>> Hogwarts nostálgica <<
Eu resolvi contar um segredo para vocês.
Minha existência em Hogwarts foi quase que totalmente despercebida, e eu tenho razões para escrever o quase. Enquanto eu me disfarçava da idiota Grifinória (O Chapéu Seletor cometeu muitos erros, esse inclusive), houve um alguém que me notou. Eu vivi um conto de fadas.
Eu resolvi contar um segredo para vocês.
Minha existência em Hogwarts foi quase que totalmente despercebida, e eu tenho razões para escrever o quase. Enquanto eu me disfarçava da idiota Grifinória (O Chapéu Seletor cometeu muitos erros, esse inclusive), houve um alguém que me notou. Eu vivi um conto de fadas.
Um
alguém que, mesmo por trás de óculos de grau, de uma boca que não
falava (acredite, eu nunca falava nada para chamar a atenção para mim...
eu - essa tagarela linda que sou! Pffff...), de cabelos amarelos como
raios de sol, mas que tinham que ser mantidos de forma desordenada para
dar uma idéia de idiotice (não sei quem teve essa idéia, mas anotei no
meu caderninho de capa verde Sonserina)... enfim... alguém de fato
enxergou alem disso, sentou-se ao meu lado, e conversou comigo. Ele era
tímido também, mas bem diferente de mim. Nossa semelhança só se
encontrava aí, porque... você que me acompanha não vai acreditar... ele
era popular.
Tudo
bem que eu achava ele lindo e tudo mais, e que - Oh, Céus - ele deveria
estar louco, bêbado ou drogado, ou tudo ao mesmo tempo, quando me
beijou pela primeira vez. Foi meu primeiro beijo. E - perceba - eu a
loira idiota da Grifinória. Aquela que ninguém percebe. A que fingem não
existir. Ele me beijou. Ele conversou comigo, e me beijou. E eu nem
estava sendo normalmente sedutora e nada... ele gostou de minha timidez,
de minha face enrubecida (oh, céus... eu nem SOU assim realmente). E, o
mais incrível disso é que eu também gostei dele. De fato, ele foi o
primeiro garoto (foram apenas 2, mas enfim... sem contar uma ligeira
paixãozinha por Finningan) que eu amei.
A
morena Sonserina amou. E amou mesmo. Porque ela e a loira são a mesma
pessoa, as características da loira eram apenas camadas, mas o amor não
ficou barrado nessas camadas. Ele atingiu também a sonserina que eu
era/sou.
Enfim,
nosso romancezinho nem pôde ser aberto aos quatro cantos. Ele queria...
queria muuito. Mas eu não podia... não disfarçada... não com segredos.
Mas ele repetia, dizendo que me amava, e que qualquer coisa que eu
tivesse medo era bobagem. Ele havia mudado. Eu estava no meio segundo
ano em Hogwarts, ainda era uma pré-adolescentezinha, e tinha problemas
grandes no meu pensamento naquele ano. Era o ano em que procuravam o
Herdeiro de Slytherin, e o diretor estava seguindo meus passos até
dormindo.
E
ele achava que eu não queria assumir tudo pelo bobo medo de ser tímida
ao extremo. Nosso relacionamento ficou restrito a encontros bobos
secretos, e alguns bons beijos escondidos dos professores a noite. Era
bom... alimentava a alma da sonserina que gostava do perigo. Que ria na
cara do perigo. Eu nunca tive medo de nada.
Ele
ficou chateado porque eu não queria assumir o namoro. Dizia que me
amava, mas nunca ouviu de mim que eu o amava. Doeu vê-lo daquele jeito.
Ele se abria todo para mim, mas eu era muuuito mais do que ele via, e
não podia arriscar nada. Então, nossos encontros diminuíam
relativamente. Até que ele deixou de mandar mensagens, de trazer coisas
de Hogsmead para mim.
Eu
mandei uma coruja antes de saírmos de Hogwarts. Eu, a corajosa
sonserina por dentro, mandei uma coruja me tremendo inteira. Nela
continha palavras terríveis. Eu disse que não tinha interesse nele, que
éramos bons amigos e que não ficávamos juntos porque simplesmente nosso
tempo tinha passado. Era coisa de criança. Foi terrível. Ele não
respondeu.
Chegou
as férias. Ele nunca me visitava, por minha vontade, já que ele queria
muito me ver durante esse tempo. Era sonho dele que nós ficássemos à
vontade, sem os professores rondando os corredores, nem nada. Mas
naquelas férias eu fiquei sem nenhum contado com ele. Sem corujas, sem
encontros no Beco Diagonal, sem nada. Foi horrível, mas eu fiz o que
pude para dizer a mim mesma que tinha sido coisa de criança. Que iria
passar.
Então,
na volta para Hogwarts, onde eu começaria o terceiro ano e ele o
quarto, ele encontrou-se comigo no Expresso de Hogwarts (eu sempre
procurava as cabines vazias, e quase ninguém queria ficar comigo - Boba
grifinória). Aliás, nós nos encontramos por acidente. Senti faíscas de
ódio vindo de seus olhos, mas ele passou em silêncio e foi se sentar com
seus amigos.
Aquele
terceiro ano tinha sido um inferno. Uma busca frenética por Sirius
Black em Hogwarts não ajudou em nada, porque ele - não eu! - tinha que
se trancar na torre por temer os dementadoes. Eu não tinha medo. E então
começamos a nos encontrar pro acidente em quase todos os lugares que eu
ia. E então, sem palavras, ao nos encontrarmos pela 134ª vez nos
corredores, nos beijamos. Sem dizer nada.
Até
me surpreende isso, porque ele não é selvagem como Malfoy, que tem uma
mania de dominação tamanha, que até bate com meu gênio forte. Ele era
diferente de Malfoy. Ele era romântico, cuidadoso, fazia as coisas com
carinho. Confesso que vez ou outra, quando estou com Malfoy, eu vejo ele
me acarinhar sem perceber, e até gosto disso. Mas a surpresa de ser
arrastada para um armário de vassouras para não ser pega por Madame Nora
foi muuuuito boa.
Não
falamos nada. Quanto a sessão no armário acabou (sem sexo, se é isso
que você está pensando, Potter!), saímos sem dizer nada um pro outro. E
aquele terceiro ano ficou daquele jeito. Poucos encontros, mas que
encontros!!! Ninguém dizia nada. Quando alguém tentava falar, o outro
calava com mais beijos (oh...).
Até
que ele falou. Íamos sair de férias, e ele não queria mais passá-las
longe de mim. Era terrível. Tudo voltava. As brigas, as frases de "você
esconde o quê?", "tem medo de quê?", "sua família é assim tão
rigorosa?"... e eu sem ter nada para responder. Uma vontade de abrir o
jogo, contar tudo... mas não podia. Então ele ficou bravo. Quero
dizer... Malfoy me assusta as vezes, mas ver um cara que você julgava
romântico ficar como ele ficou... foi dolorido. E então ele falou:
"Nunca mais vou procurar você". E saiu.
No
começo do quarto ano, eu, que não temia nada, passei a me tremer a cada
momento que o via. Principalmente porque sabia que ele corria perigo.
Os problemas "familiares" foram deixados de lado, porque não havia
motivos. O diretor me deu uma folga e eu pude assistir as demais coisas
que se passavam no castelo. Teve o Torneio Tribruxo, o baile (que apenas
eu, Crabble e Goyle não tivemos par), e assistir ele indo com outra
garota - uma que não escondia nada - até doeu. Achei que minha alma
sonserina iria se revelar fácil, e eu iria esquecer aquilo como sempre
fazia com as feridas doloridas: sem dar pontos, eu fechava-as com cola.
Vê-lo dançar com outra ajudava bastante no processo de pingar a cola.
Posso até comparar com cera de vela quente.
Então
as coisas se apertaram. O diretor tinha lá suas desconfianças, e eu
percebi o perigo que ele corria. Eu tinha tido uma grande decepção.
Tinha sido logo depois da segunda prova do Tribruxo, então achei que ele
já havia esquecido de mim. Me senti uma idiota - quase sempre me sentia
assim como a loira grifinória, mas dessa vez a idiotice tinha atingido a
morena sonserina. Aparentemente minha tristeza foi visível para o
diretor. Então ele me contou. Tinha sido o meu disfarce o problema. Não
sou fã de conselhos, mas segui o conselho do diretor.
Procurei
fazer com que nos encontrássemos num lugar reservado, longe de vigias, e
tudo mais. Mandei uma coruja para ele me encontrar na sala antiga onde o
diretor guardava o espelho de Ojesed. Esperei a noite inteira. Ele não
foi. Mandei nova coruja marcando outro encontro na outra noite. Disse
que queria dizer algo a ele, importante. Esperei a noite inteira. Ele
não foi. Resolvi ser mais clara no próximo bilhete. Disse que contaria a
ele o meu segredo. Era a terceira noite que eu esperava em claro. A
sonserina dentro de mim falou mais alto, e eu fui, enfurecida, até o
quarto de Potter (que deve estar surpreso nesse momento!), roubei a Capa
dele e fui até ele. Depois de o acordar (e tampar sua boca por causa do
susto - e das ameças de gritar), disse a ele:
- Você não quer saber o que eu tenho para dizer?
E ele (depois de descobrir a boca) sussurrou: - Não me interessa mais. Você não me interessa mais... não entende?
E eu - que sou detector de mentiras ambulantes, até porque vivo uma mentira - disse:
- Está mentindo. Por favor, preciso contar a você quem eu sou.
Ele viu (eu relutei, mas não deu) que eu estava chorando em silêncio. Então me acompanhou até a sala do espelho (que não estava lá), em silêncio e se esquivando de três professores vigias e Madame Nora - dei graças a Deus que não encontramos Moody com aquele olho. Ao entrar, falei para ele, na lata.
- Não posso ficar com você porque...
Não posso revelar aqui, é óbvio (Sei que Potter, que é o único que lê isso aqui, já sabe, mas não posso deixar as coisas tão claras assim, é arriscado!). Mas depois que disse a ele, tudo clareou na mente dele. Ele tinha mil coisas para falar, mas seu rosto de surpresa e de compreensão passou para mim algo muito bom. Alguém que me amava e que eu amava me entendia.
Ele me disse: - Então é um disfarce?
Eu balencei a cabeça, e ele nem perguntou como fazia, qual era o feitiço. Não. A única coisa que o cara que eu amava quis saber foi: "Me mostra como você é realmente". Ele estava interessado em me ver. Em saber o que eu tinha por trás das camadas. Ele não se sentiu enganado, traído, preocupado - acredite, se você souber o segredo você também se preocuparia -, ele apenas queria me ver de verdade. ME VER.
Eu comecei: - Olha... normalmente eu não sou tímida, nem quieta, nem idiota, nem grifinória.
Ele me interrompeu: - Isso eu soube logo depois que nos beijamos pela primeira vez.
Aquilo me surpreendeu. Eu nem imaginava que eu havia esquecido o disfarce enquanto estive com ele. Todo esse tempo. Ele continuou:
- Mas quanto a não ser grifinória... eu discordo. - e ia dar um discurso a la Chapéu Seletor quando me escolheu para ser da casa do leão, mas eu interrompi: - Você quer dizer... fisicamente? - e sorri. Sorri porque eu sabia o que viria a seguir. Eu não me acho. Eu sou. É diferente. Soa como falsa modéstia, mas eu encaro como segurança e confiança.
Tirei os óculos, e ele sorriu. Até fez piada sobre Clark Kent - sabe-se lá quem é esse, mas aparentemente o feitiço dele só engana os trouxas. Em seguida, com maestria, pronunciei as palavras, e meus cabelos loiros deram lugar aos perfeitos morenos luminosos, e os olhos verdes simples cintilaram num azul acinzentado. O corpo ganhou forma nas roupas ridículas da grifinória. Até rasgou um pouco na frente (é, a grifinória tem comprimidos como seios).
Quando olhei para ele, a expressão queixo-caído era apelido. Ele se levantou e disse... ou tentou dizer: - ... Ah... quero dizer... você era bonita antes... mas...
Eu não quis soar confiante, então sorri.
- Deus... como você é linda! O feitiço é bom... porém devo dizer que já estou enfeitiçado há muuuito mais tempo.
E me beijou. E fizemos amor pela primeira vez. De ambos. Eu estava no paraíso. Malfoy sempre me perguntou, mas nunca disse a ele essa história. Como sei que não "run danger" que ele leia isso, estou segura. Quero dizer... eu amo o Malfoy, amo com todo o meu ser. É mais forte que eu. Até nem entendo as vezes como posso amar, mas amo. Porém, com o meu primeiro amor, foi... conto de fadas. Ele era perfeito. Se existem almas-gêmeas, a minha era ele.
Era...
Dias depois houve a prova do Labirinto. A última do Tribruxo. Ele entendia o meu segredo. Ele compreendia os motivos. Ele nem sabia do risco que ele corria. Nem eu. Naquela noite Voldemort voltou a andar entre os bruxos. Todos os meus problemas se tornaram piores do que eu imaginava. Havia Potter e seu sangue, e os ossos de Tom Riddle, e Rabicho... Havia um professor falso em Hogwarts, que desconfiou de mim no momento em que aquela coisa girou em minha direção (o olho) e que foi a pessoa responsável por contar da minha existência a Voldemort.
Então Voldemort começou as desconfianças sobre mim. E então passei a viver um quinto ano terrível, escondida, querendo dizer para todos quem eu era. Mas tudo isso era porque eu estava furiosa. Furiosa era apelido. Eu odiava as minhas raízes paternas. A minha parte sonserina - que ainda podia ter um pouco de orgulho disso - que foi atingida pelo amor... essa parte, ficou furiosa porque foi a raiz paterna o responsável pelo fim do conto de fadas. Porque, naquela noite do Torneio, Potter voltou com a pior notícia que o mundo bruxo poderia esperar. Mas para mim, a pior notícia ele carregava nos braços. O corpo dele. Desfalecido. Morto. Assassinado.
Minha coisa com Malfoy surgiu bem depois. Quando ele também começou a me notar realmente. Meio quinto ano foi bem diferente porque, furiosa, passei a não ligar mais para nada. Meus cuidados foram esquecidos. Até me flagraram uma vez (Longbottom, mas ele guardou segredo!). Enfim... eu e Malfoy podemos ser lindos juntos. Nos amamos (apesar dele não falar muito, mas eu sei que ama) e eu sei que casarei com ele, depois de tudo o que passamos! Tivemos nossa própria história, nossa própria aventura, sobrevivemos a ela. Não tive medo de contar a Malfoy sobre meu segredo. Era tudo diferente depois da fatídica noite do Torneio Tribruxo. Porem, Hogwarts foi testemunha do meu conto de fadas. Hogwarts sabia de todos os detalhes e foi testemunha viva de que almas-gêmeas existem. E a minha era Cedrico Diggory.
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