momento ele está em sono
induzido para se recuperar! Portanto nada de visitas ainda.
-
Mas...
-
Sra. Harless. Temos que ter esperança. O Justin vai ficar bem! – Christina
disse, mais calma.
-
Tá... tudo bem. Graças a Deus!!!
O
sol já nascia, aquecendo os meninos daquele fim de semana macabro. E todos se
surpreenderam com a aparição de Nieve na sala de visitas do hospital. Ela
chorava muito, e parecia procurar alguém. Josh apontou pra ela, e todos viraram
a cabeça para vê-la.
Nieve
assustou-se. Ia dando as costas, com um ligeiro aceno para eles, quando ouviu
Josh e Joey chamarem ao mesmo tempo.
-
Nieve... – Ela virou-se, olhou pra eles. E correu para onde todos estavam.
Abraçou-os. Todos a abraçaram e choraram.
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CAPÍTULO 24
5
de Novembro. O sol esquentava o dia. As pessoas voltavam pra sua vida normal, ainda
um pouco estarrecidas com o que escutavam na imprensa sobre aquele Halloween. O
massacre era assunto de vários noticiários daquela cidade, e repercutiu em todo
país. No colégio ainda não havia voltado as aulas, em sinal de luto pelos que
morreram. Flores e velas traziam beleza e esperança no portão da frente. Assim
também estava no hospital, e na casa de cada um daqueles jovens. A cidade se
mostrava solidária.
O
delegado conversava com Josh quando Luanna entrou no quarto para ver Justin. Ele
fora liberado para receber visitas, já havia acordado do coma, mas seu estado
ainda era estável. Mas quando Luanna entrou, ele dormia, quieto. Ela se sentou
numa das poltronas ao lado da cama onde ele estava. Pegou na sua mão. Olhou
para o chão, calada; e depois para ele. Começou a conversar.
-
Oi, Justin...
Achou
que fosse besteira, mas mesmo assim continuou.
-
Sabe, sua mãe pediu que eu falasse com você, que você ia ouvir. Não sei se ela
está certa, mas eu tô aqui pra tentar. Nem parece que aquilo acabou. Parece que
eu ainda escuto os gritos... – começou a chorar. – das meninas... - mal
conseguia terminar o que começou.
Baixou
a cabeça, chorou um pouco, depois, mais contida, continuou:
-
Eu queria fazer alguma coisa... mal conseguia me mexer do lugar... Justin,
eu... não sei o que vai ser da gente agora, sem eles pra completar a turma, vai
sempre sobrar um espaço, que não será preenchido, porque... pode até aparecer
alguém, mas ninguém vai nos fazer rir como eles faziam...
Sorriu
baixo, lembrando-se dos bons momentos com eles:
-
O Chris... ele me dizia que queria ser piloto de Fórmula 1. Ele queria pilotar
uma McLaren. A Jessy e o Nick sonhavam em morar juntos na fazenda de Oklahoma,
eles queriam ter dois filhos depois que o Nick se formasse em medicina. A Britney
sonhava alto no esporte, queria deixar de ser líder de torcida pra se dedicar à
ginástica olímpica... Sabe, Justin, eles vão deixar saudades, eles vão fazer
muita falta!!! – Luanna chorava agarrada na mão de Justin.
Nenhuma
resposta, apenas a respiração fraca dele, e o som das máquinas ligadas ao seu
corpo.
-
Aquilo foi um pesadelo, aquelas lembranças sempre ficarão na minha mente... não
vou esquecer facilmente... nem no banheiro, onde a gente viu... – ela parou,
pensando uns segundos. – Você me beijou lá.
Outra
pausa, depois ela olhou pra ele, séria.
-
Queria que fosse eu no seu lugar. Por que você pulou lá!? Você devia ter
deixado ele... - ela parou de falar.
Não
conseguia pensar em porque Justin tenha feito aquilo. Não sabia se a amizade
dela valia tanto para que isso acontecesse.
-
Sabe, Justin, fica comigo! Não me deixe sozinha. A Britney era a minha melhor
amiga. Não quero perder mais um. - ela limpava as lágrimas. - Especialmente
você, porque... você é especial. Você não é ‘mais
um’... Você... eu... eu amo você, Justin, e você não vai me deixar só. Eu
não sei viver sem você. - beijou-lhe a mão. - Você sempre me salva de tudo,
essa mania sua de sempre me tirar de todas as encrencas! Não devia ter se
metido lá, na frente daquele louco. Era pra ser eu, Justin... era pra ser eu!!!
- ela chorou, ao pé da cama.
Levantou-se,
com a face vermelha. Olhou as máquinas, piscando e fazendo um barulho
irritante.
-
Sempre me tratou com carinho. Eu amo você, amo muito. Você não é só um melhor
amigo pra mim. Sua mãe me disse que eu falasse tudo o que o meu coração está
sentindo, ele também não quer que você vá porque você está dentro dele! Não vá,
e não me deixe aqui, Justin...
-
Eu não... teria coragem! – Justin respondeu, fazendo Luanna levantar a cabeça.
Ele estava de olhos fechados.
-
J-Justin... você... está acordado!?? – Luanna apertou as mãos dele. - Todos
estavam... preocupados com você! - ela disfarçou.
-
Eu também queria dizer que te amo... – ele disse, abrindo os olhos, e olhando
pra ela.
-
Eu...
-
Sempre te amei...
-
Justin...
-
Sempre te amei... Lu... - uma lágrima escorreu dos olhos dele.
-
Justin...
-
Chiii... deixa eu terminar de falar...
-
Eu...
-
Amo você! Amo você! - era a única coisa que ele conseguia falar.
-
Justin, não fala! Você está ainda de repouso.
-
Sei que a gente ainda era muito criança, mas nunca esqueci do nosso primeiro
beijo... - ele abriu os olhos, olhando pra ela.
-
Nunca consegui esquecê-lo, também!
-
A partir daquele dia, você já não era só minha amiguinha. Te ver sofrer por
outros caras sem poder dizer que te amava era duro pra mim. Te ver beijando
outros caras também não era fácil...
-
Nunca gostei de nenhum deles. Achava que era loucura esse sentimento que tinha
por você e tentava esquecê-lo com outras pessoas. Mas não foi possível, Justin,
você sempre foi maior!
-
Nem eu conseguia entender como amava a minha melhor amiga, que me confiou
tantas vezes em segredos que jamais poderiam ser contados!
-
Desculpe...
-
Não tem que pedir desculpas... e não é justo eu ir embora agora que meu maior
sonho está dizendo que me ama...
-
Justin... – ela ria. – Eu amo você!
-
Não vou deixar você... – ele respondeu-lhe. – Nunca deixaria você sofrendo por
mim. Eu te amo tanto que não teria essa coragem! – ele disse, baixando os
olhos.
Ela
o fez rir:
-
Garanto que se você não tivesse cheio de fios enrolados no nariz, eu te daria
um beijo.
-
Então não pensa nesses fios e vem cá... me dá um beijo!
Ela
se levantou, beijou Justin ternamente nos lábios. Um beijo pequeno, mas cheio
de amor. Um enfermeiro entrou, observando aquela cena, terna.
-
Garota, não pode beijá-lo. Está em observação...
Os
três começaram a rir.
-
Achei que você não estivesse escutando. Achei que era besteira da sua mãe...
-
Minha mãe sabe das coisas...
-
Você ouviu tudo, né?
-
Toda a sua confissão. – ele riu. – Não pensei que você sentisse isso por mim.
Essa história de melhores amigos me fazia ficar cada vez mais confuso.
-
Eu também achava isso. Mas, quem melhor cuidaria de mim senão aquele que me
conhece melhor do que ninguém? – ela olhou pra ele. Ele respondeu-lhe, com a
mão na sua face:
-
Eu também amo você... e quero está contigo por toda a minha vida!
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CAPÍTULO 25
-
Luanna... - o delegado segurava na mão da jovem, próximo a Justin. Ela só
aceitara dar depoimento junto a ele, e por isso o policial entrou no quarto
onde ele ficara, junto dos pais deles. - O professor tinha algum problema com
vocês na sala de aula!?
-
Não... - ela falava baixinho. - Ele era normal. Exatamente como os outros!
Sorria e falava normal! Nunca pensei que... - ela parou.
-
Ele... - Justin falou. - Ele estava diferente naquela noite!
-
O motivo de tudo fora a filha dele. Vista como excluída pelo colégio. E ela
ainda não fora aceita pelo time da torcida, que era presidido por você e
Britney Owen. – o delegado falava, segurando uma foto das jovens da torcida do
colégio.
-
É... - Luanna pensava se tinha, com o ‘não’
a Amanda, assinado sua sentença de morte. - Teria sido diferente se nós
disséssemos ‘sim’!? - ela perguntou
ao policial.
-
Não se culpe dessa forma, Luanna. Independente do que disse, ele ainda seria um
louco qualquer! Segundo depoimentos de estudantes e funcionários do colégio
Oxford High School, Amanda, Melanie e Nieve não eram aceitas em nenhum lugar
onde tentavam se infiltrar. E ele tinha o perfil de sociopata. Se não fosse com
vocês, seria com qualquer um.
-
Meus amigos, estão mortos! - ela derramou uma lágrima, fria e dolorosa.
-
Infelizmente... trotes de Halloween acontecem todo ano nas casas de Oxford, mas
esse foi um ato cruel e de extremo sofrimento para toda a cidade. Agora
descanse bem. Já temos o suficiente para completar as investigações. – o
delegado seguiu, saindo do quarto, junto com os pais dos dois, deixando-os
sozinhos nos quarto.
***
Naquela
noite, Luanna ficou para dormir com Justin, no hospital. Sua mãe deixara uma manta
para ela cobrir-se de noite, conversando com Ginnie sobre tudo o que aconteceu.
Diego, Joey e Christina estavam sentados na sala de espera, enquanto Jully,
Josh e Nieve buscavam café pra todo mundo. Eles esperavam Luanna aparecer, para
se despedirem dela, pois passaram a tarde lá, e precisavam descansar em casa.
Joey abraçava Christina, os dois chorando um pouco pelo que aconteceu. Jully e
Josh chegaram, enquanto Nieve pedia a enfermeira ali perto uma bandeja. Os
outros a esperaram chegar, e comentaram:
-
N-não... - Christina limpava as lágrimas. - Não tenho condições de dormir em
casa!!! - ela chorou.
-
Eu... - Jully disse. - Também estou assustada...
-
Mas e o que faremos!? - Josh perguntou as duas.
-
Minha... - Nieve falou. - Minha casa é grande... moro só com meu pai... ele
pode deixar a gente dormir... - ela parou de falar. Achou que estava sendo tola
de propor aquilo. Josh a ajudou.
-
Fala, Nieve! Pode dizer o que tem em mente!
-
Bem... podemos dormir juntos no meu quarto... é grande e há espaço pra todo
mundo! - ela sorriu, triste.
-
Podemos falar com nossos pais! - Joey apoiou. Nieve olhou surpresa pra eles.
Combinavam como se esquecessem de que ela era das Black Girls, confiando nela,
como uma amiga qualquer.
-
Minha mãe entende! Eu estou triste... - Christina dizia.
-
Vamos... - Josh ordenou. - Esperaremos a Luanna para se despedir. Ela vai
passar a noite aqui!
Eles
combinavam, esperando a amiga arrumar as coisas no quarto que Justin fora
transferido, decorrendo da sua melhora da cirurgia. Luanna saiu, e todos deram
a notícia a ela.
Ela
sorriu, amigável. Achou uma boa idéia todos dormirem juntos naquela noite.
Pegou nas mãos de Nieve, agradecida. Ela lhe sorriu. Luanna, com um sorriso na
boca, falou:
-
Pessoal... - ela sorriu. - Não é oficial, mas... - ela parou.
-
O quê? - Jully ficou curiosa.
-
No colégio... - ela ficou séria, tendo que falar naquilo mais uma vez. – Lá,
enquanto estávamos separados... a gente se escondeu no vestiário masculino... e
lá... o Justin... Ele me beijou! - ela disse.
Christina
colocou um leve sorriso nos lábios, e abraçou Luanna. Josh sorriu. Pegou no
rosto dela e disse:
-
E então... Vocês abriram os corações?
-
Não lá... mas aqui! - ela disse.
-
Estão namorando, Lu? - Jully perguntou sorridente.
-
É! - ela sorriu. Diego a beijou, e todos tiveram um momento muito pequeno de
alegria.
Nieve
ficou curiosa, pois aquele tempo todo tinha pensado que Luanna já namorava
Justin, pois ela sentia o amor de um pelo outro dentro deles.
Luanna
voltou pra dentro do quarto onde Justin deitava-se na cama, com a ajuda da mãe.
Ela ajeitou sua pequena caminha ao lado da cama dele, e pediu aos amigos que
entrassem. D. Ginnie saiu do quarto, beijando Luanna e o filho, e dando boa
noite aos outros que entravam. Joey e Josh apertaram a mão de Justin. Ele
exclamou um pouco, de dor, fazendo Luanna ajeitar um travesseiro que havia
debaixo dele. Ele sentou-se, e todos sorriram ao ver Luanna tomando de conta
dele.
-
O quê... é tão engraçado? - Justin exclamou.
-
Você deitado numa cama, sendo paparicado como sempre sonhou, por quem sempre
sonhou! - Joey sorriu, pegando na mão do amigo.
-
Então ela contou? - Justin disse, fazendo Luanna rir.
-
A gente já estava acostumado com vocês dois. - Jully falou.
-
Eu até pensei... – Nieve se via mais uma vez pensando estar entre amigos, e
logo se repreendia.
-
Pode falar... – Jully pegou-a pela mão.
-
Não precisa se incomodar conosco, Nieve! Está entre amigos agora. - Christina
também acompanhou.
-
... – ela riu, acanhada. – É que eu sempre pensei que eles fossem namorados,
pelo que eu sentia quando os via... - ela parou, talvez fosse melhor não falar
de sensitividade.
Luanna
apenas riu. Justin falou mais baixo, um pouco cansado:
-
Talvez perdemos um pouco de tempo! – ele riu.
-
Então? – Luanna sentou-se na cama de Justin, pegando na mão dele. - Vão dormir
hoje na casa de Nieve?
-
Ah, é? – Justin comentou.
-
Sim, vamos falar com os papais e veremos! – Diego observou o soro que Justin
tomava, curioso.
-
Pena que não vou participar! – Justin riu.
-
Deve descansar, meu amigo! – Joey falou.
Justin
não perdoou e soltou um comentário:
-
É impressão minha ou vocês não se largaram mais?? – apontou para Christina.
Ela
corou, envergonhada. Joey riu baixo. Diego sorriu pra Jully, e todos foram
atrapalhados pela lembrança que Nieve teve.
-
O baile... – ela lembrou-se do baile de formatura da turma do 3º ano. A turma
dos garotos.
-
Definitivamente não tenho clima para formatura! – Josh falou.
-
Nem eu... – Joey completou. - Prefiro não comemorar...
-
Tudo bem... – eles sorriram, entre si. – Não iremos! – terminaram. –
Comemoramos a das meninas ano que vêm.
-
Nick e Jessica seriam coroados Rei e Rainha, sem dúvida. – Jully sorriu triste
com a lembrança.
-
Agora temos que deixar o Justin descansar! – Luanna falou.
-
É mesmo!! – Josh lembrou-se. – E vamos falar com nossos pais... – ele
encaminhou todos pra fora do quarto. Voltou-se para avisar Luanna. – Lu! Tem
centenas de jornalistas ali fora! Não sai muito, tá!? - ele acariciou-a na
face.
-
Tá... boa noite! - ela beijou-o. Fechou a porta do quarto.
Justin
riu. Ela chegou ao pé da cama dele. Observou o soro. Ele olhou-a, acariciando a
mão dela com a dele, um pouco dolorosa por causa da agulha onde ligava o soro.
Ela tirou a mão dele de cima da dela, colocando num lugar mais baixo e menos
dolorido. Puxou o lençol dele, cobrindo-o. Uma enfermeira entrou para verificar
o soro dele. Sorriu pra Luanna e saiu, em seguida. Ela terminou de cobrir
Justin, beijou-o nos lábios e disse:
-
Agora dorme. Amanhã é outro dia!
-
Adoro ter você aqui... - ele disse a ela.
***
Naquela
noite, todos os outros conseguiram convencer os pais a os deixarem dormir na
casa de Nieve. Era de fato uma grande casa. O pai de Nieve trabalhava para uma
empreendedora, quase sempre estava fora. E deixava a filha aos cuidados de
empregados. Nieve mostrou a todos o quarto dela. Surpreendentemente, isso
Christina e Jully perceberam bem, é que ela não tinha nada preto ou que
mostrasse que ela era bruxa. Nada de parede preta, quadros grossos e feios,
pinturas diferentes, nada desse tipo. Nieve era extremamente normal.
Josh
pegou os colchões com Joey e espalhou pelo chão do quarto enorme de Nieve.
Jully e Christina forraram com outros lençóis secos e cheirosos, enquanto Nieve
e Diego afastavam os móveis que ficavam no meio do caminho. E assim, o chão do
quarto de Nieve passou a ter, além da cama dela, enorme, mais cinco colchões
próximos.
Nenhum
daqueles, naquela noite, falou sobre o professor. Na verdade queriam apenas
descansar. Aquele dia mal dormido ficava para trás. E eles sentiram que tudo
poderia ficar normal novamente. Eles precisavam apenas de união. Dos amigos,
todos eles. E Nieve agora era um deles.
***
Era
madrugada quando Diego acordou de repente. Estava todo suado quando se levantou
do colchão que dormia. Observou ao redor. Apenas uma pequena luz iluminava todo
o quarto, e ficava próxima a cama de Nieve. Ele estava mais afastado dela. Todos
dormiam fazendo apenas o barulho tranquilo da respiração. Christina até sorria,
e ele observou que Joey tinha o braço ao redor da cintura dela. Sorriu de leve.
Ouviu
um pequeno sussurro na janela. O vento fazia voltas na cortina branca, e Diego
teve a impressão de ver pequenos pontos brilhantes entrarem no quarto. Eram as
estrelas que brilhavam incandescentes no céu lá fora. Ele nem se levantou.
Sentiu alguém tocar na pele dele, e deu de cara com Jully, maravilhada com
aquele espetáculo no céu de Oxford aquela noite.
Diego
olhou praquela garota. Jully era a mais nova das amigas, e ele sempre tinha
prestado atenção nela. Ora, aquela turma se conhecia desde criança, e Jully
sempre fora a que ele achava mais bonita. Lembrou-se por muitas vezes quando
haviam feito votação com os meninos sobre quem era a mais bonita, e ele sempre
votava em Jully, apesar de Luanna ganhar, pois tinha os votos de Josh, Chris,
Justin, e Joey mudava o voto de Britney para Luanna, dependendo do humor dele
no dia. Nick sempre votava em Jessica. Mas ele não. Sempre votava em Jully. Ele
sempre cuidava dela.
E
agora, ela estava ali. As estrelas azuis rimavam com seus olhos, e brilhavam
constantes. Nieve tinha prismas na janela, e aquele espetáculo tornou-se mais
bonito ainda aos olhos de Diego. E ele já não sabia se as estrelas eram mais
bonitas que Jully. Não Jully, a pequena do grupo, mas aquela mulher que
desabrochara. Jully notara o olhar encantado dele.
-
O que está olhando? - ela sorriu.
-
E-eu... - ele acordou-se de seus sonhos. - Estou olhando as estrelas, mas aí
seu rosto brilha como elas e eu me perco!
-
Oh, Diego...
Ele
sorriu. Jully ria sempre de Diego. Ele era o atrapalhado, mas pra ela era
apenas mais um charme entre inúmeros dele. Diego sim era o mais bonito da turma
pra ela. As meninas nunca faziam votação, mas ela tinha a resposta dela
reservada na cabeça para quando perguntassem.
-
Lembro-me de você me paquerando quando pequena! – ela disse. Diego ficou
vermelho.
-
Ah.. – ele riu. – Claro! Eu também lembro!
-
Você... – ela ficou triste e cabisbaixa, e Diego percebeu as estrelas dos olhos
delas escorregarem para o chão. – ficou sempre ao meu lado naquele... – ela
parou. Respirou e continuou: – pesadelo...
-
Fiquei... – ele também se lembrou de tudo rapidamente. – Fiquei com medo de
algo acontecer com você! Imagina, sempre fiquei ao seu lado, e não seria
naquela hora que deixaria nada te acontecer!
-
Então posso te chamar de meu herói!? – ela voltou a olhar, esquecendo de novo o
pesadelo.
-
Pode... – Diego sorriu. – E como herói oficial, mereço ganhar meu prêmio!
-
Claro... – Jully mexeu seu rostinho brilhante e o beijou.
________________________________________
CAPÍTULO 26
Aquela
manhã, a empregada de Nieve acordou-os com o sol do outro dia. Eles sentiram-se
melhor por terem passado a noite tranquila na casa da nova amiga. Os seis
desceram e tomaram café, sem comentar nada. A empregada de Nieve fez ovos e
bacon, e suco de laranja. Flores preenchiam a mesa do café, dando um pouco de
cor aqueles jovens quietos.
Jully
quebrou o silêncio, falando:
-
Como será que Justin e Luanna dormiram ontem!?
-
Devem ter descansado como nós! – Josh respondeu.
-
Claro que sim! Ele estava em boa companhia! A namorada cuidou bem dele! – Joey
fez todos sorrirem.
-
Acham que estamos em paz agora? – Nieve perguntou, fazendo todos aquietassem.
-
Acho... – Josh conseguiu responder. – Acho que sim, embora isso tenha nos
custado caro! – ele falou.
-
Podemos esquecer isso por um momento, não é? – Christina perguntou, fazendo
Joey responder:
-
Acho que precisamos estar unidos agora! – ele tocou-a na mão.
-
Eu... queria perguntar uma coisa, aqui... na frente de vocês! – Diego quebrou o
silêncio.
-
Claro... – Josh permitiu.
-
Não é pra você!! – ele riu. Olhou os olhos de Jully. – É pra você!
-
Ah... – Christina riu baixinho. Joey e os outros também. Jully ficou tímida,
mas respondeu:
-
Pra mim??? – ela riu. Olhou todos e disse: – Pergunta... – já adivinhava o que
era.
-
Quer namorar comigo!? – ele perguntou, entregando uma daquelas flores que
estavam na mesa.
-
Ai... que linnndo! – Christina choramingou.
-
Diego! – Jully riu. – Claro! – ela abraçou-o.
Todos
sorriram naquela manhã. As cortinas amarelas balançaram com o vento fresco, e
todos se sentiram felizes por um segundo momento. Não seria difícil terem mais
momentos de felicidade, eles pensaram. É, precisavam estar juntos. Eles eram
melhores juntos. Sim, estavam em paz agora.
Joey
espiou os olhos de Christina, puxou-a para próximo dele, e ninguém exceto Josh
notou que cochichavam.
-
Eu teria um momento romântico desses a qualquer tempo... Mas e você??? O que me
diz se eu pedisse você em namoro??
Christina
sorriu, e uma lágrima de felicidade desceu de seu rosto jovem e branco. Ela
pegou na mão dele, e conseguiu suspirar a resposta.
-
Foi a coisa mais linda que alguém me disse, em toda a minha vida! – ela sorriu.
-
Então, quer me namorar!? – Joey ficou surpreso.
-
Você foi quem mais mexeu comigo nesses últimos tempos... E quem mais me apoiou!
-
Você não saiu da minha cabeça o tempo todo... Era você quem eu deveria proteger
o tempo todo! – ele falou. – Dormir ontem abraçadinho com você foi mágico! Você
me acalmou, trouxe a paz que eu precisei! – ele disse.
-
Claro que aceito! – ela derramou outra lágrima, mas sorria.
Josh
esqueceu a felicidade de Jully e Diego por um minuto, e chamou a atenção deles
pro outro casal que ali formava.
-
Parece que há outro casal aqui na casa!!! – ele riu.
Os
outros olharam curiosos, e ficaram surpresos. Jully riu.
-
Christina... – ela estranhou, pois Christina nada dissera de estar louca por
Joey ou algo parecido.
-
Não sabia, Jully... Não sabia até sexta-feira passada! – ela riu.
-
Então é um casal! – Nieve falou, rindo. Sentiu-se feliz, e pela primeira vez,
sentiu-se da turma.
-
Eu amo vocês!!! - Diego sorriu.
***
Os
amigos já tinham sido enterrados, e até David Willa Ford, professor de Química
da escola secundária de Oxford fora enterrado, no mesmo cemitério deles, no
mesmo dia. A população de Oxford retornava a vida cotidiana.
Justin
saiu logo do hospital. Todos ficaram felizes por ele ter se recuperado tão bem.
Reuniram-se na casa dele para uma pequena festa de boas vindas, e escutaram o
noticiário, calados.
-
Boa noite... O que falaremos aqui não é de todo agrado para a sociedade! Não é
de gosto de nenhum pai de família que confia seu filho nos ensinamentos do
país. Um lugar do Mississippi, onde todos viviam pacificamente num feriado
comum em toda a América, se vê envolto numa noite de terror, sangue e
violência. Um homem, formado em Química em Wales, de 41 anos, professor do
Oxford High School, na cidade de Oxford - Miss., que ensinava a turmas de
jovens saudáveis e divertidos, acabou por cometer um terrível massacre no
próprio colégio onde ensinava. Atraindo os jovens para o colégio num inocente
trote de Halloween, ele os prendeu lá e começou sua armadilha de terror. No
final, 7 mortos. Um deles fora sua filha, Amanda Ford, que fora o motivo da
matança. Amanda descobrira que o assassino era o pai. E por causa disso, tentou
evitar, sendo morta acidentalmente por ele. O fim do professor, autor de todas
as sete mortes, foi o suicídio. Ele pulou do telhado do colégio, onde
encurralou os jovens no fim do massacre, em direção ao chão. Sara Reik,
repórter do Canal 4, de Oxford - Mississippi. – dizia para o mundo.
Mas
não era hora de falar em mortos. Eles desligaram a tevê, e riram dos novos
romances da turma.
***
Luanna
foi deixar Justin na sua cama, o deitando e o cobrindo. Josh estava na sala,
junto com Christina e Joey, se despedindo dos outros. Os pais esperavam seus
filhos para os levarem pra casa, sãos e salvos. Jully já havia ido com Diego e
os pais deles. Os pais de Luanna esperavam-na na sala, conversando com os pais
de Britney e Justin. O casal Owen iria acompanhar os McLean quando fossem
embora.
-
Estou indo... – disse Luanna. - Vê se descansa! Hoje você andou muito! Não
esquece que o médico pediu pra você ficar quieto! Sem esforços... e tome os
remédios!
-
Só você mesmo me lembra de tomar esses remédios... aliás, me dava na boca!!!
Não é justo você me abandonar agora!!! Eu só descanso se você ficar aqui
comigo. – ele disse, segurando na mão dela.
-
Não posso. Queria eu, mas também tenho que ficar com a minha família. Eles
precisam de um tempo comigo! Não foi fácil superar a dor dos outros pais! -
Luanna falava.
-
Tá bom. - ele sorriu. - Tem razão!!! Minha mãe cuida de mim enquanto você não
tá!
-
Quem que você gostou mais!?? Christina & Joey, ou Jully & Diego???
Poderia ter até um Nieve & Josh!!! - Luanna sorriu. Justin sentou na cama,
abraçando-a.
-
Sempre, sempre gostei mais de Justin & Luanna!!!
Luanna
sorriu. Beijou-o e levantou-se, para ir embora.
-
Boa noite, meu amor. - ela falou, na porta.
-
Boa noite, meu amor! - ele repetiu, apagando a luz para dormir.
UM ANO DEPOIS...
O
cemitério não cabia mais de gente. Toda a cidade, na lembrança do crime que
aconteceu no último Halloween, enchia o Cemitério Central de Oxford. Todas as
famílias chegavam, com seus filhos vestidos elegantemente de paletó e gravata,
e as filhas, com longos vestidos pretos. A cidade ficou de luto novamente.
O
diretor do colégio, juntamente com o prefeito da cidade, pessoas importantes da
política, o delegado e jornalistas, preenchiam o palanque montado por Ben Williams
no cemitério. O padre começou a rezar a missa.
Justin
sentou-se próximo ao rio que havia no meio do cemitério. Joey, Diego e Josh
também foram até ele. Jully e Christina estavam com Nieve ouvindo o padre
rezar. Luanna foi ao último túmulo que faltava visitar, o de Britney. Sempre
que podia, ela ia lá, deixava flores e conversava. Os romances novos; a
suspensão do baile de formatura dos meninos em luto aos que morreram naquele
dia; a ida de Josh, Diego e Joey para a faculdade, nos cursos que sempre
sonharam: Josh e Justin na sala de Direito, Joey na sala de Engenharia, e Diego
na de Arquitetura; o medo delas perderem os namorados para Universitárias mais
bonitas; das amigas novas na sala do 3º ano; as metidas que invejavam quando um
repórter vinha perguntar alguma coisa; o yearbook do ano passado, cheio de
mensagens de apoio; a foto mais bonita dela junto a Jessica que saiu numa
homenagem especial na última capa do yearbook de todo estudante do colégio; o
baile daquele ano, que se aproximava, e a faculdade que esperavam entrar, para
ficarem junto dos meninos.
-
Sinto sua falta, Britney Owen... Não sabe quanta!!! – ela disse, lacrimejando.
Justin foi pegá-la.
-
Vem, Lu. A missa acabou e o diretor vai começar o discurso dele. – ele ajudou-a
a se levantar e limpar as lágrimas.
Todos
voltaram ao palanque. Os pais observavam os filhos, nas cadeiras do outro lado,
rezando praqueles que não iam voltar mais. Nieve também estava ao meio daquela
turma. O diretor, enfim, se aproximou e pediu de volta a atenção de todos,
naquele ensolarado dia de homenagens.
-
Há um ano, sete estudantes deixaram sua ausência no nosso colégio. Deixaram
saudades da família e dos amigos. Deixaram a sua vontade de ter um mundo menos
violento e deixaram os seus sonhos, ainda a serem realizados. Ninguém sente
mais isso do que seus familiares. Ninguém vai sentir mais isso do que eles. E
por esta razão, começamos a homenagear aqueles que se foram, pois por eles
devemos manter viva a esperança. A esperança que nós mesmos tivemos enquanto
jovens, mas não realizamos, e passamos para a próxima geração. A mesma geração
desses jovens que aqui rezam nesta tarde.
Melanie
Owen chorou agarrada ao marido, Jamie, que a acalentou junto ao peito. Ginnie e
Paul Harless assentaram a mão sobre a cabeça dela, calorosa e cheia de carinho.
O diretor continuou.
-
O que esperamos do próximo depois daquele dia? Se uma pessoa que se mostrava
normal, capacitada e fiel aos preceitos de ética e moral, demonstrou-se
completamente sem razão? Devemos vingar? Sentir pena, ódio, rancor? Eu sou um
cristão e digo que a melhor maneira é resolvermos isso na fé! Tenham fé, e
continuem sonhando em dias melhores! É nas mãos de Deus que deixamos nossas
vidas! É a Ele, e por Ele que devemos confiar e perdoar! Não peço que sigam
essas palavras, mas as coloquem em seus corações, e verão que é por esse
caminho que conseguiremos o mundo tão sonhado.
Todos
observaram atentos essas belas palavras do diretor. Nenhum aplauso foi dado,
pois não era motivo de aplausos. Todos lembravam tristes ao ver as fotos dos
sete jovens que morreram na noite de 31 de Outubro do ano que passou. Aqueles
que não tiveram festa de formatura, e agora estavam na faculdade, não se
sentiram mal! Pelo contrário, deixaram suas comemorações em luto e respeito
aqueles que se foram. E teria ainda o baile da nova turma do 3º ano. Todos
poderiam comparecer àquela noite especial. O diretor falou, para encerrar seu
discurso:
-
Eu não sou o mais indicado para falar sobre os jovens que se foram. E por isso,
eu queria chamar aqui no palanque a presença de uma das que passaram por aquela
noite. Uma das que sabia e conhecia cada um daqueles que não estão mais aqui. A
estudante do 3º ano do nosso colégio, Luanna McLean, para uma pequena homenagem
a seus amigos.
Todos
observaram Luanna. Ela caminhou, aos olhos de toda a população de Oxford,
vestindo preto, com um pequeno papel na mão. Muitos se perguntaram se o
discurso seria só aquele. Ela chegou ao pedestal, deu a mão ao diretor e ao
prefeito, acenou para o delegado e para os jornalistas, e beijou as mãos do padre
que celebrara a missa e estava ali sentado.
Voltando
ao pedestal, um pouco mais alto que o palanque, começou a falar, virada para
toda a população e todos os estudantes do Oxford High School:
-
Todos vocês que estão aqui presentes hoje souberam da trágica história que
houve aqui em Oxford! - ela começou, falando e olhando para cada pessoa dali. -
Não vai demorar muito para que isso não passe apenas de uma página de um livro,
uma ou outra homenagem numa nota de jornal, lembrando! Mas eu, sobrevivente dela,
posso garantir a qualquer um de vocês que em nossas mentes, nas mentes dos
alunos do Oxford High School... - ela engrossou a voz. – Na mente daqueles que
sobreviveram como eu... Nunca essa história será apagada! Porque não foram
estudantes que morreram, não foram só os filhos da vizinha, ou os primos dos
nossos pais, mas sim, nossos amigos. Pessoas que, de um jeito ou de outro vão
fazer falta em nossas vidas; elas deixaram muita coisa aqui, deixaram muitas
alegrias que ainda iríamos vivenciar, muitos sonhos a realizar, deixaram as
marcas que fizeram nos nossos corações, e, de amigos, não... nós não
esquecemos! - ela mudou a feição do rosto, rude. Agora ela estava iluminada. -
Porque ninguém ria como a Jessica, ninguém contava piadas melhor que o Chris,
ninguém jogava futebol tão bem como o Nick, ninguém fazia o melhor bolo de
chocolate que a Britney. - ela citou os amigos, um por um. Lembrou dos que não
eram amigos. Continuou: - Não conhecia bem os outros... nós não éramos muito
amigos... mas eles também tinham seus grupos... - ela parou. - Eles também eram
amigos de alguém! E acredito que no fundo, nossos também. Não julgamos as
pessoas, porque quando menos esperamos, elas mesmas são quem salvam as nossas
vidas! - ela olhou pra Nieve nessa hora. - Elas que dão a mão quando
precisamos, elas que provocam explosões quando precisamos... - ninguém entendeu
nessa hora, apenas os que estavam no telhado na hora que Amanda entrou. Nieve
derramou uma lágrima, olhando Luanna falar. Ela continuou: - Eles também tinham
sonhos... e suas qualidades mais profundas... e acredito que agora estão em
paz! Esperando que nós fiquemos em paz também! Por isso, decidimos não chorar
mais! Não chorar por aqueles que se foram, lamentando e sofrendo. Sentir
saudades sim! Sempre! Foram pelas pequenas coisas, as pequenas marcas que não
serão apagadas, que não serão substituídas, serão por elas que eles sempre
estarão entre os melhores no nosso coração!!! E pra vocês, meus amigos... – Luanna
dizia, olhando pro céu. – eu trouxe algo. Algo que saiu do fundo do meu
coração, e reflete o que todos vão esquecer um dia nesse mundo violento: a
AMIZADE. A NOSSA amizade.
Todos
escutavam aquilo calados. As mães dos que se foram choravam. Ginnie via no
fundo dos olhos de Luanna que ela lacrimejava de saudades. Christina e Jully
também choravam. Josh, Diego, Joey e Nieve observavam Luanna, abraçados. Justin
estava quieto, atento a tudo o que ela dizia. Ela abriu o pequeno pedaço de
papel, olhou pra todos e leu:
-
“Existe em minha vida memórias que sempre mudam. Alguns mudam para sempre.
Alguns se vão, e alguns ficam. Todas essas memórias significam muito. Como
amantes e amigos que nunca se vão. Eu sei, eu tenho que parar de sofrer e
pensar sobre eles, mas em minha vida, eu amo cada vez mais!” – houve um
silêncio, e Luanna continuou dizendo, agora mais baixo. – Meus amigos, vocês
vão estar sempre em nossas lembranças... Sempre! E nossa amizade será eterna,
pois dependendo de nós... continua... para sempre!!!!” – e todos ali não se
contiveram. Aplaudiram Luanna. Os que choravam aplaudiram, os que estavam
calados aplaudiam.
Ela
desceu do pedestal, foi em direção aos amigos; abraçou Justin. Josh os abraçou,
Joey e Christina também fizeram isso, Diego e Jully também. Todos choraram
naquela roda. Nieve juntou-se a eles, e começou a chorar também.
***
Nick
saiu de cima do cavalo branco, reclamando:
-
Jessica, por que você saiu assim, sem dizer nada? Quer nos matar de susto!!!
-
Psiu, cale-se, Nick! Olha só todo mundo! – Jessy disse, tentando se livrar do
espinho que tinha no vestido longo de seda branca.
-
Ei, galera! – Chris berrou. – Esperem por mim. Onde a Britney se enfiou? Tenho
as rosas que ela pediu!!!
-
Estou aqui! – Britney apareceu, agarrada a Jason, todos vestidos de branco. –
Me dá as rosas...
-
Você fica tão linda com essas florzinhas rosas na cabeça... – Jason dizia para
Britney.
-
Oh, meu amor! Você que fica lindo assim...
-
Me esperem também... – Amanda corria para tentar alcançá-los. – Nunca imaginei
como ficava tão bem de branco!!! - Abraçou-se a Jessica e Nick, que caminhavam
lá na frente, próximo ao cavalo branco que comia a grama verde do cemitério.
-
Nem eu. – Melanie disse. – Chris, querido, me espera, quero ir junto com
você!!!
-
Tudo bem! - Chris sorriu, abraçado a ela.
-
Tá todo mundo aqui? – Nick perguntou.
-
Táááá!!! – a resposta.
-
Manda, Brit! - Jessica sorriu.
Todas
as famílias iam se retirando do local. Mas aquela roda de amigos ainda estava
formada. Luanna calou a todos, apontando para algo que ela avistava na água.
Todos correram para o rio. Estava longe. Luanna disse:
-
Deixa que eu pego.
-
Luanna... – Joey exclamou. Luanna pulou no rio. – É maluca! – terminou a frase.
Luanna
alcançou e trouxe a coisa que estava dentro do rio. Todos olharam pra ela.
Molhada, mas feliz. Justin cobriu-a com a jaqueta que trouxera de casa.
-
São rosas brancas... – ela disse.
-
Tem um cartão. – Jully apontou.
Ela
abriu. Eram oito rosas brancas, com o cartão com a frase “Para Sempre” escrita com tinta brilhante e perfumada. Luanna
sorriu. Todos sorriram.
- Amigos
para sempre!!! – Luanna repetiu.
FIM?
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