terça-feira, 2 de outubro de 2012

Contos Hogwartianos

>> Hogwarts nostálgica <<

Eu resolvi contar um segredo para vocês.

Minha existência em Hogwarts foi quase que totalmente despercebida, e eu tenho razões para escrever o quase. Enquanto eu me disfarçava da idiota Grifinória (O Chapéu Seletor cometeu muitos erros, esse inclusive), houve um alguém que me notou. Eu vivi um conto de fadas.


Um alguém que, mesmo por trás de óculos de grau, de uma boca que não falava (acredite, eu nunca falava nada para chamar a atenção para mim... eu - essa tagarela linda que sou! Pffff...), de cabelos amarelos como raios de sol, mas que tinham que ser mantidos de forma desordenada para dar uma idéia de idiotice (não sei quem teve essa idéia, mas anotei no meu caderninho de capa verde Sonserina)... enfim... alguém de fato enxergou alem disso, sentou-se ao meu lado, e conversou comigo. Ele era tímido também, mas bem diferente de mim. Nossa semelhança só se encontrava aí, porque... você que me acompanha não vai acreditar... ele era popular.

Tudo bem que eu achava ele lindo e tudo mais, e que - Oh, Céus - ele deveria estar louco, bêbado ou drogado, ou tudo ao mesmo tempo, quando me beijou pela primeira vez. Foi meu primeiro beijo. E - perceba - eu a loira idiota da Grifinória. Aquela que ninguém percebe. A que fingem não existir. Ele me beijou. Ele conversou comigo, e me beijou. E eu nem estava sendo normalmente sedutora e nada... ele gostou de minha timidez, de minha face enrubecida (oh, céus... eu nem SOU assim realmente). E, o mais incrível disso é que eu também gostei dele. De fato, ele foi o primeiro garoto (foram apenas 2, mas enfim... sem contar uma ligeira paixãozinha por Finningan) que eu amei.

A morena Sonserina amou. E amou mesmo. Porque ela e a loira são a mesma pessoa, as características da loira eram apenas camadas, mas o amor não ficou barrado nessas camadas. Ele atingiu também a sonserina que eu era/sou.

Enfim, nosso romancezinho nem pôde ser aberto aos quatro cantos. Ele queria... queria muuito. Mas eu não podia... não disfarçada... não com segredos. Mas ele repetia, dizendo que me amava, e que qualquer coisa que eu tivesse medo era bobagem. Ele havia mudado. Eu estava no meio segundo ano em Hogwarts, ainda era uma pré-adolescentezinha, e tinha problemas grandes no meu pensamento naquele ano. Era o ano em que procuravam o Herdeiro de Slytherin, e o diretor estava seguindo meus passos até dormindo.

E ele achava que eu não queria assumir tudo pelo bobo medo de ser tímida ao extremo. Nosso relacionamento ficou restrito a encontros bobos secretos, e alguns bons beijos escondidos dos professores a noite. Era bom... alimentava a alma da sonserina que gostava do perigo. Que ria na cara do perigo. Eu nunca tive medo de nada.

Ele ficou chateado porque eu não queria assumir o namoro. Dizia que me amava, mas nunca ouviu de mim que eu o amava. Doeu vê-lo daquele jeito. Ele se abria todo para mim, mas eu era muuuito mais do que ele via, e não podia arriscar nada. Então, nossos encontros diminuíam relativamente. Até que ele deixou de mandar mensagens, de trazer coisas de Hogsmead para mim.

Eu mandei uma coruja antes de saírmos de Hogwarts. Eu, a corajosa sonserina por dentro, mandei uma coruja me tremendo inteira. Nela continha palavras terríveis. Eu disse que não tinha interesse nele, que éramos bons amigos e que não ficávamos juntos porque simplesmente nosso tempo tinha passado. Era coisa de criança. Foi terrível. Ele não respondeu.

Chegou as férias. Ele nunca me visitava, por minha vontade, já que ele queria muito me ver durante esse tempo. Era sonho dele que nós ficássemos à vontade, sem os professores rondando os corredores, nem nada. Mas naquelas férias eu fiquei sem nenhum contado com ele. Sem corujas, sem encontros no Beco Diagonal, sem nada. Foi horrível, mas eu fiz o que pude para dizer a mim mesma que tinha sido coisa de criança. Que iria passar.

Então, na volta para Hogwarts, onde eu começaria o terceiro ano e ele o quarto, ele encontrou-se comigo no Expresso de Hogwarts (eu sempre procurava as cabines vazias, e quase ninguém queria ficar comigo - Boba grifinória). Aliás, nós nos encontramos por acidente. Senti faíscas de ódio vindo de seus olhos, mas ele passou em silêncio e foi se sentar com seus amigos.

Aquele terceiro ano tinha sido um inferno. Uma busca frenética por Sirius Black em Hogwarts não ajudou em nada, porque ele - não eu! - tinha que se trancar na torre por temer os dementadoes. Eu não tinha medo. E então começamos a nos encontrar pro acidente em quase todos os lugares que eu ia. E então, sem palavras, ao nos encontrarmos pela 134ª vez nos corredores, nos beijamos. Sem dizer nada.

Até me surpreende isso, porque ele não é selvagem como Malfoy, que tem uma mania de dominação tamanha, que até bate com meu gênio forte. Ele era diferente de Malfoy. Ele era romântico, cuidadoso, fazia as coisas com carinho. Confesso que vez ou outra, quando estou com Malfoy, eu vejo ele me acarinhar sem perceber, e até gosto disso. Mas a surpresa de ser arrastada para um armário de vassouras para não ser pega por Madame Nora foi muuuuito boa.

Não falamos nada. Quanto a sessão no armário acabou (sem sexo, se é isso que você está pensando, Potter!), saímos sem dizer nada um pro outro. E aquele terceiro ano ficou daquele jeito. Poucos encontros, mas que encontros!!! Ninguém dizia nada. Quando alguém tentava falar, o outro calava com mais beijos (oh...).

Até que ele falou. Íamos sair de férias, e ele não queria mais passá-las longe de mim. Era terrível. Tudo voltava. As brigas, as frases de "você esconde o quê?", "tem medo de quê?", "sua família é assim tão rigorosa?"... e eu sem ter nada para responder. Uma vontade de abrir o jogo, contar tudo... mas não podia. Então ele ficou bravo. Quero dizer... Malfoy me assusta as vezes, mas ver um cara que você julgava romântico ficar como ele ficou... foi dolorido. E então ele falou: "Nunca mais vou procurar você". E saiu.

No começo do quarto ano, eu, que não temia nada, passei a me tremer a cada momento que o via. Principalmente porque sabia que ele corria perigo. Os problemas "familiares" foram deixados de lado, porque não havia motivos. O diretor me deu uma folga e eu pude assistir as demais coisas que se passavam no castelo. Teve o Torneio Tribruxo, o baile (que apenas eu, Crabble e Goyle não tivemos par), e assistir ele indo com outra garota - uma que não escondia nada - até doeu. Achei que minha alma sonserina iria se revelar fácil, e eu iria esquecer aquilo como sempre fazia com as feridas doloridas: sem dar pontos, eu fechava-as com cola. Vê-lo dançar com outra ajudava bastante no processo de pingar a cola. Posso até comparar com cera de vela quente.

Então as coisas se apertaram. O diretor tinha lá suas desconfianças, e eu percebi o perigo que ele corria. Eu tinha tido uma grande decepção. Tinha sido logo depois da segunda prova do Tribruxo, então achei que ele já havia esquecido de mim. Me senti uma idiota - quase sempre me sentia assim como a loira grifinória, mas dessa vez a idiotice tinha atingido a morena sonserina. Aparentemente minha tristeza foi visível para o diretor. Então ele me contou. Tinha sido o meu disfarce o problema. Não sou fã de conselhos, mas segui o conselho do diretor.

Procurei fazer com que nos encontrássemos num lugar reservado, longe de vigias, e tudo mais. Mandei uma coruja para ele me encontrar na sala antiga onde o diretor guardava o espelho de Ojesed. Esperei a noite inteira. Ele não foi. Mandei nova coruja marcando outro encontro na outra noite. Disse que queria dizer algo a ele, importante. Esperei a noite inteira. Ele não foi. Resolvi ser mais clara no próximo bilhete. Disse que contaria a ele o meu segredo. Era a terceira noite que eu esperava em claro. A sonserina dentro de mim falou mais alto, e eu fui, enfurecida, até o quarto de Potter (que deve estar surpreso nesse momento!), roubei a Capa dele e fui até ele. Depois de o acordar (e tampar sua boca por causa do susto - e das ameças de gritar), disse a ele:

- Você não quer saber o que eu tenho para dizer?

E ele (depois de descobrir a boca) sussurrou: - Não me interessa mais. Você não me interessa mais... não entende?
E eu - que sou detector de mentiras ambulantes, até porque vivo uma mentira - disse:
 
- Está mentindo. Por favor, preciso contar a você quem eu sou.

Ele viu (eu relutei, mas não deu) que eu estava chorando em silêncio. Então me acompanhou até a sala do espelho (que não estava lá), em silêncio e se esquivando de três professores vigias e Madame Nora - dei graças a Deus que não encontramos Moody com aquele olho. Ao entrar, falei para ele, na lata.
 
- Não posso ficar com você porque...

Não posso revelar aqui, é óbvio (Sei que Potter, que é o único que lê isso aqui, já sabe, mas não posso deixar as coisas tão claras assim, é arriscado!). Mas depois que disse a ele, tudo clareou na mente dele. Ele tinha mil coisas para falar, mas seu rosto de surpresa e de compreensão passou para mim algo muito bom. Alguém que me amava e que eu amava me entendia.

Ele me disse: - Então é um disfarce?

Eu balencei a cabeça, e ele nem perguntou como fazia, qual era o feitiço. Não. A única coisa que o cara que eu amava quis saber foi: "Me mostra como você é realmente". Ele estava interessado em me ver. Em saber o que eu tinha por trás das camadas. Ele não se sentiu enganado, traído, preocupado - acredite, se você souber o segredo você também se preocuparia -, ele apenas queria me ver de verdade. ME VER.

Eu comecei: - Olha... normalmente eu não sou tímida, nem quieta, nem idiota, nem grifinória.
Ele me interrompeu: - Isso eu soube logo depois que nos beijamos pela primeira vez.

Aquilo me surpreendeu. Eu nem imaginava que eu havia esquecido o disfarce enquanto estive com ele. Todo esse tempo. Ele continuou:
- Mas quanto a não ser grifinória... eu discordo. - e ia dar um discurso a la Chapéu Seletor quando me escolheu para ser da casa do leão, mas eu interrompi: - Você quer dizer... fisicamente? - e sorri. Sorri porque eu sabia o que viria a seguir. Eu não me acho. Eu sou. É diferente. Soa como falsa modéstia, mas eu encaro como segurança e confiança.

Tirei os óculos, e ele sorriu. Até fez piada sobre Clark Kent - sabe-se lá quem é esse, mas aparentemente o feitiço dele só engana os trouxas. Em seguida, com maestria, pronunciei as palavras, e meus cabelos loiros deram lugar aos perfeitos morenos luminosos, e os olhos verdes simples cintilaram num azul acinzentado. O corpo ganhou forma nas roupas ridículas da grifinória. Até rasgou um pouco na frente (é, a grifinória tem comprimidos como seios).

Quando olhei para ele, a expressão queixo-caído era apelido. Ele se levantou e disse... ou tentou dizer: - ... Ah... quero dizer... você era bonita antes... mas...
Eu não quis soar confiante, então sorri.
- Deus... como você é linda! O feitiço é bom... porém devo dizer que já estou enfeitiçado há muuuito mais tempo.

E me beijou. E fizemos amor pela primeira vez. De ambos. Eu estava no paraíso. Malfoy sempre me perguntou, mas nunca disse a ele essa história. Como sei que não "run danger" que ele leia isso, estou segura. Quero dizer... eu amo o Malfoy, amo com todo o meu ser. É mais forte que eu. Até nem entendo as vezes como posso amar, mas amo. Porém, com o meu primeiro amor, foi... conto de fadas. Ele era perfeito. Se existem almas-gêmeas, a minha era ele.

Era...

Dias depois houve a prova do Labirinto. A última do Tribruxo. Ele entendia o meu segredo. Ele compreendia os motivos. Ele nem sabia do risco que ele corria. Nem eu. Naquela noite Voldemort voltou a andar entre os bruxos. Todos os meus problemas se tornaram piores do que eu imaginava. Havia Potter e seu sangue, e os ossos de Tom Riddle, e Rabicho... Havia um professor falso em Hogwarts, que desconfiou de mim no momento em que aquela coisa girou em minha direção (o olho) e que foi a pessoa responsável por contar da minha existência a Voldemort.

Então Voldemort começou as desconfianças sobre mim. E então passei a viver um quinto ano terrível, escondida, querendo dizer para todos quem eu era. Mas tudo isso era porque eu estava furiosa. Furiosa era apelido. Eu odiava as minhas raízes paternas. A minha parte sonserina - que ainda podia ter um pouco de orgulho disso - que foi atingida pelo amor... essa parte, ficou furiosa porque foi a raiz paterna o responsável pelo fim do conto de fadas. Porque, naquela noite do Torneio, Potter voltou com a pior notícia que o mundo bruxo poderia esperar. Mas para mim, a pior notícia ele carregava nos braços. O corpo dele. Desfalecido. Morto. Assassinado.

Minha coisa com Malfoy surgiu bem depois. Quando ele também começou a me notar realmente. Meio quinto ano foi bem diferente porque, furiosa, passei a não ligar mais para nada. Meus cuidados foram esquecidos. Até me flagraram uma vez (Longbottom, mas ele guardou segredo!). Enfim... eu e Malfoy podemos ser lindos juntos. Nos amamos (apesar dele não falar muito, mas eu sei que ama) e eu sei que casarei com ele, depois de tudo o que passamos! Tivemos nossa própria história, nossa própria aventura, sobrevivemos a ela. Não tive medo de contar a Malfoy sobre meu segredo. Era tudo diferente depois da fatídica noite do Torneio Tribruxo. Porem, Hogwarts foi testemunha do meu conto de fadas. Hogwarts sabia de todos os detalhes e foi testemunha viva de que almas-gêmeas existem. E a minha era Cedrico Diggory.

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